Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]


Obrigado, meu Deus, porque me criaste!

por Teresa Power, em 03.11.14

- Mamã, quem está nesta foto aqui na parede?

- Sou eu, António. É a mamã, quando a mamã era pequenina.

- Tu já foste pequenina?

- Já, claro!

Silêncio...

- E quem tomava conta de nós quando tu eras pequenina?

- ???????????

 

As crianças não conseguem imaginar que houve um tempo em que elas não existiam. E ainda conseguem menos imaginar que haverá um tempo em que deixarão de existir... A verdade é que elas têm razão: existimos desde sempre no pensamento de Deus, como diz S. Paulo:

 

"Ele nos escolheu, em Cristo, antes da fundação do mundo, para sermos santos..." (Ef 1, 4)

 

E existimos para sempre, não na Terra, mas no Coração do próprio Deus:

 

"Nem olho viu, nem ouvido ouviu, nem o coração do homem pressentiu, isso que Deus preparou para aqueles que O amam." (1Cor 2, 9)

 

Ontem, dia dos Fiéis Defuntos, foi dia de profunda oração na Igreja, e todos fomos convidados a unir os nossos corações aos dos nossos familiares e amigos que existiram antes de nós e continuam a existir no abraço de Deus. Na missa, escutámos:

 

"Job respondeu, dizendo: «Quem me dera que as minhas palavras se escrevessem e se consignassem num livro, ou ficassem gravadas em chumbo com estilete de ferro, ou se esculpissem na pedra para sempre! Eu sei que o meu Redentor vive e prevalecerá, por fim, sobre o pó da terra; e depois de a minha pele se desprender da carne, na minha própria carne verei a Deus. Eu mesmo O verei, os meus olhos e não outros O hão-de contemplar!»" (Jb 19, 23-27)

 

Nos túmulos dos nossos familiares já falecidos, junto dos quais muitos celebraram a Eucaristia,  encontramos palavras gravadas a estilete de ferro ou esculpidas na pedra. Nos nossos corações, ecoam palavras também... Que palavras são essas? São palavras que afirmam a nossa fé na ressurreição, como as palavras de Job? Ou são palavras de desespero e tristeza, palavras pagãs de quem está preso ao pó, à terra, à pele que se desprende da carne?

Nos túmulos brancos dos nossos familiares, restam apenas uma pedra e um tributo. Porque a grande verdade é que os seus olhos - e não outros - contemplam já as maravilhas de Deus... 

 

 

O Tomás, acreditamos, contempla a glória do Senhor deste o instante da sua morte. No seu túmulo branco está gravada uma oração de acção de graças. É a mesma oração que rezámos no dia do nosso casamento e no baptismo de cada um dos nossos filhos. É a mesma oração que está gravada nas nossas almas e nas nossas vidas, no mais profundo da nossa família, para sempre. É a oração que Santa Clara rezou momentos antes de morrer:

 

"Obrigado, meu Deus, porque me criaste!"

Túmulo do Tomás.jpg

Ámen!

 

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 06:33



subscrever feeds


livros escritos pela mãe

Os Mistérios da Fé
NOVO - Volume III

Volumes I e II


Posts mais comentados


Pesquisa

Pesquisar no Blog  


Arquivos

  1. 2016
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2015
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2014
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2013
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D