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Somos uma família católica, abençoada com seis filhos na Terra e um no Céu. Procuramos viver a fé com simplicidade e generosidade. Queremos partilhar com outras famílias a alegria de sermos Igreja Doméstica na grande família da Igreja Católica.
Hoje é dia de festa: Dia de Todos os Santos, conhecidos e desconhecidos, casados, consagrados, sacerdotes, solteiros, jovens, crianças, idosos… Cá em casa não há "Halloween" (que está cada vez mais associado a cultos satânicos), mas em vez disso, há certamente quem se disfarce do seu santo padroeiro! Depois mostro-vos - claro, noutro post
“São poucos os que se salvam?” Perguntaram um dia os discípulos a Jesus. No Apocalipse, encontramos a resposta:
"Depois disto, apareceu na visão uma multidão imensa que ninguém podia contar, de todas as nações, tribos, povos e línguas. Estavam de pé com túnicas brancas diante do trono e diante do Cordeiro, e com palmas na mão..." (Ap 7, 9)
Todos somos chamados à santidade. A Palavra de Deus é antiga:
“Sede santos, como Eu, o Senhor, sou santo.” (Lv 19, 2)
O Niall e eu escolhemos fazer este caminho de santidade através um do outro, pelo sacramento do matrimónio. Da nossa procura da perfeição faz parte esta atribulada história sobre o planeamento familiar. Aqui fica pois o próximo capítulo desta nossa “novela", na sequência deste post:
Eu sei que é costume o casamento acontecer na terra da noiva. Mas nós decidimos antes casar em Fátima, na terra da nossa Mãe comum, Maria. Portanto, na véspera do casamento, tanto eu como o Niall andávamos a passear por Fátima – ele com a sua família, eu com a minha, evitando encontrarmo-nos, para não estragar a surpresa do dia seguinte.
E foi assim que, separadamente e sem combinarmos, ambos nos fomos confessar (apesar de o termos feito há muito pouco tempo em Aveiro), para que o nosso “traje nupcial” fosse realmente uma "túnica branca" diante do "Cordeiro". Em Fátima é tão fácil aceder ao sacramento da reconciliação!
De novo – separadamente e sem combinarmos – ambos fizemos a mesma pergunta ao sacerdote que nos confessou: como podíamos planear a nossa família? E finalmente, sob o olhar maternal de Maria, que sempre nos valeu, a tão procurada resposta chegou:
- O que tu queres saber está na Humanae Vitae, a encíclica do Papa Paulo VI. Podes comprá-la na livraria ali ao lado. E aproveita para comprar também um livro sobre o Método Billings.
- Sobre o quê? - Eu era mesmo ignorante...
- Sobre o Método Billings. O Método da Ovulação, descoberto pelo casal Billings. B-I-L-L-I-N-G-S.
Este sacerdote (terá sido o mesmo para os dois?) estava pois em sintonia com o que, agora, o papa Francisco diz à Igreja: "A única forma de ajudar nesta crise da família é ser claro nas ideias e nos valores." (Homilia do encontro internacional com o movimento de Schoenstatt, 25 de outubro)
Ao sair do confessionário, dirigi-me imediatamente à livraria Verdade e Vida, onde encontrei os dois livros. E nesse mesmo dia, na minha ânsia de obter respostas, li grande parte de ambos! Li pelo menos o suficiente para deitar fora a tal caixinha do medicamento que me fora prescrito; e para deixar de me afligir com o tema.
Durante o dia do nosso casamento, consegui trocar algumas palavras a sós com o Niall (sabem como é difícil falar a sós nesse dia!), e ainda nos rimos com as coincidências da nossa aventura da véspera. Só eu comprara os livros, pois na altura o Niall não conseguia ler bem português.
Os esposos Billings, médicos australianos e católicos, já tinham nove filhos quando a encíclica Humanae Vitae (Paulo VI, 1968) foi publicada, e não tinham qualquer intenção de canalizar a sua inteligência para contestar os ensinamentos papais; mas há algum tempo que a vinham canalizando para auxiliar a Igreja nesta grande e nobre tarefa de acompanhar os casais no seu planeamento familiar. A obediência, como eu disse neste post, é fonte de imensa criatividade! Eles acreditavam que Deus dotara a mulher de sinais evidentes e simples da sua fertilidade. Restava saber: que sinais?
Anos de estudo deram origem ao Método Billings, com uma eficácia (reconhecida pela OMS) igual ou superior à da pílula, e sem qualquer tipo de contra-indicação. Os dois cientistas receberam vários doutoramentos honoris causa e correram o mundo divulgando o seu método junto de todo o tipo de populações, das mais cultas às mais analfabetas, inclusive na China, sempre ao serviço da Igreja e da vida.
(O casal Billings com S. João Paulo II)
Os métodos de planeamento familiar natural, com destaque para o Método da Ovulação, ou Método Billings, são portanto saudáveis e ecológicos, o que não deixa de ser importante numa sociedade cada vez mais preocupada com as questões do ambiente. Mas acima de tudo, estes métodos são compatíveis com a visão de matrimónio que nos é proposta por Jesus no Evangelho.
Dentro do livro sobre o Método Billings, vinha um folheto informativo sobre uma das associações que, em Portugal, promove o planeamento familiar natural: o MDV (Movimento de Defesa da Vida). Durante o nosso primeiro ano de casados, estando eu já grávida pela primeira vez (uma gravidez que terminou num aborto espontâneo), tivemos a oportunidade de fazer este curso, realmente fascinante. Finalmente, alguém me ajudava a contemplar e a entender a beleza do ciclo feminino e da sexualidade humana!
Só muito mais tarde conheci a "Teologia do Corpo", as catequeses de S. João Paulo II que, ao longo de quatro anos de pontificado, aprofundaram o tema do matrimónio. Uma maravilha! Vale a pena comprar livros ou ver vídeos sobre o tema.
Na sequência do post de ontem, vários leitores deste blogue tiveram a gentileza de me informar que nos sábados dia 8 e dia 15 deste mês de novembro vai decorrer em Lisboa novo curso de planeamento familiar natural, promovido pela Associação Família e Sociedade. Este curso tem a grande vantagem de proporcionar aos casais acompanhamento médico na sua aprendizagem do método proposto. A ficha de inscrição vem no site. Nem esta associação, nem o MDV têm qualquer orientação confessional, pelo que todos, sem excepção, estão convidados a fazer estes cursos. Aliás, segundo me informaram, a grande procura não vem de casais católicos, mas de casais... ecologistas!
Foi fácil aprender o planeamento familiar natural? Não. Desengane-se quem achar que o pode conseguir sem capacidade de renúncia, sem grandes doses de paciência e sem um imenso amor!
Valeu a pena aprender o planeamento familiar natural? Sim, absoluta e infinitamente. A liberdade de amar com todo o meu ser e de me sentir amada e respeitada nos momentos de fecundidade e de infecundidade cíclica, a descoberta do poder do desejo e do poder da renúncia são inestimáveis. Nada se lhes compara!
Resulta, o planeamento familiar natural? Connosco, resultou a cem por cento! Aliás, neste momento conheço tão bem o meu corpo, que seria quase impossível engravidar sem querer... Temos o número de filhos que decidimos ter, decisão essa que nunca é definitiva, mas a cada ciclo retomada em clima de oração. Uma das diferenças em relação à pílula é que não decidimos hoje que queremos engravidar daqui a alguns meses, mas decidimos hoje que queremos engravidar... hoje! A contracepção nunca nos permitiria ter tomado algumas das decisões que tomámos, num momento de paixão, e que resultaram em "surpresas" maravilhosas
Este post já vai longo… Deixo-vos ainda dois links: este para o testemunho de um casal cristão durante o recente sínodo dos bispos; e este para o testemunho de casais muito jovens no jornal i. O primeiro fez-me sorrir, porque me revi nos seus argumentos; o segundo deixou-me cheia de santa inveja: quem me dera ter tido esta clareza de pensamento no dia do meu casamento! Boas leituras…
Que a Festa de Todos os Santos seja para as famílias cristãs um verdadeiro desafio à santidade, donde emana a fonte da felicidade. Repetindo as palavras do Papa Francisco no sábado passado, "os únicos que renovaram a Igreja foram os santos." Ámen!
Quando vou a Fátima, gosto de contemplar o Santuário do cimo da colina, onde se erguem as belíssimas estátuas de S. João Paulo II e do beato Paulo VI. Foi com a ajuda destas estátuas que contei aos meus filhos alguns episódios das vidas destes dois grandes santos!
(S. João Paulo II)
(Beato Paulo VI)
De joelhos, estes dois homens de Deus foram a Fátima entregar a sua vida e o seu pontificado a Nossa Senhora, a "Mãe da Igreja", como foi proclamada pelo novo beato em 1964, perante o aplauso espontâneo de todos os Padres conciliares. Como diz o Papa Francisco, "a Igreja sem Maria torna-se num orfanato"!
De joelhos sobre o monte. Paulo VI escreveu nos seus apontamentos:
"A luz do castiçal queima e consome-se sozinha. Mas tem uma função, a de iluminar os outros, a todos, se possível."
De joelhos sobre o monte, queimando a luz do seu castiçal, Paulo VI experimentou o mistério do sofrimento. Até onde o seu olhar abarcava, ele assistiu ao desmoronar de esperanças e ao renascer de ódios e conflitos; viu sacerdotes abandonarem o seu sacerdócio, religiosas deixarem as suas congregações, famílias inteiras sair da Igreja por não a conseguirem entender.
De joelhos sobre o monte, Paulo VI foi criticado e caluniado, até hoje.
De joelhos sobre o monte, Paulo VI experimentou a imensa alegria de se identificar cada vez mais com Cristo Crucificado, também Ele sobre o monte de onde contemplamos o mundo...
Foi Paulo VI quem instituiu o rito da Via Sacra no Coliseu na Sexta-feira santa! Ele sabia muito bem que a Igreja só poderia renascer fazendo a experiência da cruz, sinal inconfundível da presença de Deus.
Quando penso em Paulo VI, lembro-me das palavras de S. Paulo ao seu querido Timóteo, sacerdote por ele ordenado:
"Não te envergonhes de dar testemunho de Nosso Senhor (...) Quanto de mim ouviste, na presença de muitas testemunhas, transmite-o a pessoas de confiança, que sejam capazes de o ensinar também a outros. (...)
Adverte os eleitos seriamente em nome de Deus que não se envolvam em litígios de palavras. Isso não serve para nada e leva à ruína dos ouvintes. Esforça-te por te apresentares diante de Deus como trabalhador digno e irrepreensível, interpretando rectamente a Palavra da verdade. (...)
Peço-te encarecidamente, pela vinda de Jesus e pelo seu Reino: proclama a Palavra, insiste em tempo propício e fora dele, convence, repreende, exorta com toda a compreensão e competência. Virão tempos em que o ensinamento salutar não será aceite, mas as pessoas acumularão mestres que lhes encham os ouvidos de acordo com os seus próprios desejos. Desviarão os ouvidos da verdade e divagarão ao sabor de fábulas. Tu, porém, controla-te em tudo, suporta as adversidades, dedica-te ao trabalho do Evangelho e desempenha com esmero o teu ministério." (2Tm)
Caramba! S. Paulo escreveu para Timóteo... ou para Paulo VI?
Termino com as palavras do nosso querido Papa Francisco, na homilia da missa da beatificação:
"A respeito deste grande Papa, deste cristão corajoso, deste apóstolo incansável, diante de Deus hoje só podemos dizer uma palavra tão simples como sincera e importante: obrigado! Obrigado, nosso querido e amado Papa Paulo VI!"
(Amanhã começo a contar-vos como os ensinamentos de Paulo VI entraram na nossa vida... É uma longa história!)
Beato Paulo VI, roga por nós! Roga pelas famílias cristãs, que necessitam de tanta misericórdia, tanto cuidado, tanto enfaixar de feridas - mas também tanto desafio à santidade!
Hoje, no Vaticano, Paulo VI foi beatificado, e queremos dar graças a Deus por tão grande dom à sua Igreja. Quanta gratidão para com quem, com sofrimento e coragem, soube acreditar em Deus e na sua criatura, o Homem!
Obrigada, papa querido, por não teres tido medo de desafiar a tua Igreja, em especial as famílias, à santidade, no meio do terramoto em que viveste. Queremos ser herdeiros da tua grande coragem e da tua grande misericórdia... Roga por nós!
(Quando tiver um pouco mais de tempo, dedicarei mais umas palavras a tão grande papa e ao que ele fez - sem o saber - pela nossa família... a sério!)