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Arder e iluminar

por Teresa Power, em 23.05.15

Em Viana, ouvimos pela primeira vez falar no Bem-aventurado Frei Bartolomeu dos Mártires. Sim, somos muito ignorantes ainda! Não sabíamos nada sobre a vida extraordinária deste santo português, nascido há quinhentos anos atrás. Foi preciso ir a Viana e participar na eucaristia no convento de S. Domingos para ficar a conhecer este grande homem. O padre Vasco Gonçalves teve a gentileza de nos oferecer algumas lembranças depois do nosso encontro com os pais da catequese familiar, e entre elas, um livro sobre este santo.

Frei Bartolomeu nasceu em Lisboa em 1514 e entrou na Ordem Dominicana em 1528. Foi professor e foi Prior de conventos, tornando-se depois Arcebispo de Braga. Deu um contributo enorme para as reformas da Igreja no seu tempo, insistindo sobretudo em dois pontos tão queridos ao nosso Papa Francisco: a proximidade dos Pastores para com o seu povo, e a simplicidade do clero.

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           (Eucaristia paroquial no convento de S. Domingos)

 

 Ontem, o Niall partiu de viagem. Como costume, ao chegar ao aeroporto, telefonou-me. Eu sei que é difícil de acreditar, mas a verdade é que, de todos os temas possíveis e imaginários, a nossa conversa foi sobre... Frei Bartolomeu dos Mártires!

- Teresa, acabo de ler um bocadinho do livro que o padre Vasco nos deu - Disse-me ele ao telemóvel. O Niall aproveita sempre as viagens ao estrangeiro para pôr a leitura em dia.

- E então? O que descobriste?

- Escuta só o lema deste santo: "Arder e iluminar"! Imagina tu! Que bonito!

- Arder e iluminar?

- Sim. Diz aqui que Frei Bartolomeu gostava muito da figura de João Batista, que foi uma grande testemunha de Jesus. Jesus dizia que João era uma "lâmpada ardente e luminosa" (Jo 5, 35). A luz, para iluminar, tem de arder, tem de se deixar consumir... Dizia João Batista:

 

"É preciso que Ele cresça e eu diminua." (Jo 3, 30)

 

- Que bonito, Niall! É isso mesmo que precisamos de fazer na nossa vida. Para que a luz de Jesus brilhe em nós, temos de deixar que o seu fogo nos queime todas as impurezas...

- E não podemos ter medo ao trabalho, ao sofrimento, à renúncia, à entrega. Temos de levar a nossa missão até ao fim, como João Batista. Como Frei Bartolomeu. Arder e iluminar.

- Sim. Se não arder, não ilumina! Como podemos iluminar os outros sem morrer para nós mesmos?

- Bem, está na hora do meu voo. Se quiseres, escreve um post sobre isto!

- Olha que escrevo mesmo!

Aqui fica ele! Amanhã é Dia de Pentecostes. O fogo de Deus vai descer, vai consumir, vai queimar, vai purificar, vai transformar, e finalmente, vai iluminar... Não fujamos com o pavio da nossa vida! Deixemos que Ele venha e que incendeie o nosso coração.

Hoje, de forma solene, rezaremos esta oração que vos propus como novena há um ano atrás: novena do pentecostes

Rezem-na connosco também! E que o Espírito Santo nos faça fiéis ao lema do Frei Bartolomeu: Arder e iluminar. Ámen!

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publicado às 06:24

Madeira verde

por Teresa Power, em 31.01.15

O frio que se tem feito sentir neste inverno obrigou-nos a comprar mais dois metros de lenha, pois durante o fim-de-semana, é preciso manter a lareira acesa durante todo o dia. Contudo, a lenha que comprámos nesta segunda leva não tem a qualidade da primeira: está verde, cheia de água, assobiando na lareira quando tentamos acender o lume. Que difícil que é fazer arder lenha verde! Acendalha após acendalha, fósforo após fósforo, e o fogo não se ateia. Que desilusão! Chegar a casa ao fim do dia e ter de me concentrar na lareira, enquanto tantas outras coisas - e pessoas - precisam da minha atenção, é desesperante!

- Tu consegues, mamã, força! - Animam-me os mais novos, a meu lado, estendendo-me pequenas achas. E depois dizem uma frase muito simpática: - Se cá estivesse o papá, já tinha conseguido!

Mas o pai só chega perto da hora do jantar, e entretanto é preciso aquecer a sala. Finalmente, com o fogo aceso, escutando a água a evaporar-se lentamente da lenha a arder, deixo-me cair ao lado da lareira com a Sara ao colo. E fico a pensar naquela belíssima e épica passagem do profeta Elias: reunindo todo o povo, Elias preparou um altar de pedra, colocou nele a lenha e sobre esta, o animal para o sacrifício. Depois, fez um sulco a toda a volta do altar, derramando nele doze talhas de água, que fizeram transbordar o sulco. Como podia o fogo atear-se sobre um altar encharcado assim?

 

“À hora do sacrifício, o profeta Elias aproximou-se, dizendo: ‘Senhor, Deus de Abraão, de Isaac e de Israel, mostra hoje que és Tu o Deus em Israel, que eu sou o teu servo; às tuas ordens é que eu fiz tudo isto. Responde-me, Senhor, responde-me! Que este povo reconheça que Tu, Senhor, é que és o Deus, aquele que converte os corações.’ De repente, o fogo do Senhor caiu do céu e consumiu o holocausto, a lenha, as pedras, a lama e até mesmo a própria água do sulco.” (1Rs 18, 36-38)

 

Uma leitora muito querida do blogue enviou-me o mail, falando-me do seu esforço vão em procurar crescer na fé. Já abrira a Bíblia várias vezes, já procurara contar as histórias da Bíblia à filha mais velha, de seis aninhos, e vira-se incapaz de lhe responder às suas mais elementares perguntas infantis. "Não vale a pena!" Dizia-me ela.

Quando nos descobrimos lenha verde, achamos que nunca vamos conseguir "pegar fogo", não importa o quanto nos esforcemos. Mas a boa notícia é que, a Deus, nada é impossível, e a história do profeta Elias prova-o bem! Não foi a qualidade da lenha, muito menos toda a porcaria e toda a lama que a rodeava, que fez atear o fogo, mas tão somente a graça divina, que sempre se sente atraída por tudo o que é fraco, pobre, pequeno e mal cheiroso.

Eu também sou lenha verde, encharcada de pecado, de vaidade, de orgulho, de ignorância, de respeitos humanos. Sozinha, nunca conseguirei atear em mim o fogo do Senhor... No entanto, se eu perseverar em oração, como Elias, se eu me ajoelhar e suplicar ao Senhor que converta o meu coração, que me responda, que faça descer sobre mim o seu fogo, então verei como num instante, tudo será consumido - o holocausto, a lenha, as pedras, a lama e até a própria água do sulco...

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publicado às 06:30

Pulseiras, cromos, cubos - e o fogo de Jesus

por Teresa Power, em 21.05.14

É impressionante a rapidez e eficácia com que as diferentes modas de brincadeiras infantis pegam! Cromos, cubos mágicos, pulseiras de elásticos... Um dia, os nossos filhos ouvem falar que os primos de Barcelona fazem pulseiras de elásticos; no dia seguinte, são eles que chegam a casa com a ordem: "Tens de comprar uma caixa de elásticos para eu fazer pulseiras! Toda a escola tem, menos eu!"

 

 

 

Qual é o segredo? Qual será a técnica? Acho que nem Jesus conhece... Ele também comentou:

 

"Vim trazer o fogo à Terra, e que ânsias enquanto ele não se ateia!" (Lc 12, 49)

 

Há dois mil anos que Jesus morreu por nós, há dois mil anos que os Apóstolos pregaram a sua ressurreição, e o fogo ainda não alastrou pelo globo inteiro! Muitos cristãos sentem a solidão de viverem sozinhos a fé em Jesus. Quantos de vocês já me escreveram para o mail ou deixaram um comentário a desabafar a dificuldade de viver a fé num mundo hostil! A sociedade onde nos inserimos parece madeira molhada, que nada consegue incendiar. Vale-nos o domingo, o dia da comunidade, que Jesus instituiu já a pensar na necessidade que temos de partilhar a nossa fé, a nossa alegria e a nossa esperança.

Mas às vezes precisamos de mais. Precisamos de nos contagiar uns aos outros com "modas" cristãs, aprendendo com as crianças esta capacidade fantástica de passar o "facho olímpico" de escola para escola, de terra para terra. É um pouco o que este blogue pretende fazer! Que a "moda" - com dois mil anos - de levar a Palavra de Deus à vida e a vida à Palavra de Deus possa tocar as nossas vidas e atear em nós o Fogo de Jesus!

Mas ainda temos outra forma de provocar um incêndio divino: encontrarmo-nos, vindos de vários lugares, de vários percursos de vida, de várias vivências, para juntos partilharmos o amor de Jesus. Depois, com o coração em chamas, poderemos incendiar a nossa vida e a vida de quantos nos rodeiam...

É este o desafio do retiro que vos propomos. Já se inscreveram?...

 

 

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publicado às 06:50



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