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Somos uma família católica, abençoada com seis filhos na Terra e um no Céu. Procuramos viver a fé com simplicidade e generosidade. Queremos partilhar com outras famílias a alegria de sermos Igreja Doméstica na grande família da Igreja Católica.
No sábado e no domingo passados, a nossa paróquia celebrou a sua fé numa grande festa, que envolveu pequenos e grandes.
As festas da catequese são, na nossa paróquia, vividas por toda a paróquia e todos os grupos de catequese em conjunto. Assim também a chamada Profissão de Fé, que nós celebramos com solenidade nestes dias.
No sábado, convidámos S. Sebastião, esse grande mártir cristão, numa procissão simbólica pelas ruas da aldeia, para vir celebrar connosco. Entre cânticos e mistérios do rosário, as crianças da catequese e os seus pais trouxeram o andor da sua capela até ao santuário:
Depois, no santuário, o grupo de crianças que se prepara para a primeira comunhão - entre os quais o David - fez-nos um belíssimo ensinamento sobre o Papa Francisco. A Carla, a catequista, escreveu o texto, depois de ler muito sobre a vida do nosso querido papa, e o João, o catequista da Lúcia, vestiu-se de branco. Os meninos da primeira comunhão fizeram então uma visita imaginária ao vaticano e estavam carregados de perguntas!
Entretanto, os grupos de catequese juvenis e de preparação para o crisma fizeram a sua reflexão numa outra capela da nossa aldeia: a capela de S. Mateus, onde se venera Santo Amaro. Também ele foi "convidado" para celebrar connosco a fé cristã! Numa caminhada pontuada com oração e cânticos, os jovens trouxeram o andor de Santo Amaro até ao santuário.
No domingo, na missa, fizemos então a nossa profissão de fé. Os andores de S. Sebastião e de Santo Amaro recordavam-nos que vale a pena viver e morrer por Jesus:
Depois, ao rezarmos o nosso credo, professando a nossa fé, todos acendemos as velas baptismais:
Que significa, no mundo de hoje, professar a nossa fé? Que significa realmente dizer "Eu sou Cristão"?
Para muitas famílias das nossas paróquias, infelizmente, ainda não significa muito. Foram muitas as ausências nesta grande festa, talvez porque estava a chover, ou porque a missa foi antecipada meia hora e é difícil levantar cedo ao domingo depois de uma semana inteira de trabalho duro; ou talvez - e esta doi mais... - porque o nosso - o meu - testemunho de crentes ainda não é suficientemente contagiante.
Que significa realmente dizer "Eu sou Cristão"?
Para muitas famílias por esse mundo fora, significa arriscar a vida, como S. Sebastião; significa arriscar ser preso e viver pobre, ver os seus filhos morrer, perder a casa e os bens. Nunca é demais lembrar os milhares de irmãos nossos perseguidos e assassinados nos dias de hoje!
E para mim? Que significado tem acender a vela do meu baptismo e professar o meu Credo?
Faço-me cada vez com mais frequência esta pergunta. Serei verdadeiramente cristã, nos meus gestos, na minha forma de viver, na educação que dou aos meus filhos? Saberei realmente renunciar a cada dia ao meu conforto, aos meus interesses, à minha vaidade e ao meu amor-próprio, para seguir Aquele que deu a vida por mim?
"Vim trazer o fogo à terra, e que ânsias até que ele se ateie!"
(Lc 12, 50)
Será a chama da minha vela suficientemente forte, para atear à minha volta este fogo luminoso de amor?...
Hora de jantar. Depois de conseguir acalmar algumas birras, tirar o garfo da Lúcia da mão da Sara, expulsar a Bella da cozinha, ajudar o Francisco e a Clarinha a decidir quem vai lavar a loiça e assegurar o António que quem não quer a sopa também não come mais nada, finalmente houve dez segundos de silêncio. Aproveitei para perguntar:
- Alguém sabe por que razão levámos as velas do baptismo para a missa ontem?
- Porque a minha lanterna está estragada.
- Que disparate, António! Porque era a Festa da Fé.
- Sim, David, e o que é que a fé tem a ver com luz?
- A luz é Jesus escondido.
- Sim, Lúcia, Jesus é a luz. E o baptismo? O que é o baptismo?
- Torna-nos filhos de Deus, não é, mãe?
- A Clarinha tem razão. O baptismo faz de nós fillhos de Deus. Quando somos baptizados, passamos a caminhar na luz de Jesus! E onde acendemos nós as velas?
- Na vela grande!
- Nas velas uns dos outros!
- Na tua vela!
- Pois é, a fé é um dom que recebemos de Deus, através da sua Igreja. Os pais oferecem este dom aos seus filhos, quando pedem o baptismo para eles. E os filhos irão passar este dom aos seus filhos também! Tal como passámos a luz na igreja, de vela em vela.
O baptismo faz de nós filhos de Deus. Talvez estejamos tão habituados a esta afirmação - somos filhos de Deus - que perdemos a capacidade de deslumbramento. Mas se nos detivermos alguns minutos a pensar no que significa isto de ser filho de Deus, não poderemos deixar de ficar profundamente emocionados... Diz S. João:
"Vede que amor tão grande o Pai nos concedeu, a ponto de nos podermos chamar filhos de Deus; e somo-lo de facto!" (1Jo 3, 1)
Mas se Deus é nosso Pai, quem nos "dá à luz", no sacramento do baptismo, é a Igreja, esposa de Cristo! Assim, a relação dos baptizados com a Igreja não é a relação de alguém com o seu clube de futebol ou o seu partido político. É antes a relação de um filho com a sua mãe. Pertencer à Igreja é pertencer a uma família cheia de problemas, cheia de dificuldades - mas acima de tudo, cheia de amor. E como qualquer família, pode ter todos os defeitos do mundo, mas é a nossa!
Não esperemos que os nossos filhos cresçam para decidirem por eles receber o baptismo. Se esperarmos, estamos a roubar-lhes este sentido natural de pertença a uma família que não se escolhe, mas se descobre.
O sacramento do baptismo não precisa de ser uma escolha pessoal. É antes um dom totalmente imerecido, gratuito, generoso, como o dom da vida. Não precisamos de pedir para ser baptizados, como não precisámos de pedir para nascer. Nascemos porque alguém escolheu por nós, somos baptizados porque alguém decidiu por nós. Tenhamos a ousadia de decidir também pelos nossos filhos. Eles têm direito a crescer na Igreja como filhos e não como visitantes. Eles têm direito a experimentar a gratuidade absoluta do amor de Deus, que S. João descreveu assim:
"Nisto consiste o amor: não fomos nós que amámos a Deus, foi Deus que nos amou primeiro." (1Jo 4, 10)
No baptismo, os nossos pais acendem a nossa pequenina vela no círio pascal, símbolo de Cristo. E depois, ao longo da infância, colocam-nos a vela na mãos e ajudam-nos a segurá-la. Pouco a pouco, aprendemos a acender outras velas com a luz da nossa. E um dia chega a nossa vez de escolher, para os nossos filhos, a família de Jesus como sua própria família. Um bela escolha de amor!
Ontem, na nossa paróquia, foi dia da Festa da Fé. Há alguns anos que celebramos a tradicional "Profissão de Fé" com toda a comunidade, e não apenas com um grupo de catequese.Todos precisamos de renovar a nossa fé de forma solene, pelo menos uma vez por ano!
Adultos, jovens e crianças trazem para a missa a sua vela do baptismo, e enquanto rezamos o Credo, todos nos dirigimos ao altar, para acender a nossa vela no círio pascal. Não precisamos de fazer fila, antes caminhamos para o altar com o mesmo passo com que caminhamos na vida, sem ordem nem ritmo. É um momento muito bonito da missa, e o altar enche-se de gente que sobe e desce, que acende a sua vela e, com ela na mão, vai acender as dos seus filhos, dos seus pais, dos seus amigos, ou dos estranhos que, em Jesus, fazem parte da nossa família.
De manhã foi uma grande atrapalhação, para conseguirmos reunir as seis velas de baptismo das crianças. Precisámos de uma pequena mochila para as transportar todas, pois algumas são bem grandes! Depois, na missa, de vela na mão, eles correram alegremente para o altar e espalharam a sua luz por todo o lado:
Uma família cristã define-se em primeiro lugar por ser uma família de baptizados. Nas suas catequeses de quarta-feira, o papa Francisco tem falado nos sacramentos. E recordou algo tão simples como isto: "Não é a mesma coisa um bebé ser baptizado ou não." Realmente, se fosse a mesma coisa, para quê baptizar alguém?
Fico a pensar: quantos cristãos acreditarão realmente no poder do baptismo? Quantos acreditarão que o baptismo muda tudo na nossa vida? Na vida dos nossos bebés tão pequeninos? Ao subir aos céus, Jesus ordenou aos discípulos:
"Ide por todo o mundo e baptizai em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo". (Mt 28, 19-20)
O santo padre tem mostrado, com os seus gestos, que o baptismo não se recusa a ninguém, pois a ordem de Jesus não tem fronteiras de qualquer espécie. Todos os que são chamados à vida são chamados ao baptismo, sejam filhos de mães solteiras ou de pais que ainda não estão casados pela Igreja. Não podemos deixar de baptizar um filho porque não temos dinheiro para a festa ou porque não conseguimos reunir todos os amigos que desejamos. Não transformemos o baptismo num acontecimento social, pois ele é divino. É preciso ter pressa em pedir o baptismo para os nossos filhos! Ou então não acreditamos verdadeiramente nele...