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Somos uma família católica, abençoada com seis filhos na Terra e um no Céu. Procuramos viver a fé com simplicidade e generosidade. Queremos partilhar com outras famílias a alegria de sermos Igreja Doméstica na grande família da Igreja Católica.
- Eu também vou à catequese - Afirmou a Sara, muito séria, quando viu a Lúcia, o António e a Clarinha a trocarem de roupa e a lavarem a cara.
- Não, Sara, tu não vais porque só tens três anos - Explicavam-lhe os irmãos.
- Vou sim!
- Não vais.
- Vou, vou ficar na sala da Lúcia porque lá vêem filmes de Jesus e cantam canções e fazem desenhos e contam histórias.
- Mas a Lúcia está no segundo ano, e tu ainda nem entraste na escola. Não vais à catequese.
- VOU SIM! EU VOU À CATEQUESE!
E as palavras decididas transformaram-se em gritos histéricos, bater de pé no chão e uma cascata de lágrimas.
- Deixa-a ir, Niall - Intercedi eu, por fim.
Mas o Niall não se queria deixar convencer:
- Tu não achas que o João e a Isabel já têm que fazer, com vinte meninos da idade da Lúcia? Como podemos pedir-lhes que cuidem também da Sara?
Chegou a hora de entrar no carro, e a Sara entrou também. O Niall ficou desarmado.
- Pronto, anda lá!
Ao chegar ao Santuário, a Sara correu para junto da Isabel e do João, catequistas da Lúcia, que a acolheram com imensa alegria e o carinho habitual. Mais tarde, a Isabel enviou-me estas duas fotos, tiradas com o seu telemóvel:
- A Sara é a nossa catequisanda mais empenhada - Comentaram os catequistas no final, a rir. E tem convite feito para ir sempre que quiser!
Entretanto, o António e o David tiveram uma conversa séria entre os dois, que resultou nesta afirmação do António:
- Mamã, amanhã vou ser acólito.
- Ai sim? Não és ainda pequenino para tanta concentração?
- Não. Não sabes que já tenho seis anos?
Perante tanta convicção, não nos restou alternativa senão apoiar o nosso filho nesta sua grande decisão. Lindo, sereno, muito sério, muito compenetrado, o António serviu o altar do Senhor com imenso entusiasmo. No final da eucaristia, teve direito a uma salva de palmas...
Os filhos crescem, e como Jesus, crescem em todas as áreas da sua humanidade:
"Jesus crescia em sabedoria, em estatura e em graça, diante de Deus e dos homens." (Lc 2, 52)
É um privilégio tão grande, este que o Senhor nos concede de os podermos acompanhar!
Também o nosso primogénito cresceu. Sexta-feira participará na missa dos finalistas do Colégio Nossa Senhora da Assunção, Colégio a que tanto, tanto deve, e que embora não tenha podido frequentar este ano letivo, o continua a considerar como aluno.
Será também no Colégio que, no próximo domingo às três da tarde, o Francisco fará um espetáculo de Ilusionismo. Querem vir? Temos bilhetes para vender, e só precisam de me escrever para o mail. O espetáculo foi a forma que o Francisco encontrou de reunir algum dinheiro para, no final de Julho, ir a Cracóvia, às Jornadas Mundiais da Juventude, inserido num grupo de jovens salesianos. Que grande graça! O Francisco terá oportunidade de ver o Papa, de conviver com milhões de outros jovens crentes, de escutar catequeses fantásticas, de participar em atividades divertidas e sérias, de visitar o Santuário da Misericórdia, de me trazer uma imagem de Jesus Misericordioso :)
Apareçam no domingo!
E hoje, Dia mundial da Criança, rezemos ao Senhor por todas as crianças do mundo, para que todas cresçam bem pertinho da Casa de Deus! Ámen.
Amanhã, se Deus quiser, conto-vos tudo sobre o nosso maravilhoso Retiro de Natal, em Fátima. Por hoje deixo-vos com a história do Natal contada num gesto de ilusionismo que a todos nos encantou, no sarau de Natal cá em casa, e que o Francisco decidiu gravar para vos poder encantar também a vós! No seu canal no YouTube encontram este vídeo e também a versão em inglês. Disfrutem!
Escrito pelo Francisco:
Eu gosto de imensa coisa, tenho sempre imenso para fazer, muitas atividades… mas também tenho muitos irmãos. Nem sempre é fácil conciliar a magia, cubo mágico, invenções e construções que vou fazendo com a tarefa de grande responsabilidade, divertida (e trabalhosa) de tomar conta dos meus irmãos, em particular da Sara. Esta, quando só eu é que estou a tomar conta dela, passa o tempo agarrada a mim e a querer fazer tudo o que faço, seja ilusões com fogo ou projetos com eletricidade. Claro que assim que ouço “podes tomar conta da Sara uns minutinhos (ou umas horas)?” tenho de parar imediatamente qualquer atividade mais perigosa do que resolver um cubo mágico, se não quero sarilhos…
Mas com a prática comecei a conseguir fazer tudo ao mesmo tempo, continuar a trabalhar com os mais pequenos ao colo ou agarrados às minhas pernas enquanto me atiram almofadas à cara. Sei os riscos de me sentar ao computador para editar um novo vídeo para o meu canal do youtube, mas já sei as técnicas para ter a Sara ao meu colo sem que ela clique no “Delete” demasiadas vezes e o António e a Lúcia suficientemente sossegados para não ficar com ruido de fundo numa gravação.
Faço muitos espetáculos de magia com crianças e treinar com os meus irmãos dá muito jeito para saber o que é que eles compreendem e não compreendem, ou evitar pequenos erros de ofício no que toca a motivar as crianças (não quero que, depois de um espetáculo meu, vão para casa enrolar uma corda à volta do pescoço e tentar soltar!). Se vejo que o António tenta imitar-me logo a seguir, já sei que tenho de ter cuidado com aquele truque, se vejo a Lúcia com ar de quem está a apanhar uma seca, vou logo ao documento onde tenho a rotina do espetáculo e apago esse truque da lista…
Mas não é tudo! Isto ajuda-me a ser muito mais paciente. Não é fácil estar a meio de soldar um LED a dois cabos num emaranhado de fios e ser interrompido pelo David a pedir ajuda com uma conta de dividir. E também não é fácil estar a ajuda-lo e pensar que o ferro de soldar pode estar a queimar a mesa de trabalho… Tenho de ter paciência e ordenar as tarefas por ordem de importância na minha mente: 1º Ajudar os manos, 2º salvar o trabalho no PC antes que a Sara o elimine. É uma luta na minha consciência, pois o cubo mágico de 5x5x5 está quase resolvido e demorou 10 min para chegar aquele ponto e o António está perigosamente entusiasmado com ele, mas a Clarinha está a precisar de ajuda para o teste do dia seguinte. Tenho que ir contra a minha vontade para seguir o lema JOY: Jesus first, Others second, You last.
O Francisco, a Clarinha e o David iam ficar sozinhos em casa enquanto eu ia para mais uma reunião de avaliação. Antes de sair, organizei algum trabalho para eles fazerem, como arrumar a cozinha, estender a roupa e tratar das galinhas. E pedi ainda ao Francisco que escrevesse um texto para o blogue sobre ilusionismo e evangelização. Eles lá ficaram, contentes. Quando regressei, trazendo já comigo os três mais novos, deparei com este quadro:
- Que fazes aí em cima, Francisco?
- Estou a escrever o texto que me encomendaste. Agora não fales comigo e deixa-me concentrar!
Bem, aqui fica o texto do Francisco, tal qual ele o escreveu, empoleirado no tecto da garagem...
Escrito pelo Francisco:
Faço ilusionismo desde mais ou menos os treze anos, e desde então tenho vindo a praticar e a aperfeiçoar cada vez mais a minha arte.
Há dois anos atrás, o Colégio Salesiano de Mogofores organizou um espetáculo musical sobre S. João Bosco, e convidaram-me a participar. A princípio não percebi porquê, mas depois descobri que S. João Bosco, quando era jovem, também fazia ilusionismo e utilizava esta arte para evangelizar, explicando, por exemplo, a Santíssima Trindade através de um truque de cordas. Eu participei no musical e fiz de S. João Bosco jovem, não deixando de incluir na minha atuação um truque de magia.
Já faço espetáculos de magia em festas de anos, na escola e noutros eventos desde o ano passado. Aproveitando o facto de eu gostar tanto desta arte, o padre José Fernandes, nosso pároco, desafiou-me a fazer um espetáculo ao estilo de D. Bosco - um espetáculo evangelizador. A princípio fiquei um pouco baralhado, sem saber como poderia evangelizar utilizando magia. Mas começaram a vir ideias, e comecei a preparar truques evangelizadores.
Estreei o meu espetáculo evangelizador no primeiro retiro para Famílias de Caná e tive imenso sucesso. Comecei com um truque de luzes e dediquei o espetáculo a Jesus, a Luz do mundo. Colando uma imagem de Jesus nas costas de uma carta, acabei um truque de cartas dizendo ao espetador que ele tinha escolhido a carta que representava o sentido para a sua vida. Fiz magicamente aparecer um crucifixo do nada e terminei com um truque em que me libertava de uma corda que me prendia as pernas e as mãos, transmitindo a mensagem de que só Deus consegue desatar os verdadeiros nós da nossa vida. Tal como D. Bosco, terminei o espetáculo com uma Avé-Maria.
Dado o sucesso deste espetáculo, comecei a fazer mais e a melhorar a minha atuação e os ensinamentos. Ainda no sábado fiz um truque com cordas na festa de anos da minha tia e utilizei o truque para falar sobre Nossa Senhora Desatadora dos Nós, que pouca gente conhece mas da qual o Papa Francisco é muito devoto. Todos têm aprendido com estes espetáculos, incluindo eu, que descobri que é possível evangelizar de qualquer maneira. Basta querer e crer!
No sábado estivemos em casa da minha irmã, para celebrarmos com muitos amigos os seus quarenta anos. Foi uma festa simples, bonita, cheia de alegria e de amigos antigos, que foi tão bom rever. Os meninos brincaram, felizes, com os primos e os filhos dos nossos amigos, e o Francisco fez um espectáculo de ilusionismo, que ofereceu de presente à tia-madrinha. Apesar de conhecer já muito bem os seus truques, rio sempre a bom rir quando o vejo fazer aparecer e desaparecer bolas e lenços, cartas mudar de cor e meias perder e encontrar o par. As Famílias de Caná que já o viram actuar no retiro sabem do que estou a falar!
Por fim, como último truque, o Francisco utilizou três cordas, que uniu e separou por várias vezes com nós fortes. Aplaudimos com força. E depois ele contou uma história, que agora vou também contar aqui:
Por volta do ano de 1700, havia um casal alemão, Wolfgang e Sophie, que estava em processo de divórcio. Tristes, pediram ajuda a um sacerdote, que decidiu fazer com eles uma longa oração. Naquela altura, nos casamentos costumava-se simbolizar a união dos esposos através de uma fita branca. O sacerdote pediu aos esposos que lhe trouxessem a fita branca do seu casamento, encheu-a de nós, e depois rezou pelos dois esposos diante da imagem de Nossa Senhora, enquanto ia desatando os nós. Nossa Senhora alcançou-lhes então a graça de não se divorciarem e viverem felizes até ao fim das suas vidas. Para agradecer a Maria, este casal, que era rico e nobre, encomendou um quadro a um pintor e ofereceu-o à igreja da sua terra. A imagem é esta:
O papa Francisco conheceu esta pintura na Alemanha, na sua capela original, na década de oitenta, e logo levou a devoção até Buenos Aires, onde ela se consolidou. A igreja de San José del Talar foi a primeira a receber a imagem de Nossa Senhora Desatadora dos Nós e transformou-se rapidamente num santuário, onde o povo acorre a pedir a Maria que desfaça os nós das suas vidas. Para ficarem com uma ideia da devoção do papa e dos argentinos a esta invocação mariana, podem ler esta breve notícia.
Quando se tornou papa, a imagem de Nossa Senhora Desatadora dos Nós acompanhou Jorge Bergoglio até Roma, sendo venerada no seu gabinete pessoal, como podeis ver nesta foto. Conhecendo bem os "nós" da Igreja, o papa deve ter sentido ser esta a melhor invocação mariana para acompanhar o seu pontificado! E todos podemos confirmar que Nossa Senhora não lhe tem faltado, com as suas mãos especializadas em desatar os mais complicados nós!
O papa tem-se empenhado em espalhar este título de Nossa Senhora, a mãe do amor, a mãe da família, a mãe dos casais. Ou não foi Nossa Senhora que, em Caná da Galileia, salvou uma festa de casamento?
Na net encontram muitos textos relativos a esta invocação mariana, mas é curioso como poucos autores conhecem a sua história original. Está nas nossas mãos também divulgar esta invocação mariana junto dos casais com problemas sérios.
No dia 12 de maio de 2013, diante da imagem de Nossa Senhora de Fátima, levada para Roma para a consagração do mundo ao Imaculado Coração de Maria, o papa rezou assim:
"Quando não O escutamos, não seguimos a sua vontade e realizamos acções concretas em que demonstramos falta de confiança n’Ele – isto é o pecado –, forma-se uma espécie de nó dentro de nós. Estes nós tiram-nos a paz e a serenidade. São perigosos, porque de vários nós pode resultar um emaranhado, que se vai tornando cada vez mais penoso e difícil de desatar. Mas, para a misericórdia de Deus, nada é impossível! Mesmo os nós mais complicados desatam-se com a sua graça. E Maria, que, com o seu «sim», abriu a porta a Deus para desatar o nó da desobediência antiga, é a mãe que, com paciência e ternura, nos leva a Deus, para que Ele desate os nós da nossa alma com a sua misericórdia de Pai. Poderíamos interrogar-nos: quais são os nós que existem na minha vida? Para mudar, peço a Maria que me ajude a ter confiança na misericórdia de Deus?"
Já estão a ver onde o Papa se foi inspirar!
Tantos "nós" na nossa vida! No casamento, na educação dos filhos, mas também no trabalho, na vida de fé, em tantas outras áreas, como necessitamos que alguém se sente a nosso lado e nos ajude a desatá-los! Enquanto passamos as contas do terço entre os dedos, invocando a mãe de Deus, lembremo-nos que cada Avé-Maria oferecida é mais um nó que se desata...