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O Evangelho dos cinco dedos

por Teresa Power, em 05.09.14

O David nasceu em setembro, quatro meses após a morte do Tomás. O seu nascimento esteve por isso envolto em muita emoção, e os dias passavam-se com muitas lágrimas onde a tristeza e a alegria, a saudade e a felicidade alternavam a uma velocidade relâmpago, empurradas pelas alterações hormonais do pós-parto.

 

Esta pequena história aconteceu quando o David tinha uns oito dias de vida. Ouvi tocar a campaínha. Era a carteira. Vinha na sua motorizada, como costume. Quase todos os dias parava à nossa porta com um embrulho novo, vindo de Lisboa, da Irlanda ou de Barcelona, com um presente para o nosso bebé recém-nascido. Fui abrir.

- Bom dia! Nova prenda! De onde vem esta hoje? - Perguntei.

- Bem, esta não vem de lado nenhum - Respondeu-me a carteira, a sorrir timidamente.

- Mas... Como assim? É um embrulho...

A carteira pareceu hesitar um instante. Depois explicou:

- Já dei conta de que o seu bebé nasceu, porque vejo tantos embrulhos todos os dias. Também dei conta de que o seu outro bebé morreu... Sim, trouxe tantos telegramas e cartas de condolências... Nós os carteiros sabemos tudo... Bem... Eu também tenho filhos, e tenho chorado ao pensar na sua história! Agora quero alegrar-me consigo: esta prenda é... minha!

Abri o embrulho, com lágrimas nos olhos. Trazia dentro um lindo babygrow e um gorro pequenino. Abracei a carteira, que sorria envergonhada.

 

Hoje é o dia da Madre Teresa de Calcutá. E em sua honra, é também o Dia Internacional da Caridade. Foi ao ler alguns pensamentos da Madre que hoje recordei esta pequena história. Nas suas visitas ao ocidente, a Madre repetia muitas vezes as mesmas perguntas: "Será que nós sabemos onde está o nosso irmão que sofre? Conhecemos a dor dos nossos vizinhos?" Quando lhe pediam para resumir o principal do Evangelho, a Madre costumava pegar na mão aberta do seu interlocutor e soletrar, tocando em cada um dos cinco dedos: "YOU DID IT TO ME" (A Mim o fizestes). Chama-lhe o Evangelho dos Cinco Dedos...

 

A carteira que servia a nossa rua, na Gafanha da Encarnação, estava atenta. Distribuir o correio era para ela ocasião de fazer o bem, de partilhar a dor e a alegria do seu próximo, vivendo no trabalho o Evangelho dos Cinco Dedos.

Cá em casa, estamos todos de volta à escola e ao trabalho. É altura de todos aprendermos a praticar o Evangelho dos Cinco Dedos! A história da Madre Teresa foi uma belíssima forma de recordarmos em família o essencial da mensagem de Jesus...

 

"«Senhor, quando foi que Te vimos com fome ou com sede e Te demos de comer e beber, despido e Te vestimos, preso ou doente e Te visitámos, estrangeiro e Te acolhemos?» «Sempre que o fizestes a um desses vossos irmãos mais pequeninos, a Mim o fizestes.»" (Mt 25, 37-40)

 

 

 

 

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publicado às 06:50



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