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Somos uma família católica, abençoada com seis filhos na Terra e um no Céu. Procuramos viver a fé com simplicidade e generosidade. Queremos partilhar com outras famílias a alegria de sermos Igreja Doméstica na grande família da Igreja Católica.
Os dias têm sido difíceis cá por casa. Primeiro foi a gripe, que decidiu atacar a família um a um, num mês que, nos anos anteriores, já costumava ser, para nós, de praia e afins. Olhem só para a imagem do nosso início de maio:
Depois, uma série de problemas profissionais nas nossas vidas, que nos têm deixado um pouco em baixo, bem como toda a problemática da escola que escolhemos para os nossos filhos e que eles não querem deixar.
Maio é também o mês em que festejamos a entrada do Tomás no céu, há dez anos atrás. Nestes dias, e enquanto vou arrumando a casa e limpando o pó às estantes, preciso de um grande esforço de vontade para evitar folhear os albuns de fotografias ou remexer na caixa das recordações; porque se busco um Tomás terreno, corro o risco de me desligar do verdadeiro Tomás, que é eterno, como tão bem explica o Papa Francisco em A Alegria do Amor:
"O amor possui uma intuição que lhe permite escutar sem sons e ver no invisível. Isto não é imaginar o ente querido como era, mas poder aceitá-lo transformado, como é agora. Jesus ressuscitado, quando a sua amiga Maria Madalena O quis abraçar intensamente, pediu-lhe que não O tocasse para a levar a um encontro diferente." (nº255)
Como se não bastasse, a canalização na nossa casa tem-nos dado muito que fazer: o contador da água sempre a rodar, a conta mensal de água sempre a triplicar, e nós sem descobrir a origem do problema. Foi preciso esburacar o jardim um pouco por todo o lado para ir arranjando furo atrás de furo, mas parece que ainda não está tudo no sítio... Um quadro desolador:
Mas não é a qualidade da saúde da nossa família ou a qualidade da canalização da nossa casa que mais nos tem entristecido: é a qualidade moral do nosso país, lei após lei, decisão após decisão. Vamos esburacando o "jardim" à procura de um furo, e quando o encontramos, já outro faz rodar o contador da água e elevar a fatura moral para níveis insuportáveis. Os "buracos na relva" são tantos, que já não podemos falar de um "jardim à beira-mar plantado", mas antes de um deserto... O pecado, que destruiu o Jardim do Paraíso, continua a corromper todos os nossos jardins.
No início deste mês, como todos os anos, as estradas encheram-se de peregrinos a caminho de Fátima. E quando o Papa Bento XVI nos veio visitar, foram milhares a querer vê-lo de perto. Ouvi dizer que já está tudo lotado em Fátima para a visita do Papa Francisco, que ainda nem sequer foi confirmada. Pergunto-me o que estará errado na educação católica do nosso povo. Onde estão os milhares, quando chega a hora de votar ou de nos manifestarmos? Que fizemos da nossa fé? O que queremos verdadeiramente dizer, quando afirmamos que somos católicos? Como podem as pessoas afirmar-se católicas, ir à missa, comungar, e simultaneamente apoiar ou mesmo militar em partidos que aprovam o aborto, a eutanásia, as barrigas de aluguer e tudo o mais que por aí vem? Tantas perguntas que me têm ocupado a mente e o coração...
E as Famílias de Caná a surgir, cada vez com maior clareza, dentro de mim como uma resposta do Senhor. O "vinho melhor" que Jesus prometeu e ofereceu em Caná já está entre nós, nesta ânsia de evangelizar toda a família, dos mais pequeninos aos mais crescidos, dos bebés batizados assim que nascem aos avós que não se cansam de contar histórias da Bíblia.
Permitam-me que vos lance um desafio: vamos fazer uma grande corrente de oração e jejum por Portugal! Vamos oferecer ao Senhor as nossas "bilhas" e suplicar-Lhe que faça hoje o milagre de Caná, para que o vinho da fé, da esperança e do amor nunca acabe no nosso país! Comecemos hoje mesmo a rezar e a jejuar do que acharmos melhor, e façamo-lo a sério, para doer. Estão dispostos? Nove dias por Portugal, todos os leitores de Uma Família Católica e todos os que, a partir de vocês, se quiserem unir a nós!
"Então se abrirão os olhos do cego, os ouvidos do surdo ficarão a ouvir, o coxo saltará como um veado, e a língua do mudo dará gritos de alegria; porque as águas jorrarão no deserto, e as torrentes na estepe. A terra queimada mudar-se-á em lago, e as fontes brotarão da terra seca..." (Is 35, 5-7)
- Sabes, mãe, uma coisa que me acontece? Não suporto filmes violentos, e à vista de sangue quase que desmaio. Mas quando é o sangue de Jesus, parece que é diferente... Não me custa contemplar!
- Sim, Clarinha, é natural... O sangue de Jesus é a nossa salvação, não é verdade?
- Comigo também acontece assim! Quando penso no sangue de Jesus sinto-me bem, e não tenho medo.
- Claro, David... Jesus deu a vida por nós, e contemplar a sua entrega na Cruz traz-nos paz, não agitação.
- Na catequese, o João e a Isabel levaram uma coroa de espinhos. Os espinhos são os pecados.
- A coroa estava linda, Lúcia!
- Coitadinho de Jesus! Com uma coroa assim na cabeça!
- E pensar que continuamos a magoar Jesus, todos os dias, com os nossos pecados...
- Achamos que são espinhos pequenos, que não valem nada, mas ai! Os espinhos magoam tanto! Mesmo os pequenos!
- Quando nos picamos num pequeno pico ficamos logo aflitos. O que o nosso pecado faz a Jesus...
"Foi ferido por causa dos nossos pecados. O castigo que nos salva caiu sobre Ele. Pelas suas chagas fomos curados." (Is 53, 5)
- Já ouviste a canção da Danielle Rose "Crown of Thorns"?
- Tu estás sempre a cantá-la e a tocá-la na guitarra, Clarinha! Acho que já todos ouvimos cá em casa!
- A primeira vez que a escutei fartei-me de chorar...
Deixo-vos com a canção da Danielle Rose, esta maravilhosa cantora católica norte-americana:
- Niall, estive a fazer uma pesquisa na net sobre a Meriam Ibrahim. O livro que me ofereceste não conta senão os detalhes que já conhecia dela, e deixou-me bastante intrigada.
- E que descobriste tu? Adivinho que encontraste a resposta que procuravas. Anda, conta lá!
- Adivinhaste bem. Descobri que a Meriam está muito desgostosa com a pressa que todos têm em escrever sobre ela. Diz que não entende como é que jornalistas e produtores de cinema querem escrever e, inclusive, fazer um filme sobre a sua história, quando ela ainda a não contou...
- Não contou?
- Não. Ela diz que 75 por cento da história ainda está escondida no seu coração, e que portanto, quem escreve a história antes dela a contar, está a escrever baseado nos 25 por cento de informação que passou nos meios de comunicação social.
- Imagino... Imagino a dor que sente!
- A traição. Perceber que falam e escrevem do que não sabem para serem os primeiros a ganhar com a história... A jornalista que escreveu o livro que tu me ofereceste soube dar a volta à questão, porque essa jornalista não narra a história de Meriam Ibrahim, mas a sua própria participação em todo o processo de libertação. Mas Meriam insiste que tem o direito a contar a sua própria história.
- Tem toda a razão!
- Ela diz que no Sudão foi condenada à morte com base em falsas informações, sem nunca ter sido ouvida; e agora, nos E.U.A., sente-se de novo como que condenada à morte, ao ver livros e filmes surgirem sobre ela - sem nunca ter sido ouvida! É quase irónico...
Ficamos um bocado em silêncio. Depois o Niall continua:
- Sabes, Teresa, tudo isto faz-me pensar na forma como as pessoas falam umas das outras. Com que facilidade julgamos os outros a partir de informação que ouvimos, que lemos por alto, que outros inventaram e espalharam...
- Sim, é um perigo enorme. Tenho para mim que os pecados de maledicência e murmuração são dos pecados mais graves que podemos cometer. E tenho sempre muito receio de cair neles!
- É fácil cair neles. Quantas vezes, no meio de uma conversa, insinuamos alguma coisa sobre alguém, por meias palavras... O nosso interlocutor, por sua vez, irá contar essa nossa impressão a outra pessoa, e talvez use palavras que não usámos... Ás vezes basta uma troca de olhares, um sorriso malicioso, um acenar com a cabeça, e pecamos gravemente.
- A Palavra de Deus é muito clara. Quantas advertências, na Bíblia, contra a maledicência e a murmuração! S. Tiago dedica um capítulo inteiro da sua carta ao assunto. Nós costumamos pensar que os primeiros cristãos eram comunidades modelo, mas a única comunidade modelo foi a casa de Jesus, Maria e José. As primeiras comunidades tinham os seus problemas, e segundo S. Tiago, a maledicência era um deles.
- Tal como as nossas comunidades paroquiais hoje em dia... Em todos os tempos! É tão fácil falar dos que se expõem um bocadinho mais, dos que têm maior visibilidade... Jesus é muito paciente, mas deve ficar muito triste.
- Escuta o que diz S. Tiago:
"Vede como um pequeno fogo pode incendiar uma grande floresta! Assim também a língua é fogo, é um mundo de iniquidade; entre os nossos membros, é ela que contamina todo o corpo e, inflamada pelo inferno, incendeia o curso da nossa existência." (Tg 3, 5-6)
- Bem, a verdade é que nós próprios já fomos vítimas destas labaredas destruidoras... Uma pessoa acende um pequeno fósforo, e quando damos conta, o incêndio já não é controlável. Era bom se a vida tivesse, como os blogues, uma aplicação para "moderação de comentários"!
- Mas não tem. Não foi assim com Jesus também? Não foi Ele condenado à morte com base em falsos testemunhos? E traído de morte por um dos seus amigos?
- De facto, o discípulo não é maior que o Mestre... Meriam Ibrahim sobreviveu à forca, sobreviverá também a esta guerra de palavras, que tanto a procuram exaltar, como humilhar, tanto inventam para o mal, como para o bem. Vou continuar a esperar que conte a sua história, ela mesma, e nos maravilhe com o seu testemunho. Todos temos a aprender com ela.
- Aguardemos então pelo seu próprio livro!
- Olha, queres ver o vídeo que eu encontrei de uma entrevista com a Meriam? Ela é lindíssima, e as suas palavras são verdadeiramente tocantes. Explica na entrevista que a parte conhecida da sua história são apenas os últimos minutos... Diz que vai dedicar o resto da vida a ajudar cristãos perseguidos, e simplesmente a cumprir a vontade de Deus. Se Ele quiser, voltará ao Sudão. O sofrimento, diz ela, fortaleceu a sua fé em Jesus. Nunca se perguntou: "Porquê eu?" Sabe que a dor é um teste, e que Deus nunca, nunca nos deixa sós. E agora a sua vida é uma verdadeira missão. Vê! Vou mostrar-te...
Vejam vocês também connosco, ou leiam a reportagem aqui! O inglês utilizado é simples e acessível. Reconhecemos uma testemunha de Cristo quando nos cruzamos com ela. Meriam é, sem qualquer dúvida, uma testemunha de Cristo, luminosa e bela...
Hora de oração familiar. No Canto de Oração, lemos as leituras do dia. O Evangelho é de S. João, e relata-nos a cura de um paralítico junto à piscina de Betzatá, em Jerusalém. Os meninos escutam com atenção.
"Estava ali um homem que padecia da sua doença há trinta e oito anos. Jesus, ao vê-lo prostrado e sabendo que já levava muito tempo assim, perguntou-lhe: «Queres ser curado?» Respondeu-lhe o doente: «Senhor, não tenho ninguém que me meta na piscina quando se agita a água, pois enquanto eu vou, algum outro desce antes de mim.» Disse-lhe Jesus: «Levanta-te, toma a tua enxerga e anda.» E no mesmo instante, aquele homem ficou são, tomou a sua enxerga e começou a andar." (Jo 5, 5-9)
- Mãe, por que é que Jesus pergunta "Queres ser curado?" Não é óbvio que o pobre homem queria ser curado?
Todos se riem, divertidos. Mas a pergunta de Jesus é uma pergunta aberta, séria, que procura uma resposta também séria, como todas as suas perguntas no Evangelho - e segundo o padre Ronchi, que está a pregar os exercícios espirituais da Cúria Romana, os Evangelhos trazem cerca de 220 perguntas de Jesus...
- Nem todos os que estão doentes querem ser curados - Explico.
- Como assim?
- Talvez os que estão doentes no corpo manifestem geralmente vontade de serem curados. Mas os que estão doentes no espírito, nem sempre...Vocês não têm amigos que se portam mal nas aulas, todos os dias, e que não têm qualquer disposição para mudar de atitude? Ou meninos que dizem não entender a Matemática e por isso já nem sequer abrem o livro quando o professor manda?
- Sim!
- É o que Jesus quer dizer! Só muda, só se converte quem o deseja realmente. Claro que, mesmo depois de desejarmos mudar, iremos cair muitas e muitas vezes; mas sem vontade, nada se consegue, e nunca seremos verdadeiramente curados!
- Acho que já estou a perceber...
É mais fácil permanecer no pecado do que mudar de vida. O Papa Francisco refere muitas vezes aquilo a que chama "pecados de estimação", ou seja, os pecados que não temos qualquer intenção de deixar de cometer, dia após dia, confissão após confissão - e a falta de arrependimento impede a graça do sacramento da confissão, como ensina o Catecismo...
"Queres ser curado?"
É mais fácil dizer que não temos tempo, do que encontrar alguns minutos para a oração; é mais seguro convencermo-nos a nós mesmos que não é da nossa responsabilidade mudar o mundo, do que dar o nosso tempo, o nosso suor, o nosso esforço numa qualquer obra de apostolado ou solidariedade da Igreja; é bem mais simples desculparmo-nos com um "não sou capaz" do que esforçarmo-nos por mudar de rotinas, de hábitos, de práticas, de vida; é mais confortável descartar os desafios do Senhor como demasiado exigentes, do que seguir atrás da sua Cruz.
"Queres ser curado?"
A pergunta de Jesus é séria, e exige uma resposta. Sabemos que Jesus só olha à nossa boa vontade, pois na sua omnipotência, Ele faz o trabalho mais difícil... Porque não aproveitar a quaresma para responder ao Senhor?
Grande agitação na minha turma do Curso Vocacional.
- Meninos, por favor, sentem-se! Mas que se passa? O que aconteceu?
- Foi a J. Ela colocou umas fotos no Facebook sobre uns assuntos que já se espalharam por todo o lado.
J. chora a um canto.
- Pronto, meninos, párem com essa conversa. De certeza de que J. já está arrependida do que fez. Vamos esquecer!
- Esquecer como, professora? Todo o mundo pode ver! A professora não sabe que já não dá para apagar? O que está online está online!
- Sim, e não adianta ela dizer que não é verdade, porque todos o podemos provar!
- E agora está cheia de problemas, e por isso é que está a chorar. Se desse para voltar atrás...
A conversa prolonga-se por toda a aula, sem que eu tenha a capacidade (ou o jeito) para a interromper e para ensinar algum Inglês. J. sai para apanhar um pouco de ar, e regressa com grande tristeza. Uns choram com ela, outros riem, outros encolhem os ombros, outros lançam mais achas para a fogueira.
J. precisa de aprender a lidar com a internet, e creio que o susto que apanhou lhe servirá de lição, a ela e aos colegas. Mas as novas gerações, que vivem no mundo real e no mundo virtual quase indistintamente, que assistem aos grandes "reality shows" modernos e que se comprazem na descoberta dos pecados alheios também precisam de aprender algo sobre o perdão.
Lembro-me da história do Evangelho, em que uma mulher, apanhada em flagrante delito de adultério, é conduzida à presença de Jesus. O evangelista recorda um pormenor curioso, aparentemente sem qualquer importância:
"Jesus, inclinando-se para o chão, pôs-se a escrever com o dedo na terra." (Jo 8, 6)
É difícil, hoje, um jovem recuperar de um pecado grave passado, pois a internet e os telemóveis não perdoam, e no espaço virtual não há absolvição. Deus, pelo contrário, não coloca os nossos pecados online, não os revela ao mundo inteiro num grande Big Brother televisivo, nem os escreve na pedra ou no bronze: inclinando-Se para o chão, Deus escreve os nossos pecados sobre a areia... E uma única onda do seu amor misericordioso apaga-os de uma vez.
Hora de oração familiar. Sentados no sofá da sala, o Canto de Oração iluminado, a Porta Santa chamando-nos à conversão. Leio em voz alta a primeira leitura, do Livro do Levítico.
- Que livro é esse, mãe?
- O Livro da Lei do povo de Deus. Os Primeiros cinco livros da Bíblia são também chamados os livros de Moisés, e formavam a Lei de Israel. Neste livro vamos encontrar muitas palavras de Deus, que nos ensinam como nos devemos comportar. Vamos ouvir?
"Assim fala o Senhor: «Sede santos porque Eu, o Senhor, sou santo. Que cada um de vós respeite a sua mãe e o seu pai, e guarde os meus sábados (...) Não te vingarás nem guardarás rancor aos filhos do teu povo, mas amarás o teu próximo como a ti mesmo.»"
(Lv 19, 1-18)
- O que é vingar-se? - Pergunta a Lúcia.
- É pagar com o mal, o mal que te fazem. Por exemplo, um menino empurra-te, e tu empurra-lo de volta. Um menino estraga-te uma caneta, e tu rasgas-lhe um desenho. Isso é vingança.
A Lúcia fica calada, assente com a cabeça, e continuamos a oração, com a leitura do salmo e do Evangelho e com a recitação do terço. E é precisamente durante o terço que eu reparo num brilho estranho nos seus olhos.
- Lúcia, estás bem? - Pergunto. Ela assente de novo com a cabeça, mas eu percebo que nada está bem, e as lágrimas começam a rolar pela sua face. No final da oração pego-lhe ao colo e, enquanto o pai deita os mais novos, converso com ela.
- O que se passa, Lúcia?
- Mãe, eu não sabia que a vingança era pecado. Eu já fiz isso muitas vezes com os manos, porque eu não sabia. Eu achava que podia fazer se eles me faziam também. E nunca me confessei disso... Achas que agora tenho o coração metade limpo e metade sujo?
- Não, Lúcia, não acho. Acho que tens o coração todo limpo, e sabes porquê? Precisamente por causa dessas tuas lágrimas marotas... Porque tu estás arrependida de teres feito esses pecados. E o que lava o coração é o arrependimento! No preciso instante em que tu ficas triste por teres feito uma coisa feia e pedes perdão a Deus, Ele perdoa-te de imediato.
- E como faço eu para pedir perdão a Deus?
- Queres rezar comigo o Ato de Contrição?
- Sim.
- Então vamos. Dá-me a mão... "Meu Deus, porque sois tão bom, tenho muita pena de Vos ter ofendido. Ajudai-me a não tornar a pecar!"
O rosto da Lúcia abre-se num largo sorriso.
- Agora já estou limpa? Mas eu ainda não me confessei...
- Lúcia, o teu coração está todo limpo. Podes estar descansada. O teu arrependimento, a tua tristeza e o ato de contrição que acabaste de fazer são suficientes para apagar os pecados leves. Jesus abraçou-te de imediato cheio de alegria!
- O meu pecado era pequenino?
- Era porque tu não sabias que o estavas a fazer. A partir de agora já tens de ter mais cuidado, claro, porque já sabes. Tu estás a aprender, Lúcia, e Jesus está felicíssimo contigo esta noite porque aprendeste uma coisa nova. Mas quando fores à confissão da próxima vez, deves confessar-te deste pecado, porque Jesus fica contente quando somos capazes de confessar as nossas culpas sem receio ao sacerdote.
- Quantos anos é que tu tinhas quando descobriste que a vingança era pecado? Eras mais pequena do que eu?
- Oh, não, era bem mais crescida! Lembro-me de ficar sem falar com as minhas amigas durante alguns dias quando me zangava com elas, e olha que era mais velha do que tu. Pouco a pouco fui aprendendo e fui-me esforçando por ser melhor.
- Ah! Agora eu já sei e também vou ensinar às minhas amigas.
Levo-a ao colo para a cama e dou-lhe um beijo de boas noites. O seu rosto ilumina.
- Boa noite, mamã!
- Boa noite, querida!
A Lúcia já dormia há muito tempo, e eu continuava a meditar nesta nossa conversa. Embora pequenina, a Lúcia acabava de experimentar uma das mais duras realidades do pecado: a tomada de consciência de que somos capazes de o cometer, de que não somos as pessoas imaculadas que imaginávamos ser. Foi a descoberta de S. Pedro, naquela noite de lua cheia, em que o galo cantou a sua traição; a descoberta de S. Paulo, caindo do cavalo perante a revelação de que todo o seu zelo tinha sido orientado contra o alvo errado; a descoberta do Rei David, quando o profeta Natã lhe contou uma pequena história sobre a ovelhinha do pobre e David se apercebeu do gravíssimo e duplo pecado cometido contra Urias; e a descoberta de todos nós, que olhando para o nosso passado, nos damos conta da quantidade de erros que cometemos julgando estar a fazer algo sem gravidade.
Que fazer, nestes momentos de revelação? Primeiro, agradecer. É verdadeiramente uma graça imensa que Deus nos faz, sermos confrontados com a nossa miséria antes da hora da nossa morte! Não há caminho mais seguro para uma verdadeira humildade, e sem humildade não é possível ser santo.
Depois, pedir perdão e confessar-se com simplicidade e confiança, acreditando de verdade (e é difícil acreditar...) que não há nenhum pecado que o Senhor não possa lavar por completo.
E finalmente, agradecer de novo outra e outra vez, pois não há nada mais belo sobre a Terra do que experimentar a misericórdia de Deus como uma torrente de vida dentro de nós.
O Jubileu da Misericórdia é o tempo de graça que o Senhor nos oferece para uma profunda e completa revisão de vida. Então experimentaremos a verdadeira alegria, a alegria que nasce das lágrimas...
"Se o pecador renunciar a todos os pecados que cometeu, se observar todas as minhas leis e praticar o direito e a justiça, ele deve viver, não morrerá. Não serão lembradas as faltas que cometeu, e viverá..." (Ez 18, 21-22)
Hoje o António faz seis anos. Ena, é difícil acreditar que já passaram seis anos desde aquele dia em que o tomei nos meus braços pela primeira vez, bebé pequenino mas tão cheio de força, de doces olhos castanhos... Seis anos!
- Há quanto tempo não escrevo um post sobre as birras do António! - Comentei eu outro dia com o Niall.
- É verdade! Até nos esquecemos de que ele fazia tantas, tantas birras! Quando foi a última vez que fez uma?
- Nem consigo lembrar-me...
O António cresceu. Um crescimento cheio de desafios e lutas interiores, que ele, apesar da sua tenra idade, tão bem tem sabido gerir. Birra após birra, o António foi tomando consciência de como o seu comportamento precisava de afinação. Rezou, com a sua confiança infantil, pedindo a Jesus que o ajudasse a ser bom.
- Todos os dias peço ao Jesus para ser bom, sabes, mãe? Quando me deito, antes de adormecer...
E Jesus atendeu a sua oração pura. Já vão longe, as birras que duravam uma manhã inteira, ou que deixavam o António especado no chão, imóvel e inamovível, a gritar, perante os olhares surpresos de quem passava e a minha triste impotência. Já vão longe, as birras que nos faziam perder a paciência e reagir com palavras ou gestos violentos, de tão cansados ficávamos. Agora, as birras do António duram apenas alguns segundos, o suficiente para ele se dominar e acalmar. E nós suspiramos de alívio.
O mesmo carácter forte que se manifestava em birras sucessivas, revela-se agora numa força interior invejável. De todos os nossos filhos, nenhum supera o António em fortaleza! Confiante e seguro de si, o António adora novos desafios e não tem medo de nada. Se o Francisco encontrar uma salamandra no jardim, é o primeiro a ter coragem para pegar nela, antes de a devolver à natureza:
Se é preciso cuidar da horta, levar os cães a passear, limpar o galinheiro, ajudar o pai a montar qualquer coisa ou simplesmente varrer o chão da garagem, o António é o primeiro (ou o único...) a oferecer-se. Assim, teve direito, no ano passado, a considerar suas as flores que nasceram no nosso jardim, pois foi ele quem as semeou e quem as acompanhou, desde a terra à jarra no Canto de Oração:
Patins, bicicletas, bolas, árvores, nada o assusta e tudo ele gosta de dominar com mestria.
As lágrimas sempre prontas deram lugar a gargalhadas também sempre prontas, e o António enche a casa de felicidade.
O António mostrou-me que lá onde residem as nossas maiores fraquezas podem também residir as nossas maiores virtudes, se nos abrirmos à graça divina; porque a teimosia pode ser transformada em fortaleza, a mesma vontade insistente que nos faz persistir na birra pode ser transformada na vontade insistente que nos torna santos. Não foi assim que S. Paulo passou de perseguidor dos cristãos para o seu maior apóstolo, e que Pedro passou de pescador de peixes a pescador de homens?
Aprendi com o António a pedir o auxílio da graça divina na construção do meu caráter. Como ele, também eu peço ao Senhor todos os dias que me faça boa, e que transforme os meus maiores defeitos nas minhas maiores virtudes. Disse o Papa Francisco:
"Se levantarmos o olhar humilde do nosso pecado e das nossas feridas para o Senhor, e deixarmos pelo menos uma abertura à acção da sua graça, Jesus faz milagres também com o nosso pecado, com aquilo que somos, com o nosso nada, com a nossa miséria." (in O Nome de Deus é Misericórdia). Como diz S. Paulo:
"Onde abundou o pecado, superabundou a graça." (Rm 5, 20)
Bem hajas por tudo o que me ensinas a cada dia, querido filho. Parabéns, António!
- Mamã, se não fosse o pecado das macieiras, agora vivíamos no paraíso?
- O quê?
- O pecado das macieiras! Sabes, aquela história da Bíblia!
Gargalhada geral. Estamos na hora da oração e da catequese familiar diárias, e falávamos da guerra do mundo e da paz que Jesus quer trazer a todos os homens de boa vontade.
- Quem te disse que eram macieiras? Na Bíblia só fala em árvore de fruto!
- Vá, não gozes, responde-me!
Ficamos mais sérios. É preciso responder... Todos olham para mim, com muita curiosidade. Eu também estou curiosa, claro! Como posso eu falar de pecado original a uma criança de nove anos? Bem, pelo menos o dogma do pecado original é o dogma mais simples de comprovar. Basta olhar à nossa volta para entender que o pecado nos é anterior, que o pecado atinge todas as pessoas nas suas consequências como uma onda que, na praia, engole justos e injustos. Os atentados de Paris e as guerras do mundo inteiro estão aí como sinais evidentes do poder do mal.
- David - Começo - a origem do mal é um mistério muito grande, que ninguém pode explicar totalmente. Mas a grande notícia é que já conhecemos o fim da história! Vês a Bíblia? Eu já li o fim do livro. O fim do livro diz que a paz vai triunfar, que Jesus vai ser aclamado Rei por toda a Terra. O Advento não recorda apenas a vinda de Jesus, há dois mil anos atrás; é também a nossa preparação para a sua vinda em cada dia, na Igreja, e para a sua vinda no fim dos tempos, esses tempos que Deus já visitou e que nos promete serem felizes! A Bíblia, David, é um livro com um final feliz!
O David, que tem alguma tendência para o medo, parece mais descansado.
- Mas se não fosse a história das macieiras...
- Se não fosse o pecado de Adão e Eva, não teríamos tido a história maravilhosa de Maria e de Jesus. Logo no início da Bíblia, Deus promete-nos Maria e Jesus para que Eles possam vencer o mal na nossa vida. Ora lê:
"Farei reinar a inimizade entre ti (a serpente) e a mulher, entre a tua descendência e a descendência dela. Ela esmagar-te-á a cabeça e tu tentarás mordê-la no calcanhar." (Gn 3, 15)
- Há uma oração muito antiga que diz: "Bendito o pecado de Adão, que nos mereceu um tão grande Redentor!" Sabes, David, se Deus não fosse capaz de fazer o bem triunfar, não teria permitido o mal! Deus é capaz de tirar o bem mesmo do que é mau. Da humanidade pecadora, Deus foi capaz de fazer surgir Maria, sem qualquer mancha de pecado...
- É por isso que dizemos que Maria é conseguida sem pecado?
- Lúcia, quantas vezes te dissemos que não é conseguida, mas concebida?
- Não é a mesma coisa?
- Não: concebida quer dizer que Maria foi formada totalmente pura já na barriga da sua mamã.
- Ah!
Luís e Zélia Martin, pais de santa Teresinha, recentemente canonizados em conjunto, rezavam diariamente em família diante de uma belíssima imagem de Nossa Senhora das Vitórias. A Imaculada Conceição é verdadeiramente a grande vitória do povo cristão, Aquela que nos oferece a vitória divina do bem sobre o mal. Num dia treze de maio, muito tempo antes de Fátima, esta imagem sorriu a Teresinha, curando-a milagrosamente da sua doença. Desde então tem sido venerada como a Virgem do Sorriso:
(imagens tiradas da net)
Lembrei-me do sorriso de Maria perante esta divertida catequese familiar que tivemos. Certamente que, no céu, escutando a nossa conversa sobre macieiras, Maria nos sorri e nos abraça com carinho, enquanto esmaga a seus pés o nosso pecado!
No ano passado compus uma novena bíblica para prepararmos juntos o grande dia da Imaculada Conceição. Deverá começar hoje, dia 30 e terminar no dia 8. Querem voltar a fazê-la connosco? Aqui fica pois, com a promessa da nossa oração por todos vós nestes dias santos. E que a Senhora do Sorriso nos ajude a vencer sempre o mal com o bem, a guerra com a paz, o ódio com o amor! Novena da Imaculada Conceição.pdf
Esta semana ainda, fica prometido um post sobre o nosso Canto de Oração de Advento...
- Está, senhor padre? Sim, é o Niall... Tudo bem? Senhor padre, aqui em casa vive uma família de pecadores! Sim... Estávamos aqui a ver se o senhor padre tinha um buraquinho no seu horário para nós, esta tarde! Queríamos confessar-nos antes do retiro de amanhã... Que bom! Vamos já para o carro, assim eu os consiga encontrar a todos nos próximos cinco minutos. Até já!
Logo que o Niall desligou o telefone, corri para o jardim:
- Meninos, vamos confessar-nos! Depressa, para o carro!
- Vamos todos?
- Sim, Francisco, temos de levar todos, claro! Não temos com quem deixar o António e a Sara. Eles ficam por lá a brincar enquanto nos confessamos.
- Mas eu também me quero conversar!
- Tu, António?
- Sim! Eu também me vou conversar!
- Tu ainda és pequenino, António. Já tens pecados?
- Então não tenho? Não te lembras das minhas birras? Nem das vezes em que eu bato na Sara?
- Ah... Lembrar, lembro muito bem! Então anda daí, que também te podes confessar!
O Catecismo da Igreja Católica diz que se pode confessar "todo o fiel que tenha atingido a idade da discrição" (CIC 1457). Se por "discrição" entendermos a consciência de pecado, então o António já tem a maior idade... Aos cinco anos já somos capazes de avaliar as nossas ações e de perceber quando praticamos o mal.
Pacientemente, o António esperou pela sua vez para se confessar, e fê-lo com uma enorme felicidade. Ao sair do confessionário, sorridente, abraçou-me e disse:
- Agora vou rezar um bocadinho no meu coração. Sabes, tenho o coração limpinho, sem nenhum pecado! Vais ver: quando chegar a casa vou portar-me sempre bem!
Com a cabeça no meu ombro, rezou a Jesus, enquanto os irmãos se confessavam. Depois, no pátio do Santuário, correu e brincou cheio de alegria, e cheio de Deus.
Olhando para ele a transbordar felicidade, lembrei-me das palavras de Jesus:
"Deixai vir as Mim as criancinhas, não as impeçais, porque é delas o Reino dos Céus." (Mt 19, 14)
Os sacramentos são poderosos encontros com Jesus, o Salvador. Confessar os nossos pecados, um a um, e escutar as palavras de perdão e salvação é uma das maiores graças que o Senhor nos faz a todos, pequenos e grandes, enquanto caminhamos nesta Terra...
- Mamã, temos de levar uma flor para Nossa Senhora, hoje na missa!
- Não é hoje, David, é no próximo sábado. Hoje será a bênção da imagem de Nossa Senhora Auxiliadora em Saída, e no próximo sábado, na catequese, todos os meninos levarão uma flor. A procissão é só no outro domingo.
- Mas há uma rosa tão bonita no jardim... Tão bonita mesmo!
Sair para a missa ao domingo de manhã é sempre uma grande corrida contra o tempo, e não pude concluir este breve diálogo com o David. Mas durante a Eucaristia apercebi-me de uma curta troca de palavras entre o David, acólito, e o celebrante, o padre Aníbal, que veio expressamente de Lisboa para a ocasião. O padre Aníbal inclinava-se para o David e sorria-lhe. Já em casa, ao almoço, perguntei:
- David, que te disse o padre Aníbal na missa?
- Disse-me para não ficar triste, que no próximo domingo posso trazer a flor.
Engoli em seco.
- Então tu estavas triste?
- Não. Quer dizer, antes da missa eu disse ao senhor padre que queria ter trazido uma rosa muito bonita, mas não tivemos tempo...
- Queres mostrar-me qual é essa rosa?
- Vem cá!
O David levou-me ao jardim, onde uma única rosa vermelha erguia as suas pétalas, triunfante.
- Tens razão. É mesmo bonita! Olha, fazemos assim: mais logo colhemo-la e levamo-la ao santuário. Pode ser?
Os seus olhos brilharam.
- Sim!
Estava eu a deitar a Sara para a sesta, quando o António apareceu a correr junto de mim.
- Mamã, a Lúcia destruiu uma flor vermelha e escondeu as pétalas! E as pétalas eram para os dois!
Senti o coração aos pulos. Uma flor vermelha?
- António, que flor é que ela destruiu?
- Vem ver - E o António levou-me ao jardim. Procurei com o olhar o vermelho brilhante da rosa do David. Mas no lugar da rosa, havia apenas um caule triste.
- Lúuuuuucia! - Gritei, exasperada. Ela apareceu a correr.
- O que foi, mamã?
- Que fizeste à rosa vermelha? QUANTAS VEZES TE DISSE QUE NÃO SE PODEM ARRANCAR AS FLORES DO JARDIM?
Ela ficou muito calada. A minha brusquidão fez surgir duas grossas lágrimas nos seus olhos esverdeados.
- O David queria levar a rosa a Nossa Senhora, Lúcia. - Expliquei-lhe, sempre muito irritada.
- Eu não sabia... A sério, eu não sabia...
- Mas não podes arrancar flores. As flores não são para destruir, são para colher e colocar em jarras. Destruir, não!
- Eu não sabia...
Ficámos as duas em silêncio. Eu procurava acalmar-me, como convém a uma mãe cristã. Depois, abracei a minha filha e pedi-lhe perdão pelos gritos. Não tinham sido necessários. Aliás, raramente são necessários, e geralmente são detestáveis quando os vemos nos outros. A Lúcia sorriu, feliz, perdoando-me de coração - cá em casa, temos um grande treino nestes gestos de pedir e oferecer o perdão - e continuou a brincar.
Agora faltava contar ao David.
- David, tenho uma coisa a dizer-te... Acho que a tua rosa... Bem, acho que temos de levar outra flor a Nossa Senhora.
- Porquê?
- Porque a Lúcia arrancou todas as pétalas. Ela não fez por mal, estava só a brincar...
O David ficou calado, depois o seu rosto iluminou-se:
- Podemos apanhar as pétalas e levá-las a Nossa Senhora! Deitamo-las no chão junto à sua imagem, como se faz nas procissões!
E foi o que fizemos.
Enquanto observava a alegria do David, cobrindo de pétalas o chão em redor da imagem de Nossa Senhora, fiquei a pensar...
Também eu tenho um jardim interior, um jardim criado por Deus, lá nos primórdios da criação da minha vida. É nesse jardim onde, como diz o Livro do Génesis, o Senhor gosta de passear pela brisa da tarde:
"Então ouviram o som dos passos de Deus, que passeava no jardim pela brisa da tarde." (Gn 3, 8)
No meu jardim interior há muito poucas rosas vermelhas de que me possa orgulhar. Eu gostava de poder escrever aqui que nunca perco a paciência, que nunca ralho sem razão, que sou sempre justa, que nunca me engano, que nunca me distraio na oração, mas nada disso é verdade. Como me escreveu uma simpática leitora deste blogue: "Às vezes tenho dificuldade em me aturar!" Fico com a sensação de passar anos e anos a construir virtudes, como quem faz crescer rosas com cuidado, para depois, numa fração de segundo, o meu pecado arrancar todas as pétalas e deixar à vista de todos apenas um triste caule. Um grito totalmente desproporcionado, e lá cai mais uma rosa por terra... De que valeram anos de esforço, se o meu jardim está cheio de rosas desfolhadas?
Mas dos braços de Maria, Jesus pareceu sorrir-me. E eu pensei escutar...
"Só há pétalas espalhadas pelo chão onde antes houve rosas. O que a Mim importa é que continues, todos os dias, a cultivar as tuas rosas, esforçando-te por praticar a Minha Palavra. O teu esforço cativa o meu Coração! Se depois, num segundo, o teu pecado arrancar todas as pétalas, não te aflijas. Quando não tiveres rosas para Me oferecer, ajoelha-te na poeira do teu chão e recolhe as tuas pobres pétalas, como o David fez. São-me mais agradáveis as pétalas recolhidas com a humildade de quem se sabe pecador do que as rosas oferecidas com o orgulho de quem se julga irrepreensível..."
Senhor, ensina-me a praticar o bem sem vaidade, recomeçando cada dia; e que o meu pecado nunca seja ocasião de desânimo na minha vida, mas antes fonte de humildade. Senhor, são para Ti todas as minhas pétalas...