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Somos uma família católica, abençoada com seis filhos na Terra e um no Céu. Procuramos viver a fé com simplicidade e generosidade. Queremos partilhar com outras famílias a alegria de sermos Igreja Doméstica na grande família da Igreja Católica.
A Lúcia é muito conhecida na missa. Ela gosta de passear pelos bancos, para a frente e para trás, sem fazer barulho (ao menos isso!) mas conversando com toda a gente. E no final sai bem recompensada! Às vezes são chocolates, outras são bolachas, outras um brinquedo... Um dia, a sua boneca recebeu uns sapatinhos de lã brancos. No domingo seguinte, ganhou um gorro vermelho. Fiquei com a sensação de estar a assistir a uma sã competição entre as avós da nossa paróquia, cada uma querendo fazer a melhor peça de roupa para o Nenuco...
Quando a Lúcia me identifica os "dadores" de tantos dons, e eu tenho a oportunidade de lhes agradecer em seu nome, escuto comentários como este:
- Tinha de lhe dar um presente, pois todos os domingos a sua menina me diz que estou linda!
Fico a pensar em Jesus. Na missa, nós damos-Lhe muito pouco... Afinal, uma hora em 168 horas que a semana tem, é mesmo pouco! Mas Ele dá-Se todo a cada um de nós.
Perguntaram um dia à Madre Teresa:
- Madre, não se assusta perante os milhões de pessoas que precisam da vossa assistência? Não desanima por não poderem socorrer a todos?
E a Madre Teresa respondeu no seu tom levemente brincalhão:
- Milhões? Eu abro a porta e só vejo um, um, um, um...
Depois acrescentou:
- Deus só sabe contar até um!
O Papa Francisco disse na homilia do dia 11 de janeiro:
"Deus ama-nos com um amor artesanal, ou seja, um amor feito à medida de cada um de nós."
Assim, durante a missa, Jesus caminha para a frente e para trás por entre os bancos, dizendo-nos palavras de amor ao ouvido do coração. A sua atenção não está na multidão que se junta na igreja, mas em cada um de nós individualmente, como se mais ninguém existisse.
Terminámos o tempo de Natal. Gosto de imaginar Jesus Menino, da idade da Lúcia, a dizer-me o quanto me ama. Já aos cinco anos, Jesus vivia para mim. É difícil acreditar nisto, mas é a mais pura verdade!
Nas suas homilias matinais, o Papa Francisco tem falado muito na mundanidade dos cristãos. Em várias ocasiões, o Papa referiu com tristeza que os cristãos aprenderam a fazer alianças com o mundo, cedendo aos seus costumes e procurando servir a dois senhores ao mesmo tempo. Disse o Papa:
"O espírito do mundo é o inimigo de Jesus" (4 de outubro de 2013)
À medida que o Natal se aproxima, cresce a mundanidade. As lojas estão cada vez mais movimentadas, nos centros comerciais faz-se fila para visitar a casa do Pai Natal, as tags do momento são "descontos", "compras", "prendas".
Onde está o Natal de Jesus? Andaremos, como os magos, às voltas nos palácios de Jerusalém, perdendo o tempo precioso que nos separa do Presépio? Quem é que afinal faz anos - Jesus ou nós? Como se pode rezar e adorar o Menino do presépio no meio de tanto barulho e tanta agitação?
Como pais cristãos, procuramos encontrar as respostas certas a estas perguntas, para educarmos os nossos filhos no verdadeiro sentido do Natal. Assim, durante o mês de dezembro, as crianças não vão connosco às compras (algo que aliás fazem muito raramente). Não queremos que percam o tempo de preparação para o Natal a sonhar com presentes que nunca vão ter. E na manhã de dia 25, esforçamo-nos por trocar prendas simples, diferentes da "prenda grande" do seu aniversário. Queremos que acordem antes do nosso galo cantar (e acreditem que isso é mesmo muito cedo!) e corram para a sala a rebentar de impaciência, queremos que rasguem papel de embrulho por todo o lado, queremos que saltem de alegria, mas não queremos que desviem o olhar do Menino pobre da gruta de Belém.
- Sabes qual é o menino mais importante do mundo, mamã? - Perguntou-me há dias o António.
- És tu? - Pensei ser a resposta adequada...
- Então tu não sabes? É o Menino Jesus! - respondeu ele, muito depressa.
Ontem à tarde, ao ajudar o David nos trabalhos de casa de Língua Portuguesa, deixei escapar um grito de indignação que há muito ando a abafar e que agora aqui partilho também: será que o Natal deixou de ser a celebração do nascimento de Jesus, festejada pelos cristãos do mundo inteiro, para ser uma festa branqueada e politicamente correcta, sem conteúdo histórico ou religioso, salpicada de palavras mais ou menos vagas como solidariedade, amizade e partilha?
O livro de Língua Portuguesa do meu filho de sete anos apresenta textos de escritores portugueses contemporâneos. Neles fala-se do Pai-Natal, de feiticeiros, de bruxas, de duendes e de castelos na neve. No livro do ano passado, por esta mesma altura falava-se de extra-terrestres. Em nenhum deles há uma única (única!) referência ao nome de Jesus, à religião cristã ou à Igreja. Folheei avidamente o manual, procurando encontrar os belíssimos poemas de Natal que marcaram a minha infância e juventude e escritos por grandes autores portugueses e estrangeiros. Nem um. Apeteceu-me deitar o livro fora.
Caramba! De que é que os autores dos manuais têm medo? De ofender os que não partilham a fé cristã? E por que razão os ofenderiam? A tolerância não é um branqueamento da História, da origem das tradições ou dos conteúdos religiosos dos diversos credos. Aliás, só pode haver tolerância quando se conhece a fé do outro. É significativo que este branqueamento das festividades religiosas só aconteça em relação à fé cristã, pois em relação às festividades das outras religiões há sempre o cuidado em contextualizar tudo muito bem.
Será que o Menino nascido em Belém, deitado numa manjedoura e aquecido pelo bafo dos animais tem um ar ameaçador?
Herodes achou que sim. Enfurecido, perseguiu todos os recém-nascidos de Belém, na esperança de matar Jesus. O seu medo diante dum recém-nascido parece-nos patético. No entanto, não podia ser mais actual.
Cá em casa, o Natal continua a ser o grande aniversário de Jesus. Para não andarmos distraídos, somos bastante parcos em decorações natalícias. O Menino de Belém merece o primeiro lugar, hoje e sempre, na nossa vida e na nossa casa.
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