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Somos uma família católica, abençoada com seis filhos na Terra e um no Céu. Procuramos viver a fé com simplicidade e generosidade. Queremos partilhar com outras famílias a alegria de sermos Igreja Doméstica na grande família da Igreja Católica.
Este inverno tem sido luminoso, azul, e gelado. Lembra-me os invernos da minha infância, em Castelo Branco, onde eu precisava de mergulhar as mãos em água quente antes de praticar as lições de piano...
Cá em casa está muito frio. Na sala, o lume arde lentamente na lareira, mas os quartos estão gelados. Contudo, ninguém parece importar-se muito: quando os meninos estão a estudar, acendem um pequeno aquecedor a óleo; quando estão a brincar, nem dão pelo frio, porque brincar como eles brincam aquece o corpo e a alma!
Entre uma casa aquecida como as casas "do estrangeiro", e uma casa fria como a da minha infância e a nossa actual, claro que qualquer um escolheria a primeira. Eu sofro bastante com o frio e adoraria poder passear-me de manga curta entre a cozinha e os quartos! Mas fico contente por não poder escolher, pois sei que a falta deste conforto extra me faz melhor ao espírito. E porquê? Porque como já disse e repeti várias vezes neste blogue, um bocadinho de desconforto, um bocadinho de dificuldade, ajuda-nos a crescer!
- Este ano, pela primeira vez em muitos anos, o frio chegou na altura certa - dizia-nos o senhor Manel, dono da mercearia onde compramos fruta e vegetais - e isso significa que a fruta vai ser boa!
Santa Teresinha do Menino Jesus confessou, no final da sua vida de 24 anos, que o maior sofrimento físico da vida conventual fora... o frio. Imaginem a França do final do século XIX, um convento antigo, em pedra, uma única lareira no coro, onde as irmãs se reuniam, e depois o frio gelado das celas pobres e despidas, aonde se chegava atravessando os claustros descobertos... Santa Teresinha tinha uma única coberta remendada para se aquecer durante a noite, e nunca ouvira falar em aquecimento central, naturalmente. Confessou que muitas noites não era capaz de dormir, tal o frio que sentia! Hoje, a maior parte dos conventos estão bem aquecidos, mas nem por isso têm mais habitantes.
Claro que não vamos ficar nem deixar os nossos filhos ficar acordados de noite com o frio; mas também não precisamos de os tratar - a eles e a nós - como "coitadinhos", incapazes de sofrer algum tipo de desconforto! Façamos deles homens e mulheres fortes nos pequenos detalhes da vida, capazes de aceitar, com um descontraído encolher de ombros, pequenas contrariedades - como por exemplo, e no meu caso, o frio. Porque se o frio e as pequenas dificuldades da vida chegarem na altura certa, os frutos serão certamente muito bons no verão...
"Servo bom e fiel, porque foste fiel em coisas de pouca monta, muito te confiarei." (Mt 25, 21)
A Lilian conhece este blogue desde março passado. Contudo, nunca tinha tido a oportunidade de participar num retiro connosco. Ansiava pelo dia, que tardava em chegar. Finalmente, decidiu que não ia continuar a esperar por conseguir reunir a família no dia do retiro: iria sem o marido, que estava a trabalhar, e iria com os seus três filhos. O Retiro de Natal era a oportunidade que não queria perder!
Mas alguns dias antes do retiro, ambos os seus carros sofreram uma avaria. Estaria pelo menos um deles arranjado a tempo de rumar a Fátima? Sexta à noite, recebi um e-mail da Lilian: os carros estavam prontos para viajar. Graças a Deus!
Sábado de madrugada, a Lilian pôs-se então a caminho, com os seus filhotes. Ainda não tinham chegado a Leiria quando percebeu que tinha um furo. E agora? Aflita, telefonou ao marido. "Continua a conduzir devagar, se queres mesmo ir ao retiro, e quando chegares a Fátima trocas o pneu", respondeu-lhe ele. Entre orações, com os quatro piscas, a oitenta a hora na autoestrada, a Lilian continuou caminho. Chegou a Fátima quando eu estava a começar o ensinamento. Entrou na sala do Centro Pastoral Paulo VI com um sorriso triunfante de perfeita felicidade. Nada conseguira impedi-la de fazer o Retiro de Natal!
Depois do nosso piquenique, a Lilian pediu ajuda para mudar o pneu. Toda a "caravana" se dirigiu então ao parque de estacionamento. Tenho imensa pena de não ter tirado uma fotografia da cena que se seguiu, para vos mostrar, porque foi das melhores a que já assisti! O Niall disse-me que nunca tinha visto um pneu sobresselente tão agarrado ao carro. Seja como for, os excelentíssimos senhores participantes no Retiro iam fazendo turnos para ver qual seria capaz de arrancar o dito pneu da mala do carro, para de seguida proceder à substituição. Nós assistíamos, a rir, a tanta azáfama! Por fim, alguém descobriu o segredo que segurava o pneu, e o trabalho ficou concluído. Grande Lilian, vencer todos os obstáculos que a separavam de Fátima, e oferecer-nos uma cena tão divertida como corolário da sua aventura!
Eu sei que há leitores deste blogue com obstáculos bastante maiores para ultrapassar antes de poderem fazer um retiro connosco. Mas também sei que, para Deus, nada é impossível. É o que nos diz o Evangelho nestes dias de Natal:
"Exulta de alegria, estéril, que não tinhas filhos, entoa cânticos de júbilo tu que não davas à luz, porque os filhos da desamparada são mais numerosos do que os da mulher casada. É o Senhor quem o diz." (Is 54, 1)
O nosso Deus faz milagres quando encontra um coração disponível, humilde e atento. Pacientemente, dia a dia, trabalhemos na conversão do nosso coração. Preocupemo-nos apenas em transformar o nosso interior e retirar os obstáculos que nos separam do Senhor, e que são sobretudo o nosso orgulho e o nosso pecado. Então Deus retirará os obstáculos que nos ultrapassam, porque não dependem de nós, mas do nosso conjuge, dos nossos filhos, dos nossos empregadores, das nossas finanças, da nossa saúde. E como a Lilian, chegaremos à meta com um sorriso triunfante...
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