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A luz

por Teresa Power, em 10.02.14

Ontem, por causa da tempestade, o serão foi à luz de uma pequena vela, já bastante gasta, que todos os dias acendemos no Canto de Oração; e, claro, à luz das várias lanternas do António que, como se devem lembrar, é viciado em lanternas, tendo várias meio avariadas espalhadas um pouco por toda a casa.

No Evangelho deste domingo, escutámos:

 

"Vós sois a luz do mundo; não se acende uma lâmpada para colocar debaixo da mesa, mas para se pôr no candelabro, a fim de iluminar todos os da casa." (Mt 5, 14-16)

 

E alguns domingos atrás, Isaías dizia:

 

"Os homens que andavam nas trevas viram uma grande luz; para os que viviam na escuridão da noite, uma luz apareceu." (Is 9, 2)

 

Estamos de tal forma habituados à luz eléctrica, que temos dificuldade em descobrir o enorme alcance destas palavras. Naquele tempo, como ontem à noite, a luz não era um dado adquirido, uma banalidade, que acendemos quando assim desejamos. Quem queria ver, tinha de se acercar da única fonte de luz da casa e aí permanecer. A toda a volta, a escuridão era poderosa e ameaçadora, pronta a devorar quem se afastasse um pouco da pequena chama brilhante e quente. A luz era verdadeiramente um dom, e como tal era acolhida.

Ontem, enquanto trabalhava na escuridão, tacteando o meu caminho por entre as camas das crianças para o último aconchego, tacteando o meu caminho na cozinha para as últimas preparações do dia seguinte e, finalmente, tacteando o meu caminho até ao meu quarto para dormir, ontem apercebi-me da profundidade das palavras de Jesus.

 

 

Neste minúsculo planeta perdido entre galáxias imensas, um dia Deus veio habitar. E de repente, a escuridão do universo ficou atravessada de luz. Jesus é a única luz a brilhar nas trevas da humanidade. Se nos mantivermos junto d'Ele, seremos aquecidos e iluminados pelo seu amor absolutamente avassalador e a escuridão deixará de nos magoar. Mas se nos afastarmos um pouco, seremos engolidos pela noite universal. Um passo em falso, e cairemos no abismo. 

 

Escutando a tempestade a rugir lá fora, sentei-me por instantes diante do Canto de Oração e saboreei como nunca antes estas palavras de Jesus:

 

"Eu sou a luz do mundo..." (Jo 8, 12)

 

Pude ouvi-las a ressoar dentro de mim e imaginei o espanto e a alegria da multidão diante delas. A revolução que Jesus veio trazer foi, num plano diferente, equivalente à revolução provocada pela descoberta do fogo ou, milénios mais tarde, pela descoberta da electricidade. Como Simeão no Templo, naquele dia longínquo da Apresentação do Senhor, experimentei a alegria de finalmente caminhar à claridade do amor.

E antes de me deitar, ainda ouvi Jesus dizer:

 

"...Aquele que Me segue não anda nas trevas, mas terá a luz da vida..." (Jo 8, 12)

 

 

Neste mês de fevereiro, propus às Famílias de Caná uma reflexão sobre o poder do sacramento do baptismo na nossa vida. Nele, recebemos definitivamente a Luz! Se o quiserdes ler, fica aqui: Família de baptizados_1_2_14.pdf

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publicado às 11:52

Nossa Senhora das Lanternas

por Teresa Power, em 01.02.14

Na hora da história bíblica, os mais novos pediram-me uma história com cavalos. Graças a Deus, a Bíblia está cheia de cavalos e cavaleiros, pelo que não foi difícil. Lembrei-me de lhes contar a história de Saulo, que depois de ver Jesus Ressuscitado envolto em grande luz, fica cego, pede para ser baptizado e, recuperando a visão, recebe o nome de Paulo. Temos uma enorme admiração por S. Paulo cá em casa, que teve a coragem de mudar de vida radicalmente e levar a fé cristã aos confins do mundo.

O António seguia a história muito entretido. Quando ouviu que a luz de Jesus atirou Saulo do cavalo, interrompeu:

- Jesus tinha uma lanterna como a minha, não era, mamã? E não se pode olhar para a lanterna acesa muito de perto, porque ficamos cegos, não é mamã? Saulo não sabia isso!

Foi gargalhada geral, claro está. Às vezes temo pela sanidade mental do meu filho, que vive obcecado por lanternas, como já tiveram ocasião de ler aqui.

 

Lembrei-me então que amanhã celebramos a Festa da Apresentação do Senhor. Jesus, Luz do mundo, entrou pela primeira vez no Templo, escondido nos braços de Maria. E Simeão, um velhinho piedoso, descobriu naquele bebé a Luz prometida por Deus para iluminar todos os homens.

Quando olhamos para esta Festa a partir dos braços ternos de Nossa Senhora, vemos na Mãe de Jesus a Mãe da Luz. Como o António, Nossa Senhora também caminhava de Lanterna na mão, de Lanterna junto ao peito, de Lanterna ao colo, para iluminar os nossos passos. A sua Lanterna, António, foi a mesma que derrubou Saulo do seu cavalo. E a mesma que iluminará todos os teus caminhos, toda a tua vida, e se preciso for, te derrubará dos cavalos que te desviarem das sendas de Deus. Sim, António, é preciso que a Lanterna de Nossa Senhora brilhe para ti também!

 

Amanhã, quando acordar, o António terá uma bela surpresa. Vamos acender todas as lanternas que tivermos e caminhar à sua luz para a sala, onde louvaremos a Senhora das Candeias - ou das Lanternas, claro... - e o seu Filho, nossa Luz!

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publicado às 22:59

Lanterna

por Teresa Power, em 29.12.13

Um dos objectos mais cobiçados cá em casa é a lanterna que o Niall tem guardada na mesa-de-cabeceira, para utilizar quando, durante a noite, alguma criança acorda. Com três filhos em cada quarto, não podemos acender as luzes de cada vez que temos de encontrar, a meio da noite, uma chupeta perdida ou levar alguém a fazer chichi, e daí a lanterna bem guardada na mesa-de-cabeceira. Bem guardada não é a palavra exacta, pois a maior parte das vezes, a lanterna anda desaparecida, para finalmente ser encontrada no meio dos brinquedos dos mais novos.

 

Assim, quando pensámos nos presentes de Natal, a lanterna estava no topo da lista. Nos sapatinhos do António, do David e da Lúcia, ao lado da bola e dos carrinhos da HotWheels, ao lado das fraldas e da chupeta do Nenuco, estava uma pequena lanterna.

 

Durante todo o dia de Natal, o António brincou com a sua lanterna. E tanto brincou, que a perdeu. A torrente de lágrimas dos seus olhos e o som terrível dos seus gritos obrigou toda a família a correr a casa inteira à procura da famosa lanterna. Mas foi preciso o David chutar a sua bola de futebol nova para cima do armário do quarto (a chuva lá fora faz com que se jogue futebol cá dentro...) para a lanterna aparecer. Como é que a lanterna foi parar em cima do armário do quarto, não me perguntem, nem perguntem ao António, porque segundo consta, ele também não sabe!

 

No dia seguinte, o António continuou a brincar com a sua lanterna. Mas quando chegou a hora de dormir, nova torrente de lágrimas: desta vez, a lanterna estava partida! Um dia de brincadeira, e já não dá luz! Seria das pilhas? Não: o António tinha muita curiosidade em conhecer os mecanismos ocultos da lanterna, e decidira desmontá-la...

- Agora arranja, papá! - Pediu ele, ou melhor, ordenou, estendendo os pedaços de lanterna ao Niall. E o Niall, desejoso de estancar as lágrimas e os berros, lá juntou todas as peças o melhor que pôde.

Parece que agora a lanterna funciona só quando lhe dá na "cabeça". Quanto tempo durará?

 

 

Às voltas com a lanterna do António, fiquei a pensar nos presentes que Deus nos dá. Quantos dons Ele coloca nas nossas mãos! Alguns chegam de surpresa, outros são ardentemente desejados, como o António desejou a lanterna.

Todos os dias, Deus presenteia-nos com 24 horas novinhas em folha, novos relacionamentos, oportunidades no trabalho, ocasiões para amarmos e crescermos em família, talentos pessoais para O servirmos nos irmãos, e até dificuldades e problemas para nos tornarmos mais fortes e mais corajosos. E que fazemos nós com tanto dom?

Desperdiçamos o tempo, estragamos as relações, descuidamos o casamento, resmungamos dos problemas, atiramos com os nossos talentos para cima de um armário poeirento...

Como o António com a sua lanterna, tratamos os presentes de Deus com muito pouco cuidado. Às vezes perdemo-los, outras vezes escondemo-los, outras ainda, quebramo-los em pedaços.

E depois?

Depois, pegamos nos cacos e vamos ter com Deus, para que Ele os conserte...

 

 

 

 

 

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publicado às 09:11



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