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Santa Pressa Pascal

por Teresa Power, em 28.03.16

- Meninos, depressa, saltem da cama! Já se ouvem os sinos! Depressa!

Os mais novos já estão a pé, mas os mais velhos, que vieram da Vigília Pascal de madrugada, ainda esfregam os olhos com sono. Isto da hora adiantar na manhã de Páscoa não está certo!

Ou estará? Afinal, a Páscoa judaica era uma refeição apressada, como nos conta o Livro do Êxodo:

 

"Comê-la-eis desta maneira: os rins cingidos e o cajado na mão. Comê-la-eis à pressa. É a Páscoa em honra do Senhor." (Ex 12, 11)

 

Uma das mensagens que me ficou do vídeo-testemunho dos cristãos perseguidos foi mesmo a pressa - a pressa com que os cristãos perseguidos se santificam, sabendo que a morte os espreita a cada esquina; a pressa com que o cristianismo precisa de ser vivido, se o quisermos viver a sério... A pressa que levou Maria a casa de Isabel, a pressa que levou as santas mulheres ao sepulcro ao romper da aurora, a pressa que fez João e Pedro correr ao despique à notícia da ressurreição. A mensagem do Evangelho não espera. Se a quisermos viver, tem de ser agora, tem de ser com intensidade, tem de ser com pressa.

 

Os meus filhos saltaram da cama, bocejando, vestiram-se rapidamente e correram para a porta da casa. A cruz do Senhor surgiu no horizonte e, juntos, começámos a entoar aleluias jubilosos...

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Que a Páscoa do Senhor nos encontre com os rins cingidos e o cajado na mão!

Que a Páscoa do Senhor nos tire da cama dos nossos confortos e nos lance na rua, para cantarmos aleluias junto dos irmãos!

Que a Páscoa do Senhor nos faça partir em missão, jubilosos, cheios de santa pressa, como testemunhas da Vida e do Amor!

Aleluia! Aleluia!

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publicado às 06:00

Ainda que a mãe se esqueça

por Teresa Power, em 05.10.15

Quartas-feiras são o meu dia de motorista. Aliás, só me falta o chapéu a condizer! Já assim era o ano passado, pois às quartas-feiras à tarde, não há aulas no colégio nem no meu agrupamento de escolas para o terceiro ciclo e secundário, e a primária termina às três horas. De acordo com as minhas contas, eu fazia, no ano passado, seis vezes o percurso, ida e volta, casa / escola ou casa /colégio dos meninos. Este ano, as contas não são muito diferentes, e ainda estou em processo de adaptação a horários, meus e deles. A adaptação nem sempre é fácil, e a prova "vergonhosa" é a história que vos vou contar...

Quarta-feira. O Francisco veio para casa de bicicleta - depois da peregrinação a Santiago de Compostela, não há distâncias para ele - e eu chego uma hora mais tarde, para almoçarmos juntos. Depois de conversarmos um bocado e arrumarmos a cozinha, sento-me diante do computador para aprovar alguns comentários e para preparar as minhas aulas do dia seguinte, antes de interromper para estender uma máquina de roupa. Olho para o relógio: são duas e um quarto, e às três horas devo ir buscar o David e a Lúcia; às quatro, o António e a Sara; depois, levar a Clarinha à explicação de Matemática e, hora e meia mais tarde, ir buscá-la...

Ainda estou eu a fazer as contas às horas, quando ouço o portão da rua a abrir, seguido de passos apressados. A porta da cozinha abre-se de rompante:

- Mãe! Onde estás?

Dou um salto de susto.

- Clarinha! Que fazes em casa a esta hora?

Ela olha para mim, espantada, transpirada, sem fôlego:

- Mas, mãe, esqueceste-te de mim? Hoje era suposto teres ido buscar-me à uma e meia... Vim a pé do Colégio! 40 minutos a andar a toda a pressa... Não foi a distância, claro, porque até gostei do passeio... Mas estava tão nervosa! Pensei que te tinha acontecido alguma coisa!

E a Clarinha desata a chorar.

- Oh, filha, desculpa-me! Esqueci-me completamente! E olha que estava agora mesmo a pensar em ti, vê lá tu!

- E nem a pensar em mim te lembraste?!

- Não! Contava ir buscar-te à hora do costume... Desculpa! Desculpa! Desculpa!

Abraçamo-nos, e depois desatamos a rir.

- Não vais dizer isto no blogue, pois não? - Pergunta-me ela, enquanto lava a cara e os braços, todos transpirados - Vão ficar a pensar que és maluca!

- Claro que não! (Ups!)

Deixem-me aqui fazer um parêntesis: esta história só é possível acontecer, naturalmente, numa casa onde os únicos telemóveis são o do pai e o da mãe...

 

Mais tarde, vieram-me à mente as palavras da Bíblia:

 

"Poderá a mãe esquecer-se da criança que trouxe nas suas entranhas?"

(Pode...)

"Pois bem, mesmo que ela se esqueça, Eu não me esquecerei de ti, Israel!"

(Is 49, 15)

 

Ah! Quantas vezes me sinto abandonada, esquecida por Deus? Quantas vezes penso que Ele não tem tempo para pensar em mim, ocupado como deve estar com assuntos bem mais sérios do que os meus? Não, ao contrário de algumas mães desnaturadas (ups!) o Senhor não esquece nenhum dos seus filhos! Em cada momento da minha vida, Deus pensa em mim como se só Eu existisse sobre a Terra. Deus tem o seu olhar pousado sobre mim, o seu coração aberto para mim, o seu amor, transbordante, derramado a cada instante sobre mim...

Se por uma fração de segundo apenas, Deus se esquecesse da sua mais pequena criatura, homem ou estrela, animal ou flor, o universo inteiro ruiria como um castelo de cartas. Acreditamos nisto?...

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publicado às 06:00

Domingo de Ramos e a hora de Jesus

por Teresa Power, em 01.04.15

No domingo passado entrámos em cheio na maior semana dos cristãos, a mais bela, a mais santa, a mais solene e a mais misteriosa: a Semana Santa.

Para nós, foi uma entrada um pouco abrupta! Eu explico: acordámos de manhã com os saltos da Sara e do António sobre nós. Queriam entrar na nossa cama para um miminho. Acedemos e deixámo-nos ficar ainda mais um pouco, sem pressas, porque era bastante cedo (pensávamos nós...). Por fim, o Niall levantou-se para fazer as famosas panquecas, mas desistiu, porque não tinha farinha suficiente.

- Vou comprar pão. Vai levantando os meninos! - Disse-me, enquanto pegava nas chaves do carro para sair. Eu fui dar o pequeno-almoço à Sara e ao António, com muita calma, e deixei os outros dormir mais um pouco. Alguns minutos mais tarde, o Niall entrou em casa a gritar:

- Despachem-se! Teresa, larga tudo e vai para a igreja, que já devem estar à tua espera para a música! Corram!

- Calma, Niall, são oito e um quarto, temos tempo!

- Não são nada! A hora mudou, e já são nove e um quarto! Ouvi no rádio!

É o que faz não ver televisão! A missa de Domingo de Ramos começa às nove e meia com a bênção dos ramos...

Poupo-vos os pormenores dos dez minutos seguintes, com crianças a saltar das camas, estremunhadas, meninas a sair de casa sem se pentearem (só dei conta a meio da missa...), meninos a comer o pão pelo caminho.

- Ai o meu ramo! Não me posso esquecer do meu ramo!

- E eu queria levar um vestido!

- Não há tempo de escolher vestidos. Depressa, todos para o carro!

- Quero fazer chichi!

- E eu! E eu!

- Sim, Sara, e tu. Carro!

Às nove e meia em ponto, estávamos em frente da pequena igreja paroquial, onde se daria início à belíssima festa dos ramos. O David, todo orgulhoso, segurava a caldeirinha da água benta, ao lado do senhor padre. Respirei fundo, e procurei no meu coração a tranquilidade necessária para o que se iria seguir, pois apesar da minha confusão horária,

 

"Chegou a hora de se revelar a glória do Filho do Homem."

(Jo 12, 23)

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Conseguem identificar o meu pequeno acólito?

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 Ao som de cânticos e ao ritmo da oração, fizemos uma pequena procissão entre a igreja paroquial e o santuário. Por fim, e com grande alegria, entrámos no santuário, proclamando a realeza de Jesus, como já o profeta Zacarias profetizara tantos séculos antes:

 

"Exulta de alegria, filha de Sião!

Solta brados de júbilo, filha de Jerusalém!

Eis que o teu rei vem a ti;

Ele é justo e vitorioso;

vem, montado num jumentinho, filho de uma jumenta!"

(Zc 9, 9)

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 Dentro da igreja, de ramos levantados em aclamação, cantámos e tornámos a cantar: "Deus é Rei!"

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 Obedecendo às palavras de Jesus, que gostava das crianças à sua volta e não admitia que as afastassem, na nossa paróquia os mais pequeninos sentem-se em casa e vão passeando pelos bancos e pelas coxias laterais, felizes. No domingo estavam especialmente contentes, de ramos na mão!

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 Pouco a pouco, a alegria dos ramos vai cedendo lugar ao mistério da Paixão, tal como aconteceu naquela primeira semana santa da História. A longa proclamação do Evangelho, relatando passo a passo a entrega de Jesus por nós, cai pesada no nosso coração silencioso. A solenidade destes dias instala-se, e toda a liturgia se adensa. Somos convidados a estar lá, em Jerusalém, no Templo escutando Jesus, no Jardim das Oliveiras fazendo-Lhe companhia, no Caminho da Cruz ao lado de Maria, Verónica e João, diante da sua imensa Cruz, a seu lado na nossa talvez, como o Bom Ladrão.

Jesus morreu por nós, e graças à liturgia, nós podemos estar junto d'Ele, sem barreiras de tempo e de espaço, no preciso momento em que Jesus nos dá a sua Vida. Na missa, todos os dias, mas com maior solenidade nestes dias santos, a Páscoa acontece aqui e agora. Nunca poderemos agradecer suficientemente ao Senhor a graça da Eucaristia!

Feliz Semana Santa para todos vós, queridos leitores! E se ainda não se deram conta de que "a hora chegou" e a Semana Santa está aqui, façam como nós: "saltem da cama" e apressem-se a correr ao encontro do Senhor...

 

 

 

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publicado às 06:20



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