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Somos uma família católica, abençoada com seis filhos na Terra e um no Céu. Procuramos viver a fé com simplicidade e generosidade. Queremos partilhar com outras famílias a alegria de sermos Igreja Doméstica na grande família da Igreja Católica.
Nestes últimos dias estive a ler ao David e à Lúcia a história dos três pastorinhos de Fátima, escrita pelo padre Januário dos Santos. Como sempre, comovi-me até às lágrimas com a simplicidade e a pureza de coração das três crianças.
Recordo ainda com vívida nitidez o funeral da Irmã Lúcia, em Coimbra, onde, de lenços brancos, nos despedimos da querida vidente, “até ao Céu!” E lembro-me de como me sentia emocionada, quando era estudante em Coimbra, por viver ao lado do Carmelo. Eu imaginava então que Nossa Senhora apareceria várias vezes ali ao lado, visitando a Irmã Lúcia. Na altura, não havia qualquer notícia sobre isso, mas hoje sabemos que sim: a Irmã Lúcia foi várias vezes visitada pela Santíssima Virgem, no segredo da sua cela de carmelita. Lúcia teve oportunidade de ver aquilo em que nós acreditamos pela fé: a Mãe acompanha cada um dos seus filhos com um amor infinito, e a todos acolhe, acarinha e ama. Nos corredores do Carmelo, Maria abençoava todas as carmelitas.
- Quando estamos a rezar no coração – Confidenciou-me outro dia a Lúcia – eu faço sempre o mesmo pedido a Jesus.
- E que pedido é esse? – Perguntei-lhe.
- Ver Nossa Senhora!
- No Céu vais ver de certeza – Respondeu o David, muito seguro de si. E acrescentou: - Que sorte a da Irmã Lúcia, já estar no Céu! Gostava tanto de já estar também no Céu!
- Ainda precisas de trabalhar muito na Terra antes de ir para o Céu – Apressei-me a dizer – Não te esqueças de que só entra no Céu quem lá construiu uma casinha!
- Eu tenho feito tantas coisas boas! A minha casa deve estar quase pronta – Continuou o David. Ele diz-me isto muitas vezes, em especial, sempre que faz uma boa acção.
- Bem, já tens alguns tijolos no Céu, mas tens ainda muito para fazer!
- O Tomás construiu a casa dele muito depressa…
- Não, o Tomás não teve tempo de construir nenhuma casa. Jesus ofereceu-lha já pronta… Mas isso, Jesus só faz de vez em quando. Nós temos de trabalhar muito para ter uma casa no Céu!
- Gostava de ir já hoje para lá! – Concluiu o David, com olhar sonhador.
Recordei o desabafo, em jeito de oração, da Irmã Lúcia, tantas vezes escutado no Carmelo:
“Minha querida Mãe, Tu disseste-me que eu tinha de ficar na Terra mais algum tempo, mas nunca pensei que fosse tanto!”
Enquanto deitava os meus filhos e lhes aconchegava a roupa da cama, dei comigo a pensar… Teremos nós sede suficiente de Deus? Teremos nós desejo suficiente do Céu?
“Tu és o meu Deus!Anseio por Ti!
A minha alma tem sede de ti,
como terra árida, exausta, e sem água.” (Sl 63/62)
A "Senhora mais brilhante do que o Sol" (como a descrevia Jacinta), que no dia 13 de outubro de 1917 se nos revelou, veio fazer-nos sentir a sede que nos lança no Céu…
Ir a Fátima em retiro familiar e em clima de festa, nos primeiros dias da primavera. Que dia tão feliz na terra de Nossa Senhora!
Começámos o dia na Capela da Reconciliação, acolhendo o perdão de Jesus através do sacramento da confissão dos pecados. Só a Sara, o António e a Lúcia não se confessaram. É uma simbologia tão bonita, descer as escadas para nos confessarmos, e voltar a subir para a Luz, depois de lavados de todas as nossas faltas!
Com o coração cheio de paz, entrámos na Igreja da Santíssima Trindade e participámos na missa. Coincidiu aquela missa ser especialmente dedicada às crianças, pelo que os nossos mais pequenos puderam subir ao altar e receber uma bênção especial!
Depois fomos visitar as casas dos pastorinhos. Foi com toda a certeza a melhor catequese do dia! Entrar naquelas casas tão simples, tão pobres, tão pequeninas, e pensar que nelas couberam famílias tão numerosas...
- Onde dormia a Lúcia? - Perguntou a Lúcia à simpática senhora que nos recebeu na Casa da Lúcia.
- Dormia nesta cama pequenina, com duas outras irmãs...
- Três meninas numa cama tão pequena?
- Sim...
- E onde está a mesa para eles comerem? - Quis saber o David, na Casa da Jacinta e do Francisco.
- Mesa? Não cabia aqui uma mesa para tantos! Sentavam-se em volta do lume, em banquinhos, com a malga na mão...
- Nunca mais me queixo de estar apertada à mesa - murmurou-me a Clarinha ao ouvido. Na verdade, as nossas refeições começam quase sempre com muitos resmungos entre os irmãos, que se sentem apertados na mesa da cozinha. Quando a Sara se sentar numa cadeira como as nossas, não sei como será!
O que estarão os meninos a ver tão atentamente, por detrás da casa da Lúcia?
Ah, já percebi! Olhem só...
- E é a sério, mamã!!!!!
Junto ao muro onde os três pastorinhos tiraram a sua mais célebre foto, tirámos nós também uma foto dos nossos seis. O António está quase tão sério como eles estavam!
E já repararam nesta menina, a descer as escadas da casa da Jacinta e do Francisco?
Visitar as casas dos pastorinhos e ler As Memórias da Irmã Lúcia II, onde Lúcia descreve o dia-a-dia da sua aldeia no tempo das aparições, é uma lição de vida para as famílias de hoje. Temos tanto, e queixamo-nos tanto! As casas dos pastorinhos, onde viviam tantas crianças, cabiam inteiras na minha sala!
Registo aqui apenas dois dos muitos exemplos que a Lúcia dá, nas suas Memórias, sobre o clima de partilha que se vivia então:
"Por vezes, a mãe, quando ia à salgadeira buscar a carne para a refeição da família, trazia um bocadinho mais, metia-o na gaveta da mesa que estava na cozinha, dentro de uma folha de couve, e dizia:
- Isto é para o primeiro pobre que aparecer, a pedir esmola." (Memórias da Irmã Lúcia II, página 15)
"Outras vezes, a mãe preparava um pequeno açafate que havia lá em casa, entre rosas e flores, com pequenas ofertas que me mandava levar a várias pessoas que ela sabia que não tinham. Umas vezes era com carne, quando se matava o porco, outras com filhoses pelo Natal, etc., outras vezes com fruta conforme o que havia no próprio tempo: figos,maçãs, pêras, ou queijinhos dos que ela fazia do leite das nossas ovelhas; e mandava-me ir a casa dessas pessoas para que comessem à ceia com migas de pão." (Memórias da Irmã Lúcia II, página 96)
E agora, em frente da Casa da Lúcia, 3 segundos de oração:
Amanhã descreverei a nossa caminhada, rezando a Via-Sacra, e o piquenique, claro!
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