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Somos uma família católica, abençoada com seis filhos na Terra e um no Céu. Procuramos viver a fé com simplicidade e generosidade. Queremos partilhar com outras famílias a alegria de sermos Igreja Doméstica na grande família da Igreja Católica.
Hora da oração familiar. No Canto de Oração, cantamos, dançamos, batemos palmas e louvamos o Senhor. Depois, à vez, cada um de nós agradece a Jesus as graças deste dia. Uns agradecem a brincadeira na escola, outros agradecem o teste ter corrido bem, ou a ginástica ter sido divertida. Agradecemos o trabalho apostólico, os mails recebidos, os amigos encontrados. Agradecemos o alimento, a amizade e o amor.
Como esta oração de acção de graças é feita por ordem crescente de idades, a primeira a rezar é a Sara. De joelhos e com as mãos juntas, a Sara diz sempre a mesma coisa:
- "Bigada" Jesus, poque escola, missa, Curia, parque, loja. Ámen!
Nós rimo-nos sempre baixinho desta oração trapalhona. Na verdade, a Sara entretem-se a repetir o que ouve os irmãos dizer. Acontece que não repete apenas uma das suas orações, mas todas, fazendo memória de todas as acções de graças por eles feitas nos últimos meses. Assim, até bem perto do Natal, a Sara agradecia pela praia - que não visita desde outubro; e a partir do Natal, a Sara começou a agradecer pela Curia, onde foi várias vezes durante as férias e onde se deleitou a dar pão aos peixinhos e aos patinhos:
Também agradece pela loja, isto é, a padaria onde o pai leva os irmãos de manhã cedo a comprar o pão, ao fim-de-semana, e que eles de vez em quando agradecem - a Sara fá-lo diariamente; e pela missa, claro está, mesmo nos dias de escola mais demorada.
O que a Sara faz, meus caros amigos, é afinal aquilo que todos somos chamados a fazer: a memória das bênçãos recebidas. A oração da Sara, que nos faz sorrir, faz-nos também recordar os belíssimos tempos de família passados à beira-mar, no longo verão, ou nos parques onde gostamos de brincar. A Sara não nos deixa esquecer! Diz-nos o salmo 77/78:
"O que ouvimos e aprendemos,
o que os nossos pais nos contaram,
não o ocultamos aos nossos descendentes,
mas o transmitiremos à geração seguinte:
os feitos gloriosos do Senhor,
o seu poder e as maravilhas que Ele fez.
O Senhor ordenou a nossos pais
que ensinassem a sua lei aos filhos,
para que os seus filhos, quando crescessem,
a transmitissem a seus próprios filhos,
para que pusessem a sua confiança em Deus
e não esquecessem os feitos de Deus..."
Estaremos nós suficientemente atentos às bênçãos recebidas? Será que recordamos e fazemos memória agradecida de tudo quanto do Senhor recebemos, ao longo da vida? Diremos vezes suficientes "Obrigado, Senhor"? Contamos aos nossos filhos a longa e bela História da nossa Salvação, registada na Bíblia?
Que a simplicidade da oração da Sara nos ajude a ver para além das nossas dores e das nossas queixas, para além das nossas limitações e do nosso pecado, e a fixar o olhar n'Aquele que nos criou, que nos salvou, e de Quem tudo recebemos...
Aconteceu nas "férias" do carnaval. Por incrível que a mim me pareça, aconteceu a sério. O Niall foi com a Lúcia e o António ao hospital, pois a febre não cedia ao fim de uma semana de gripe. A recepcionista perguntou rotineiramente, enquanto procurava as fichas dos meus filhos no computador:
- Quais as datas de nascimento das crianças?
O Niall pensou durante um bocado. Um bom bocado. Depois disse que... não sabia.
- O senhor não sabe a data de nascimento dos seus filhos? - Repetiu a recepcionista, incrédula.
- Não. Bem, eles são seis... É um bocado confuso...
- Ah, seis! Entendo! - Respondeu a recepcionista, parecendo de repente muito mais descansada.
Então o Niall fez aquilo que já fez em várias outras ocasiões, diante do mesmo problema: telefonou-me!
(Tantos aniversários para celebrar...)
Numa das suas catequeses sobre o baptismo, o Papa Francisco perguntou à assembleia se alguém se recordava da sua data de baptismo. Depois acrescentou muito depressa: "Não precisam de levantar a mão: não quero envergonhar nenhum cardeal!" Na verdade, um cristão que desconhece a sua data de baptismo faz a mesma figura do Niall no Hospital da Mealhada...
Uma das maravilhas do cristianismo é a quantidade de datas que podemos celebrar em família. Os aniversários de baptismo, os aniversários da primeira comunhão, os aniversários de matrimónio; os santos padroeiros, cujo nome nós e os nossos filhos herdámos; os santos queridos da nossa família, pelas mais variadas razões e, claro, as caminhadas de advento, quaresma, natal e páscoa... Quantas ocasiões para uma oração familiar mais solene!
Neste domingo, na homilia, a propósito dos quarenta dias da quaresma, o nosso pároco lembrou-nos que as datas litúrgicas não são meros números marcados num calendário; cada data litúrgica é antes uma ocasião para nos encontrarmos com o Senhor!
A Bíblia repete incessantemente uma palavra: "Lembra-te". E um pensamento:
"Lembra-te, ó Israel, de que foste escravo no país do Egipto e que o Senhor, teu Deus, te libertou." (Dt 15, 15)
Aliás, a Bíblia foi escrita para que nunca nos esquecêssemos! De geração em geração, o povo de Deus transmitiu esta mensagem, até hoje.
Celebrar as datas da nossa fé é celebrar a libertação que Deus nos ofereceu, pela cruz de Jesus, nosso único Salvador. E é recordar as maravilhas do Senhor e o quanto Ele nos quer.
Celebremos então! Anotemos as datas significativas da nossa caminhada na fé em família e inventemos formas de celebrar, trazendo Deus para o centro da festa. Se houver por aí sugestões interessantes e criativas, partilhem... Enviem fotos dos vossos Cantos de Oração para o meu mail e digam-nos como fazem!
(celebrando S. José na escolinha...)