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Somos uma família católica, abençoada com seis filhos na Terra e um no Céu. Procuramos viver a fé com simplicidade e generosidade. Queremos partilhar com outras famílias a alegria de sermos Igreja Doméstica na grande família da Igreja Católica.
- Acordem, meninos, depressa! Já está na hora! Temos de ir para Braga!
Não é fácil, ao sábado, acordar às seis e um quarto da manhã... Os meninos esfregam os olhos e voltam-se na cama:
- Só mais cinco minutos!
Uma hora mais tarde, no carro, rezamos o terço, e pedimos a intercessão de S. José, nesta sua solenidade, para o dia que temos diante de nós. Será a nossa primeira Missão Stop, e precisamos que todos os anjos e os santos nos acompanhem!
A ideia desta missão surgiu no dia em que o padre Pedro Boléo Tomé, sacerdote da Opus Dei, em Braga, foi convidado para orientar um retiro para jovens crismandos de duas paróquias da região. Há já algum tempo que nós partilhávamos com o padre Pedro a vontade de realizar uma Missão Stop, onde pudéssemos dar testemunho da nossa vocação conjugal e familiar a partir de uma abordagem da Teologia do Corpo, que S. João Paulo II tão bem desenvolveu e que o padre Pedro conhece em profundidade. Assim, o padre Pedro lembrou-se de convidar a Família Power para o ajudar neste retiro, e nós aceitámos com imensa alegria.
- Quem consegue ver primeiro o Sameiro?
- Onde? Onde?
- No cimo do monte? Ah, já estou a ver!
- É aquela cúpula? Que lindo!
O retiro tem lugar na Casa das Irmãs da Sagrada Família, no Sameiro, mesmo por detrás da Basílica. Quando Nossa Senhora escolhe assim lugares privilegiados para os nossos retiros, não consigo evitar a comoção. Que ternura maternal para connosco, chamar-nos à sua Casa na montanha! A chuva cai em abundância quando chegamos ao Sameiro, mas decidimos ali mesmo visitar a Basílica, atravessando a sua Porta Santa, no final do dia, de regresso a casa.
E o retiro começa...
Quarenta jovens. Alguns receios. Alguma resistência. Alguns telemóveis bastante ocupados com trocas de mensagens...
Quarenta pares de olhos que, pouco a pouco, se vão iluminando. Quarenta rostos que, pouco a pouco, se vão abrindo em sorrisos partilhados. Quarenta pares de mãos que, pouco a pouco, vão abandonando os telemóveis para se erguerem em cânticos de louvor e para aplaudir o Senhor...
O padre Pedro fala-nos ao coração e, com uma humildade e uma simplicidade cativantes, explica-nos como a Lei que Deus inscreveu nos nossos genes é perfeitamente inteligível à razão daqueles que buscam a felicidade. Com vídeos e histórias, desafia-nos a buscar o belo amor, o amor que, como o de Jesus, dá a vida pelo outro.
O Niall e eu partilhamos a nossa história desde os tempos de namoro. Foi engraçado, para mim, vasculhar nos albuns antigos, nos meus diários espirituais, na caixa em que guardo as cartas diárias do Niall durante os três anos de namoro... Ena, tantas memórias recuperadas! É giro partilhar histórias e memórias, lágrimas e gargalhadas...
O Francisco, com a sua magia evangelizadora, e o Niall, com os seus jogos divertidos, animam os momentos entre ensinamentos, permitindo a todos libertar a tensão e criar laços.
A Eucaristia é de festa: hoje, solenidade de S. José, Dia do Pai, partilhamos o testemunho grandioso de alguém que soube amar até dar a vida, em cada dia, por Maria e Jesus.
A adoração, os cânticos, o terço que vamos meditando, tudo nos ajuda a baixar as defesas e a aproximar-nos uns dos outros.
"Escrevo-vos, jovens, porque sois fortes, a Palavra de Deus permanece em vós e vencestes o Maligno." (1Jo 2, 14)
(Reparem ao fundo... Parece que anda alguém a subir aos telhados...)
(Ilusionismo... e Bíblia?)
(Que se passa com os sapatos de toda a gente? Será algum jogo maluco?...)
O retiro chega ao fim. Os jovens estão contentes e trauteiam as canções aprendidas. Chegou a hora de irmos visitar a Mãe, na sua Casa do Sameiro, como prometido. O padre Pedro acompanha-nos.
A chuva cai de mansinho, as cores do poente espreitam por entre as gotas de chuva, os sinos tocam a repique enchendo o ar de som. Tocam tão alto, que quase temos de gritar para nos fazermos ouvir. É estonteante.
De repente, os sinos calam-se. E a majestade silenciosa da montanha domina sobre tudo.
Como é bom contemplar a Criação ali, na Casa da Mãe! Felizes, os meninos sobem e descem a grandiosa escadaria. Depois entramos juntos na Basílica e saudamos Maria, que nos acolhe com o seu sorriso materno...
... E a semana sem net já terminou... Tanto, tanto para vos contar! Mas vamos por partes:
A nossa partida para férias coincidiu com o nosso 19º aniversário de casamento, dia 27 de julho. Que grande alegria! Os meninos estavam excitadíssimos, e os cães não paravam de pular – desta vez tinham direito a viajar connosco! O destino era uma pequena aldeia junto ao Parque Nacional da Peneda-Gerês, onde alugáramos uma casa de férias pequenina e simples.
- Vamos preparar um piquenique para o caminho? – Perguntou o Niall. Nós somos amantes de piqueniques, como já devem ter reparado.
- Bem, se o caminho é para norte, e se vamos passar por Braga, então sugiro o Sameiro…
- O Sameiro?
- Sim. O Santuário de Nossa Senhora, a sua casa no norte do país. Lembras-te? Fomos lá no Jubileu do ano 2000, quando estava à espera da Clarinha…
- Pois fomos!
- E casámos em Fátima… Faz todo o sentido celebrar o nosso aniversário em terra de Nossa Senhora, não achas?
E foi assim que rumámos ao Sameiro. Que maravilhoso santuário! O céu muito azul, a escadaria, a cidade dos homens lá em baixo sob o olhar atento de Maria, a cúpula a apontar para o céu…
No chão, nas pedras azuis e brancas, uma frase: “Mais bela, só no céu!” Veio-me ao pensamento o texto do Apocalipse:
“Depois apareceu no céu um grande sinal: uma mulher vestida de Sol, com a Lua debaixo dos pés e com uma coroa de doze estrelas na cabeça…” (Ap 12, 1)
De joelhos diante do altar, renovámos a consagração à Mãe de Caná, e pedimos a sua bênção para as nossas férias e a nossa vida. O nosso coração transbordava de ação de graças e de louvor perante tantas bênçãos, e perante esta bela prenda de aniversário! A paz e a alegria inundaram-nos a jorros. A vida é tão diferente, quando nos confiamos nos braços da Mãe, como crianças de colo que se abandonam sem medo! Com uma Mãe destas, que mal nos poderá acontecer?
Depois, enquanto rezávamos o terço e meditávamos nos mistérios da vida de Jesus, retornámos à nossa viagem, a caminho de umas das mais belas férias de sempre.
Mas sobre isso falamos amanhã :)