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Somos uma família católica, abençoada com seis filhos na Terra e um no Céu. Procuramos viver a fé com simplicidade e generosidade. Queremos partilhar com outras famílias a alegria de sermos Igreja Doméstica na grande família da Igreja Católica.
A Lúcia recebeu uma Barbie na sua última festa de anos. Foi uma amiga muito querida que lha deu, e que a escolheu com carinho na loja. Assim, a prenda foi recebida com alegria e, pela primeira vez na sua curta vida, a Lúcia teve uma Barbie. Como qualquer menina de cinco anos, ficou delirante!
Acontece que a Barbie não é apenas uma boneca: a Barbie é uma antropologia. Ela foi pensada para fazer passar uma imagem bem definida de mulher. A Barbie não é uma criança, mas uma mulher adulta jovem, com o corpo delgado, o peito grande e bem desenhado, os cabelos longos e belos, o olhar sedutor. A Barbie usa saltos altos, carteira, óculos escuros e maquilhagem. A Barbie está sempre na moda. A Barbie é elegante. A Barbie é bonita. A Barbie é magra. A Barbie é uma super-modelo, desfilando nas passerelles da imaginação.
Durante uns tempos, a Lúcia brincou com a sua Barbie, embora nunca sabendo muito bem o que fazer com ela. Não lhe podia mudar a fralda nem dar o biberão, como ao nenuco; não podia sentá-la na "escola" e ensiná-la a desenhar, como à "Mariana", uma boneca com a aparência de uma criança de dez anos; não podia abracá-la e dormir com ela, como faz com a sua boneca de pano.
Da minha parte, nunca a proibi de brincar com a Barbie. Ela foi-lhe oferecida com carinho e quero que a Lúcia aprenda a reconhecer o afecto de quem dá, mais do que o valor do objecto em si mesmo.
Contudo, também nunca a encorajei. Sempre que brincava com a Lúcia, dizia-lhe que gostava mais de brincar com o nenuco e as outras bonecas, pois eram mais divertidas e podíamos fazer mais coisas com elas. Na verdade, que necessidade tem uma criança de cinco anos de brincar com uma boneca adulta? Como funciona, em termos psicológicos, a identificação entre as duas? Que sonhos futuros, que idealizações da vida adulta, que propostas de valores está a Barbie a oferecer nas nossas casas? Vestindo e despindo a Barbie, que pensamentos povoam a imaginação das nossas filhas? Será que a Barbie desafia as meninas a serem trabalhadoras e alegres, a serem mães de família ou a dedicarem as suas vidas a fazer os outros mais felizes? Não despoletará a Barbie frustrações inúteis por não alcançarmos um ideal de beleza inatingível - e indesejável? Olhando à nossa volta, nos recreios das nossas escolas, são cada vez mais - e cada vez mais novas - as meninas que procuram imitar o ideal de sedução da Barbie.
Tal como referi em relação aos livros, também em relação aos brinquedos precisamos de estar atentos ao conflito entre valores do mundo e valores cristãos. Ajudemos - sem proibir nem causar perturbação, naturalmente - as nossas crianças a escolher os brinquedos que as fazem crescer em harmonia!
A Barbie está esquecida na gaveta das bonecas e já pouco sai para brincar com a Lúcia. A novidade perdeu-se.
Ontem, a Lúcia passou a ferro as roupinhas dos seus bebés:
Depois, vestiu-os todos com roupas lavadas e levou-os a passear:
Abrindo a Bíblia no Livro dos Provérbios, meditei na imagem de mulher que procuro ser e que desejo que as minhas mulherzinhas venham a ser. É uma imagem muito diferente da Barbie e muito mais parecida com Maria de Nazaré. É uma imagem de mulher sábia, trabalhadora, sorridente, forte, corajosa, confiante, sem medo do trabalho, sem medo do futuro, atenta ao Senhor:
"Uma mulher de valor, quem a poderá encontrar? O seu preço é muito superior ao das pérolas. (...) Ela pensa num campo e adquire-o, planta uma vinha com o ganho das suas mãos. Cinge fortemente os seus rins e os seus braços têm sempre força. A sua lâmpada não se apaga durante a noite. (...)
Fortaleza e graça são os seus adornos. Sorri perante o dia de amanhã. Abre a boca com sabedoria, tem na língua instruções de bondade. Vigia o andamento da casa e não come o pão da ociosidade. Os filhos levantam-se a felicitá-la, o marido ergue-se para a elogiar." (Pr 31, 10-31)
Foi a Mulher forte e sábia por excelência que apareceu em Fátima, no dia treze de Maio de 1917. E com a sua sabedoria simples, ensinou três pastorinhos a rezar e a amar sem limites. A Jacinta e a Lúcia não foram "Barbies"; foram santas. A sua beleza não foi exterior, mas interior. E que beleza! Leiam as Memórias da Irmã Lúcia, I e II, as primeiras sobre as aparições, as segundas sobre a vida familiar da Lúcia... As Barbies passam. As santas iluminam o céu da humanidade como estrelas cintilantes a brilhar na noite.
Neste mês de Maio, mês de Maria, rezemos pelas nossas meninas, para que cresçam em sabedoria, graça, fortaleza e simplicidade como a nossa Mãe e modelo, a Rainha dos Céus. Ámen!
E por falar em Maria: já fizeram os vossos terços artesanais? Enviem fotos para eu publicar!
A Lúcia é muito conhecida na missa. Ela gosta de passear pelos bancos, para a frente e para trás, sem fazer barulho (ao menos isso!) mas conversando com toda a gente. E no final sai bem recompensada! Às vezes são chocolates, outras são bolachas, outras um brinquedo... Um dia, a sua boneca recebeu uns sapatinhos de lã brancos. No domingo seguinte, ganhou um gorro vermelho. Fiquei com a sensação de estar a assistir a uma sã competição entre as avós da nossa paróquia, cada uma querendo fazer a melhor peça de roupa para o Nenuco...
Quando a Lúcia me identifica os "dadores" de tantos dons, e eu tenho a oportunidade de lhes agradecer em seu nome, escuto comentários como este:
- Tinha de lhe dar um presente, pois todos os domingos a sua menina me diz que estou linda!
Fico a pensar em Jesus. Na missa, nós damos-Lhe muito pouco... Afinal, uma hora em 168 horas que a semana tem, é mesmo pouco! Mas Ele dá-Se todo a cada um de nós.
Perguntaram um dia à Madre Teresa:
- Madre, não se assusta perante os milhões de pessoas que precisam da vossa assistência? Não desanima por não poderem socorrer a todos?
E a Madre Teresa respondeu no seu tom levemente brincalhão:
- Milhões? Eu abro a porta e só vejo um, um, um, um...
Depois acrescentou:
- Deus só sabe contar até um!
O Papa Francisco disse na homilia do dia 11 de janeiro:
"Deus ama-nos com um amor artesanal, ou seja, um amor feito à medida de cada um de nós."
Assim, durante a missa, Jesus caminha para a frente e para trás por entre os bancos, dizendo-nos palavras de amor ao ouvido do coração. A sua atenção não está na multidão que se junta na igreja, mas em cada um de nós individualmente, como se mais ninguém existisse.
Terminámos o tempo de Natal. Gosto de imaginar Jesus Menino, da idade da Lúcia, a dizer-me o quanto me ama. Já aos cinco anos, Jesus vivia para mim. É difícil acreditar nisto, mas é a mais pura verdade!