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Somos uma família católica, abençoada com seis filhos na Terra e um no Céu. Procuramos viver a fé com simplicidade e generosidade. Queremos partilhar com outras famílias a alegria de sermos Igreja Doméstica na grande família da Igreja Católica.
Na semana santa, o Niall e eu fomos a celebrações penitenciais diferentes, para que estivesse sempre um em casa com os mais novos. Assim, na quarta-feira santa à noite, foi a vez do Niall e do Francisco irem ao santuário confessar-se.
- Eu também preciso de ir - Disse o David, à hora de jantar.
- Precisas, David? Pensei que te tinhas confessado há duas semanas, na catequese!
- Pois foi, mas já fiz pecados muito feios depois disso e tenho de os confessar antes da Páscoa.
- OK, então vai com o pai e o Frankie. Come depressa, que as confissões começam às oito e meia!
O santuário, segundo contou o Niall, estava cheio. O David precisou de esperar pela sua vez, até finalmente conseguir confessar os seus pecados. Chegou a casa cheio de alegria.
- Então, David, confessaste tudo o que querias?
- Confessei. Agora estou prontinho para a Páscoa! O senhor padre que me confessou foi muito simpático. Ele disse para eu rezar o salmo do Rei David. Disse que era o salmo 50. Sabes qual é?
- Sei. Anda, vamos rezar os dois. Melhor: chama o pai e os manos, e rezamos todos!
O David assim fez. Então abri a Bíblia e pedi-lhe para ler:
"Tem compaixão de mim, ó Deus, pela tua bondade;
pela tua grande misericórdia, apaga o meu pecado.
Lava-me de toda a iniquidade;
purifica-me dos meus delitos.
Reconheço as minhas culpas
e tenho sempre diante de mim os meus pecados.
Lava-me e ficarei mais branco do que a neve.
Faz-me ouvir palavras de gozo e alegria
Desvia o teu rosto dos meus pecados
e apaga todas as minhas culpas...
Dá-me de novo a alegria da tua salvação!" (Sl 50)
- Cada um pode partilhar o versículo que mais o tocou - Sugeri.
- Eu gostei da parte da neve - Disse o David. - Os pecados podem ser muito sujos, mas ficam brancos como a neve depois da confissão.
- David, os teus pecados eram assim tão graves? - Eu começava a ficar preocupada.
- Eram. - O David pôs a sua cara mais marota - Posso contar-te, ou é segredo?
- É segredo para o padre! Eu explico: os sacerdotes não podem contar a ninguém o que ouvem em confissão, nem que os matem. Não podem mesmo! Isso seria um pecado gravíssimo. Por exemplo, não podem denunciar um criminoso a partir do que ouviram em confissão. Agora tu não és obrigado a fazer segredo dos teus pecados! Claro que também não tens de mos contar.
- Mas eu quero. O meu pecado foi ter enganado a Lúcia... E o outro ainda foi pior: bati no António! Mas eu já lhes pedi desculpa, e agora fui pedir a Jesus. Por isso agora estou perdoado.
- Pois estás. Que bom! Mais algum versículo que te recordes do salmo?
- Sim, aquele da alegria. Quando saí do confessionário senti-me tão, mas tão feliz! Sentia uma alegria muito grande no coração. Não, não era bem no coração, era no corpo todo, mas sobretudo nas pernas.
- Nas pernas?
- Sim: apetecia-me saltar de alegria!
Lembrei-me deste episódio nesta quarta-feira, ao ler a passagem dos Atos dos Apóstolos. Pedro e João cruzaram-se com um coxo que pedia esmola. E em vez de lhe darem uma moeda, que fizeram eles?
"«Não tenho prata nem ouro, mas o que tenho eu te dou: em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, levanta-te e anda.» E tomando-o pela mão, levantou-o. Nesse instante fortaleceram-se-lhe os pés e os tornozelos, levantou-se de um salto, pôs-se de pé e começou a andar; depois entrou com eles no Templo, caminhando, saltando e louvando a Deus." (At 3, 1-10)
Cada vez que entramos no confessionário, Jesus toma-nos pela mão e levanta-nos. Nesse instante, fortalecem-se as nossas pernas, como as do David, e podemos de novo saltar de alegria... Ámen! Aleluia!
Escrito pela Clarinha...
Nos domingos em que canto o salmo na missa, acordo nervosa e não tenho fome (sempre fui assim!). Quando chega a hora de subir ao altar começo a tremer mas logo faço uma pequena oração como: "Obrigada, meu Deus, porque me criaste!" E penso que Jesus me vai ajudar e vai cantar comigo. Por isso, quando estou pronta a começar, a voz sai clara, embora um pouco tremida.
Adoro cantar os salmos, especialmente em dias como o dia de Natal ou a Semana Santa. Os salmos de que eu mais gosto são os da quinta-feira e sexta-feira santas. "O Cálice de bênção é comunhão no sangue de Cristo" (Sl 115/116) e "Pai, em vossas mãos entrego o meu espírito" (Sl 30/31) são salmos que tocam o meu coração. Quando os canto, fico sempre a pensar como é possível Jesus ter morrido por nós, que somos tão insignificantes. Por isso canto: "Como agradecerei ao Senhor tudo quanto Ele me deu?" Gostava de conseguir entregar-me totalmente a Deus quando tenho problemas, como Jesus Se entregou na cruz.
Entre as quatro e meia e as oito e meia da tarde, não faço praticamente mais nada do que tomar conta da Sara. Ou melhor: faço milhares de coisas, mas tenho de as fazer enquanto tomo conta da Sara, sem lhe tirar a vista de cima um segundo sequer. Vou mostrar-vos porquê. Ora reparem na sequência:
E cenas como esta repetem-se a cada dois segundos. Sofás, mesas, cadeiras, tábua de passar a ferro, guitarras, brinquedos e até os cães funcionam para a Sara como óptimos escadotes, por onde ela trepa até alguém lhe lançar a mão e a fazer descer de novo. Se nos distraímos por um segundo sequer, aí vai ela direitinha ao chão! Já abriu o lábio, já bateu com a cabeça, já deitou sangue do nariz, e já foi apanhada no ar, em pleno voo, pelo Francisco, que se lançou no chão como um guarda-redes a agarrar a bola em frente da baliza - só que a "bola" era, claro, a cabeça da Sara! Enfim, pequenos acidentes sem consequências a manter-nos em alerta máximo. Resta-nos o consolo da experiência, que nos diz que em breve esta fase passará e poderemos respirar com algum alívio!
- Será que damos tanto trabalho a Deus como a Sara a nós? - Perguntou-me o Niall uma destas noites, quando descansávamos no sofá depois de todos se deitarem. Dei uma gargalhada:
- Talvez demos ainda mais trabalho a Deus... Passamos a vida a fazer disparates, a tomar as decisões erradas, a falar sem pensar, a agir sem rezar... Tal como a Sara, também nós fazemos birra quando Deus, no seu amor, nos coloca de novo no nosso lugar! E tal como a Sara, a maior parte das vezes nem sequer nos damos conta do perigo que corremos, e do quanto devemos ao amor do nosso Pai! De vez em quando, lá "rachamos o lábio" ou "batemos com a cabeça", mas nada de muito grave... Não admira que Deus confie cada um de nós a um anjo-da-guarda, pois sem ele, dificilmente encontraríamos o caminho para Casa! Quantas vezes o nosso anjo-da-guarda "se atirará ao chão", como um guarda-redes e como o Francisco naquela tarde? Ah, só no céu saberemos...
Diz o salmo 91 (90):
"Tu que habitas sob a protecção do Altíssimo
e te refugias à sua sombra,
diz ao Senhor: «Tu és o meu refúgio e fortaleza,
o meu protector, em quem confio!»
Pois Ele te livra do laço do caçador
e da peste maligna.
Ele te cobre com as suas plumas,
e debaixo das suas asas te refugias!
Sua fidelidade é um escudo e uma armadura.
Não temerás o pavor da noite,
nem a flecha que voa de dia,
nem a peste que ronda no escuro
nem a epidemia que devasta em pleno dia (...)
Pois aos seus anjos dará ordens a teu respeito
para que te guardem em todos os teus caminhos..."
A Lúcia e o António estavam na cozinha a fazer plasticina. Amassavam, moldavam, cortavam e faziam belos desenhos com as suas forminhas. Contentes, assim brincaram durante quase uma hora. Eu estava a cozinhar e a tratar da louça, que cá em casa é sempre muita... Foi quando a Lúcia perguntou:
- Mãe, é assim que Deus faz connosco?
- Assim como? - Perguntei, enquanto a via a moldar a plasticina com as mãos.
- Assim, como eu faço à plasticina - Explicou ela. E acrescentou: - Quando estamos na barriga das mães, claro.
Enxuguei as mãos e fui até à mesa. Peguei na plasticina e moldei-a também um pouco entre os dedos. Depois recordei-me de um dos meus salmos preferidos:
"Senhor, Tu sondas-me e conheces-me.
Sabes quando me sento e quando me levanto,
de longe penetras os meus pensamentos.
Sabes quando caminho e quando descanso,
todos os meus caminhos Te são familiares...
Envolves-me por detrás e pela frente
e sobre mim colocas a tua mão.
Pois foste Tu que me formaste,
Foste Tu que me teceste no seio de minha mãe.
Graças Te dou pela maneira espantosa
como fui feito tão maravilhosamente.
Meus ossos não Te eram encobertos
quando fui formado ocultamente
e tecido nas profundezas da terra.
Teus olhos viam o meu embrião
e em teu livro foram registados
todos os dias da minha vida
antes que um só deles existisse..." (sl 139/138)
- Sim, Lúcia, quando estavas na minha barriga, Deus moldava-te cheio de amor. Ele pensou em cada um dos teus cabelos, Ele escolheu a cor dos teus olhos, Ele desenhou o teu sorriso. Ele quis dar-te pés para correres e mãos para fazeres plasticina. Ele formou-te com tanto carinho, durante nove longos meses!
- E agora?
- Agora o quê?
- O que é que Deus faz agora? Já não estou na tua barriga!
- Agora Ele continua a tomar conta de ti, e se tu deixares, se fores assim maleável como essa plasticina, Ele vai tornar o teu coração cada vez mais belo... Na Bíblia diz que Deus gosta muito de fazer plasticina. Bem, diz que Ele gosta de barro. Diz assim:
"Como o barro nas mãos do oleiro, assim és tu nas minhas mãos, Israel" (Jer 18, 6)
Só precisas de fazer tudo o que Ele te disser!
- Como rezamos a Nossa Senhora Mãe de Caná?
- Exatamente!
Contente, a Lúcia continuou a moldar a sua plasticina...
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