Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Somos uma família católica, abençoada com seis filhos na Terra e um no Céu. Procuramos viver a fé com simplicidade e generosidade. Queremos partilhar com outras famílias a alegria de sermos Igreja Doméstica na grande família da Igreja Católica.
No domingo (ou na quinta-feira anterior, noutros países, tal como acontecia cá até há dois anos atrás), a Igreja celebrou a Solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo. Este mistério da Presença de Jesus no Pão e no Vinho consagrados já tinha sido celebrado na quinta-feira santa, naturalmente; mas nesse dia santíssimo, a nossa meditação centrou-se na instituição do sacramento, que antecipa a morte de Jesus na cruz. No domingo, a celebração do Corpo de Deus - o Corpo de Jesus, oferecido todo, até ao fim - centra-se na festa, na alegria, no louvor, na ação de graças.
A tradição diz que, neste dia, a Igreja deve sair à rua em solenes procissões. É preciso afirmar publicamente que acreditamos na Presença Real de Jesus entre nós, no sacramento da Eucaristia. Não será constrangedora esta caminhada de fé? Não será demasiado forte, para quem não é católico ou - e isto acontece cada vez mais - mesmo sendo, não acredita no milagre da Eucaristia? Sim, é. É preciso passar pela vergonha da nossa fé, pela humilhação de acreditar em algo tão pouco intelectual, tão pouco politicamente correto, tão desprezível aos olhos do mundo. Como pode aquele pedaço de pão ser Corpo de Deus? Como pode Deus abaixar-se tanto? A Eucaristia é e será sempre uma pedra de escândalo, como escandalosa foi a morte de Jesus numa cruz, Rei que morre como escravo. Na verdade, de todos os dons que Deus nos faz, este é o maior: o dom do seu amor entregue até ao fim.
Aqui em Anadia, o domingo foi um dia particularmente quente, e às seis horas da tarde só apetecia tomar um duche frio... No entanto, às seis horas da tarde começava a procissão, com a presença de todas as paróquias das redondezas. Não podíamos faltar! Embora não tenhamos ido todos, porque os mais pequeninos estavam mesmo muito rabugentos e cansados com o calor, e a caminhada ao sol ainda seria longa, fomos alguns.
O sol brilhava no céu, o suor escorria dos nossos rostos, mas diante de nós caminhava Jesus, o nosso verdadeiro Sol, o Senhor, o Rei, o Amigo, o Esposo:
- Vês, David, ali debaixo vai o Senhor, no ostensório... Vês a hóstia consagrada? Não percas Jesus de vista...
- Eu sei que é Jesus. Sei muito bem! E estou a olhar para Ele, sempre que me lembro!
- Isso, David. Não O percas de vista...
No chão, pétalas de rosas... As rosas desfolhadas da nossa fraqueza, do nosso pecado, da nossa falta de fé. E o Senhor tudo recolhe com carinho, contente com a nossa humildade.
- Não O percas de vista, Clarinha... Francisco, estás a tirar fotografias?
- Sim, mãe, e vou meditando também. É difícil concentrar-me neste calor, mas vou meditando!
Os altifalantes espalham pela cidade as palavras de Jesus: Pai Nosso...
E o eco devolve-as, depois de tocarem os corações: Que estais nos céus...
Quem está acostumado a visitar o sacrário e a perder-se alguns minutos em contemplação diante de Jesus-Eucaristia, sabe bem como Ele é fonte fresca nos dias de maior deserto interior.
"Quem tem sede, venha a Mim e beba! Quem crê em Mim, como diz a Escritura, do seu seio correrão rios de água viva!" (Jo 7, 37-38)
Não O percas de vista...
Jesus, que eu fixe em Ti o meu olhar e proclame sem medo que sim, que estás presente na Eucaristia, que estás presente e com poder, que ninguém Te vence em humildade, que só Tu para Te baixares até à poeira do chão e levantares o pecador, que o teu amor é suficiente para saciar a nossa fome e a nossa sede, e que um dia, inundará a Terra!
Ámen.
No domingo passado entrámos em cheio na maior semana dos cristãos, a mais bela, a mais santa, a mais solene e a mais misteriosa: a Semana Santa.
Para nós, foi uma entrada um pouco abrupta! Eu explico: acordámos de manhã com os saltos da Sara e do António sobre nós. Queriam entrar na nossa cama para um miminho. Acedemos e deixámo-nos ficar ainda mais um pouco, sem pressas, porque era bastante cedo (pensávamos nós...). Por fim, o Niall levantou-se para fazer as famosas panquecas, mas desistiu, porque não tinha farinha suficiente.
- Vou comprar pão. Vai levantando os meninos! - Disse-me, enquanto pegava nas chaves do carro para sair. Eu fui dar o pequeno-almoço à Sara e ao António, com muita calma, e deixei os outros dormir mais um pouco. Alguns minutos mais tarde, o Niall entrou em casa a gritar:
- Despachem-se! Teresa, larga tudo e vai para a igreja, que já devem estar à tua espera para a música! Corram!
- Calma, Niall, são oito e um quarto, temos tempo!
- Não são nada! A hora mudou, e já são nove e um quarto! Ouvi no rádio!
É o que faz não ver televisão! A missa de Domingo de Ramos começa às nove e meia com a bênção dos ramos...
Poupo-vos os pormenores dos dez minutos seguintes, com crianças a saltar das camas, estremunhadas, meninas a sair de casa sem se pentearem (só dei conta a meio da missa...), meninos a comer o pão pelo caminho.
- Ai o meu ramo! Não me posso esquecer do meu ramo!
- E eu queria levar um vestido!
- Não há tempo de escolher vestidos. Depressa, todos para o carro!
- Quero fazer chichi!
- E eu! E eu!
- Sim, Sara, e tu. Carro!
Às nove e meia em ponto, estávamos em frente da pequena igreja paroquial, onde se daria início à belíssima festa dos ramos. O David, todo orgulhoso, segurava a caldeirinha da água benta, ao lado do senhor padre. Respirei fundo, e procurei no meu coração a tranquilidade necessária para o que se iria seguir, pois apesar da minha confusão horária,
"Chegou a hora de se revelar a glória do Filho do Homem."
(Jo 12, 23)
Conseguem identificar o meu pequeno acólito?
Ao som de cânticos e ao ritmo da oração, fizemos uma pequena procissão entre a igreja paroquial e o santuário. Por fim, e com grande alegria, entrámos no santuário, proclamando a realeza de Jesus, como já o profeta Zacarias profetizara tantos séculos antes:
"Exulta de alegria, filha de Sião!
Solta brados de júbilo, filha de Jerusalém!
Eis que o teu rei vem a ti;
Ele é justo e vitorioso;
vem, montado num jumentinho, filho de uma jumenta!"
(Zc 9, 9)
Dentro da igreja, de ramos levantados em aclamação, cantámos e tornámos a cantar: "Deus é Rei!"
Obedecendo às palavras de Jesus, que gostava das crianças à sua volta e não admitia que as afastassem, na nossa paróquia os mais pequeninos sentem-se em casa e vão passeando pelos bancos e pelas coxias laterais, felizes. No domingo estavam especialmente contentes, de ramos na mão!
Pouco a pouco, a alegria dos ramos vai cedendo lugar ao mistério da Paixão, tal como aconteceu naquela primeira semana santa da História. A longa proclamação do Evangelho, relatando passo a passo a entrega de Jesus por nós, cai pesada no nosso coração silencioso. A solenidade destes dias instala-se, e toda a liturgia se adensa. Somos convidados a estar lá, em Jerusalém, no Templo escutando Jesus, no Jardim das Oliveiras fazendo-Lhe companhia, no Caminho da Cruz ao lado de Maria, Verónica e João, diante da sua imensa Cruz, a seu lado na nossa talvez, como o Bom Ladrão.
Jesus morreu por nós, e graças à liturgia, nós podemos estar junto d'Ele, sem barreiras de tempo e de espaço, no preciso momento em que Jesus nos dá a sua Vida. Na missa, todos os dias, mas com maior solenidade nestes dias santos, a Páscoa acontece aqui e agora. Nunca poderemos agradecer suficientemente ao Senhor a graça da Eucaristia!
Feliz Semana Santa para todos vós, queridos leitores! E se ainda não se deram conta de que "a hora chegou" e a Semana Santa está aqui, façam como nós: "saltem da cama" e apressem-se a correr ao encontro do Senhor...
No sábado e no domingo passados, a nossa paróquia celebrou a sua fé numa grande festa, que envolveu pequenos e grandes.
As festas da catequese são, na nossa paróquia, vividas por toda a paróquia e todos os grupos de catequese em conjunto. Assim também a chamada Profissão de Fé, que nós celebramos com solenidade nestes dias.
No sábado, convidámos S. Sebastião, esse grande mártir cristão, numa procissão simbólica pelas ruas da aldeia, para vir celebrar connosco. Entre cânticos e mistérios do rosário, as crianças da catequese e os seus pais trouxeram o andor da sua capela até ao santuário:
Depois, no santuário, o grupo de crianças que se prepara para a primeira comunhão - entre os quais o David - fez-nos um belíssimo ensinamento sobre o Papa Francisco. A Carla, a catequista, escreveu o texto, depois de ler muito sobre a vida do nosso querido papa, e o João, o catequista da Lúcia, vestiu-se de branco. Os meninos da primeira comunhão fizeram então uma visita imaginária ao vaticano e estavam carregados de perguntas!
Entretanto, os grupos de catequese juvenis e de preparação para o crisma fizeram a sua reflexão numa outra capela da nossa aldeia: a capela de S. Mateus, onde se venera Santo Amaro. Também ele foi "convidado" para celebrar connosco a fé cristã! Numa caminhada pontuada com oração e cânticos, os jovens trouxeram o andor de Santo Amaro até ao santuário.
No domingo, na missa, fizemos então a nossa profissão de fé. Os andores de S. Sebastião e de Santo Amaro recordavam-nos que vale a pena viver e morrer por Jesus:
Depois, ao rezarmos o nosso credo, professando a nossa fé, todos acendemos as velas baptismais:
Que significa, no mundo de hoje, professar a nossa fé? Que significa realmente dizer "Eu sou Cristão"?
Para muitas famílias das nossas paróquias, infelizmente, ainda não significa muito. Foram muitas as ausências nesta grande festa, talvez porque estava a chover, ou porque a missa foi antecipada meia hora e é difícil levantar cedo ao domingo depois de uma semana inteira de trabalho duro; ou talvez - e esta doi mais... - porque o nosso - o meu - testemunho de crentes ainda não é suficientemente contagiante.
Que significa realmente dizer "Eu sou Cristão"?
Para muitas famílias por esse mundo fora, significa arriscar a vida, como S. Sebastião; significa arriscar ser preso e viver pobre, ver os seus filhos morrer, perder a casa e os bens. Nunca é demais lembrar os milhares de irmãos nossos perseguidos e assassinados nos dias de hoje!
E para mim? Que significado tem acender a vela do meu baptismo e professar o meu Credo?
Faço-me cada vez com mais frequência esta pergunta. Serei verdadeiramente cristã, nos meus gestos, na minha forma de viver, na educação que dou aos meus filhos? Saberei realmente renunciar a cada dia ao meu conforto, aos meus interesses, à minha vaidade e ao meu amor-próprio, para seguir Aquele que deu a vida por mim?
"Vim trazer o fogo à terra, e que ânsias até que ele se ateie!"
(Lc 12, 50)
Será a chama da minha vela suficientemente forte, para atear à minha volta este fogo luminoso de amor?...
Na nossa terra, fazemos algumas procissões ao longo do ano. A minha preferida é a da Visitação, que aconteceu ontem, domingo. Depois da missa, saímos do Santuário na companhia de um andor especial, pois levava duas belas imagens: a de Nossa Senhora e a de sua prima, Santa Isabel. Na verdade, pouco tempo depois de saber que estava grávida,
"Maria partiu a toda a pressa para as montanhas, para uma cidade da Judeia. Entrou em casa de Zacarias e saudou Isabel. Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, o menino saltou-lhe de alegria no seio e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. Então, erguendo a voz, exclamou: «Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre! E donde me é dado que venha ter comigo a Mãe do meu Senhor?»" (Lc 1, 39-43)
Esta alegria contagiante entre Maria, Isabel e os bebés que ambas traziam no ventre é a essência do Evangelho. Jesus veio para nos fazer saltar de verdadeira alegria, como fez saltar João Baptista antes mesmo dele nascer; Jesus veio para nos pôr a caminho, como fez com Maria, que a toda a pressa foi visitar a prima idosa; Jesus veio para nos encher do Espírito Santo, como fez com Isabel, a primeira mulher a rezar a Avé-Maria!
E pusémo-nos a caminho...
Pelas ruas de Mogofores, na companhia de Nossa Senhora e de Santa Isabel, representadas naquelas imagens, nós pusémos em prática o mistério da Visitação: em cada casa onde havia um doente - previamente contactado pelos visitadores de doentes da paróquia - o senhor padre entrou e ungiu com o óleo o doente, administrando a Santa Unção, esse sacramento belíssimo de cura que Jesus nos deixou. Cá fora, nós cantávamos e rezávamos o terço. E desta forma tão simples, anunciámos ao mundo a alegria do Evangelho.
Na Vigília do Pentecostes de 18 de maio de 2013, o Papa Francisco disse:
"A Igreja deve sair de si mesma. Para onde? Para as periferias existenciais, sejam eles quais forem; mas sair. Jesus diz-nos: «Ide pelo mundo inteiro! Ide! Pregai! Dai testemunho do Evangelho!» (cf. Mc 16, 15). Devemos ir ao encontro e devemos criar, com a nossa fé, uma «cultura do encontro», uma cultura da amizade, uma cultura onde encontramos irmãos."
No mistério da Visitação, Nossa Senhora antecipou o pedido de Jesus no mistério da sua Ascenção: anunciar o Evangelho a todas as criaturas. Este ano, estas duas celebrações da Igreja aconteceram em dois dias seguidos - a Visitação, como sempre, a 31 de maio, e a Ascenção, no Domingo VII depois da Páscoa, que foi a 1 de junho. A nossa paróquia viveu estes dois mistérios numa mesma caminhada, numa mesma procissão. Quantas graças!
E falando em caminhadas - um leitor deste blogue sugeriu-me uma peregrinação muito especial, para a família inteira, que vai acontecer nos dias 13, 14 e 15 de junho no norte de Portugal: a Peregrinação Nacional das Famílias ao Santuário de S. Bento da Porta Aberta. Na verdade, as peregrinações são das formas mais eficazes de reavivar a fé, a esperança e o próprio amor entre os membros da família. E o verão é o tempo ideal para as fazer! Fica o desafio.
Que a Mãe da Visitação nos ajude a descobrir formas de, em família, caminhar a toda a pressa para cumprir o mandamento que Jesus nos deu no dia da sua Ascenção. Ámen!
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.