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Somos uma família católica, abençoada com seis filhos na Terra e um no Céu. Procuramos viver a fé com simplicidade e generosidade. Queremos partilhar com outras famílias a alegria de sermos Igreja Doméstica na grande família da Igreja Católica.
No domingo passado, fomos fazer um piquenique a um dos nossos "paraísos" preferidos: uma pequena aldeia na serra do Caramulo, onde podemos nadar, passear e contemplar a Criação sem pressas e sem ruídos, para além do cantar dos grilos, do coaxar das rãs ou do balir das ovelhas.
- Mãe, já viste aquela ovelhinha tão pequenina?
- Sim, Lúcia, olha, ela vai mamar!
Nalguns dos nossos piqueniques neste refúgio natural, o coaxar das rãs é tão intenso, que abafa o som da nossa própria conversa. Os meninos adoram procurar rãs e sapos no charco junto ao lago.
- Olha, papá, vês aquela rã?
- E a outra ali? Se olharem com atenção, verão dezenas... talvez centenas de rãs, que se confundem com o verde do charco!
Com as suas redes, apanham rãs que logo depois voltam a libertar na água fresca.
- Cuidado, António, não magoes essa rã!
- Liberta-a, David, que essa já foi apanhada duas vezes. Agora vamos para outro lado!
- Mamã, olha só que linda rã!
O Francisco, armado com a máquina fotográfica, dá alguns passeios pelos trilhos da montanha, captando imagens como esta:
Apesar de sermos oito, as únicas marcas da nossa passagem neste local de sonho são as migalhas do nosso piquenique. Ah, e provavelmente algum incómodo causado à população animal pelo nosso nível de ruído natural... Ou pelo tocar da guitarra, pois geralmente é em sítios como este que eu escrevo os meus cânticos!
No último domingo, enquanto os meninos brincavam na água e descobriam rãs, eu pensava na Laudato Si, a encíclica do nosso querido Papa Francisco. O papa relembra-nos o belíssimo texto o Génesis:
"O Senhor levou o homem e colocou-o no jardim do Eden, para o cultivar e, também, para o guardar." (Gn 2, 15)
Depois, o papa aprofunda a sua meditação:
"Cada comunidade pode tomar da bondade da terra aquilo de que necessita para a sua sobrevivência, mas tem também o dever de a proteger e garantir a continuidade da sua fertilidade para as gerações futuras." (LS 67)
Ao ver o cuidado com que os meus filhos protegem a mais pequenina rã e observam, sem lhe tocar, na mais breve borboleta, recordo os ensinamentos do Catecismo da Igreja Católica, também citados pelo Santo Padre:
"Cada criatura possui a sua bondade e perfeição próprias. As diferentes criaturas, queridas pelo seu próprio ser, refletem, cada qual a seu modo, uma centelha da sabedoria e da bondade infinitas de Deus." (CIC nº339)
Senhor, ensina-me a cuidar de cada criatura como Tu queres que eu cuide! Ensina-me a encontrar o teu amor refletido como num espelho em toda a tua Criação...
Louvado sejas!
- Mãe, já viste como são bonitas as flores da montanha?
- Sim, António, são maravilhosas... E já reparaste que não precisam de quase nada para viverem?
- Pois é! Elas nascem nas pedras!
- Basta-lhes um espacinho entre as rochas, um bocadinho de terra, umas gotinhas de chuva aqui e ali, e olha que bonitas ficam!
Na Laudato Si - Louvado Sejas - , a nova encíclica do Papa Francisco, o Papa escreveu (nº222):
"É importante adotar um antigo ensinamento, presente em distintas tradições religiosas e também na Bíblia. Trata-se da convicção de que «quanto menos, tanto mais». Com efeito, a acumulação constante de possibilidades para consumir distrai o coração e impede de dar o devido apreço a cada coisa e a cada momento. Pelo contrário, tornar-se serenamente presente diante de cada realidade, por mais pequena que seja, abre-nos muitas mais possibilidades de compreensão e realização pessoal. A espiritualidade cristã propõe um crescimento na sobriedade e uma capacidade de se alegrar com pouco. É um regresso à simplicidade que nos permite parar a saborear as pequenas coisas, agradecer as possibilidades que a vida oferece sem nos apegarmos ao que temos nem entristecermos por aquilo que não possuímos. Isto exige evitar a dinâmica do domínio e da mera acumulação de prazeres."
Deixem-me sublinhar esta frase: "sem nos apegarmos ao que temos nem entristecermos por aquilo que não possuímos."
A vida é tão simples, e nós complicamo-la tanto! Um pedacinho de terra, um espacinho entre duas pedras, umas gotinhas de chuva...
"Olhai os lírios do campo: não fiam nem tecem, e nem Salomão, com toda a sua magnificência, se vestiu como um deles. Se Deus veste assim a erva do campo, que hoje existe e amanhã será lançada ao fogo, como não fará muito mais por vós, homens de pouca fé? Não vos preocupeis..." (Mt 6, 28-31)
Encontrar alegria nas pequenas coisas, saborear cada detalhe que nos é concedido viver, descobrir o trigo no meio do joio, brincar à chuva e ao sol, não invejar os bens alheios, não nos apegarmos aos nossos, e sobretudo, recusar o queixume - eis o segredo da verdadeira felicidade!
Ah, e se quiserem ir mais longe e encontrar magia na montanha, escondida nas fontes e crescendo nas rochas, visitem o canal de magia do Francisco... Divirtam-se e mostrem aos vossos filhos. Há lá muito para descobrir!
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