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Somos uma família católica, abençoada com seis filhos na Terra e um no Céu. Procuramos viver a fé com simplicidade e generosidade. Queremos partilhar com outras famílias a alegria de sermos Igreja Doméstica na grande família da Igreja Católica.
Quando o Senhor nos chama para orientarmos um Retiro Famílias de Caná, eu fico sempre cheia de curiosidade. Sim, curiosidade ante as surpresas que o Senhor nos reserva! Esta vida de missão tem-me revelado um Deus que nunca Se deixa vencer em generosidade. No Evangelho, Jesus disse:
"Quem der um copo de água fresca a um destes pequeninos por ele ser meu discípulo, não ficará sem recompensa." (Mt 10, 42)
Jesus não estava a brincar quando disse isto! Ele falava a sério. Na verdade, nos Retiros Famílias de Caná nós oferecemos aos pequeninos do Reino um pouco de água fresca, nas bilhas singelas da nossa vida; e que nos oferece Deus em troca? Amigos em todo o país e doses extra de felicidade!
É realmente giro escutar os mais novos a falar dos amigos que têm em Viana e na Raposa, em Almada e em Cascais, em Coimbra e em Proença; ou escutar o Francisco a conversar sobre cavalos com cavaleiros a sério, daqueles que o Francisco só via em filmes... e que agora são Famílias de Caná!
Bem, escutem então a surpresa deste nosso retiro:
A Clarinha foi para o Retiro de Proença a coxear, como se devem lembrar. Uma lesão nos ligamentos impedira-a de participar no espetáculo final do ano do clube de ginástica, arrancando à Clarinha muitas lágrimas e um sorriso de aceitação. Em vez de sessões de ginástica, a Clarinha passara a ter sessões de fisioterapia, mas a dor no joelho não cedia. E foi assim que chegámos ao retiro.
Ora quis a Providência Divina que uma das famílias participantes neste retiro - e que já conhecíamos do Retiro de Natal e do Retiro de Quaresma - fosse um casal de fisioterapeutas. O Tiago tem uma vasta experiência no trabalho com atletas de alta competição, bem como uma vasta experiência de ensino de fisioterapia como professor universitário. Enquanto caminhávamos da igreja paroquial para o seminário, depois da missa, fomos conversando, e lembrei-me de lhes falar da Clarinha.
- Terei todo o gosto em ver o que se passa com o seu joelho - Disse o Tiago, como se uma sessão de fisioterapia de alta qualidade, gratuita, no meio de um retiro fosse a coisa mais natural deste mundo.
Agradeci-lhe a generosidade, e depois do almoço, a Clarinha, de calças de ganga, deitou-se num dos bancos compridos do seminário. O Tiago manipulou o joelho da Clarinha através da ganga, durante algum tempo, sem recorrer a qualquer tipo de instrumento. Meia hora mais tarde, a Clarinha apareceu ao meu lado, com um sorriso de orelha a orelha:
- Mãe, estou curada!
Olhei para a minha filha sem conseguir falar. Como podia ser isso? Depois sorri, piscando interiormente o olho a Jesus, capaz de me surpreender a cada dia com a sua generosidade. E lembrei-me que o grande objetivo do retiro era encontrarmo-nos pessoalmente com o mesmo Cristo que passou na Galileia fazendo o bem e curando todas as doenças... Naquela tarde de domingo, como há dois mil anos atrás, Jesus passou e tocou a minha filha, devolvendo-lhe a saúde. Fê-lo através da generosidade e do talento de um outro seu filho muito amado, porque acima de tudo, Deus gosta de fazer os seus milagres através uns dos outros!
Ontem, a Clarinha regressou aos treinos de ginástica e às piruetas na praia. A sua felicidade transbordante encheu o meu coração de gratidão. Que o Senhor abençoe quem assim nos ajudou! E que o nosso coração seja sempre um coração agradecido. Ámen!
A nossa viagem de regresso começou ainda não eram quatro horas da manhã:
À saída do aeroporto, em Lisboa, enfiámo-nos de novo o melhor que pudemos no carro de sete lugares, sabendo no entanto que, em casa, nos esperava o nosso carrinho de cinco lugares já bem arranjado (felizmente foi apenas o motor de arranque!) e pronto para novas aventuras...
Quando, finalmente, chegámos a casa, foi uma festa! A algazarra dos cães, dos gatos e das galinhas, a alegria de toda a Criação com que Deus nos abençoou, as flores no jardim, os tomates e as alfaces na horta, tudo festejou a nossa chegada!
Os cães não paravam de pular à nossa volta, excitadíssimos. Estavam muito bem cuidados, graças ao amigo do Francisco que, todas as tardes, os levava a passear.
Ao entrarmos em casa, esperavam-nos muitas surpresas. Logo à entrada, um enorme cartaz desejava-nos as boas vindas. Fora preparado com amor por uma Família de Caná que nos ajudou a tomar conta dos animais:
Mais à frente, no frigorífico, outra bela surpresa: o almoço pronto a comer, com direito a sobremesa, deixado na véspera com muito carinho pela "avó portuguesa"!
E muitas outras surpresas nos esperaram, deixando-nos sem palavras para poder agradecer, e com o coração cheio de gratidão. Deus, que vê o que está oculto, tratará de recompensar a generosidade de quem assim nos quer tanto bem!
Durante o resto da tarde, enquanto eu desfazia as malas e o Niall tratava do jardim e dos animais, os meninos brincaram com os cães e os gatos, correram pelo jardim e redescobriram os seus brinquedos. A Clarinha agarrou-se à guitarra, tocando música após música, depois de quase duas semanas sem tocar, e encheu o ar de canções.
É bom regressar a casa, sentir a presença de tantos amigos e da família portuguesa, saborear a alegria da vida com que Deus nos abençoou e continua a abençoar. No Canto de Oração, e como por um milagre de Deus, as plantas cresceram na nossa ausência. Acendemos as velas, pegámos nas guitarras, e dançámos, louvando o Senhor que nos criou...
Este mês, propus às Famílias de Caná um ensinamento sobre a parábola do tesouro e do campo:
“O Reino dos Céus é semelhante a um tesouro escondido num campo. Quem o encontra, esconde-o de novo e, cheio de alegria, vai vender tudo o que tem e compra o campo.” (Mt 13, 44)
A cada um de nós, Deus confiou um campo: a nossa casa, a nossa família, a nossa vida. Somos responsáveis pelo nosso campo, como o Principezinho era responsável pelo seu pequeno planeta. Diz-nos o Evangelho que foi neste campo que Deus escondeu um tesouro!
O nosso campo é cada vez mais vasto e mais belo, pois deixou de ser apenas a nossa família para incluir as Famílias de Caná. E o tesouro, esse, faz com que tudo o resto seja apenas lixo...
(Passeando pelas ruas da nossa aldeia, utilizando meios de transporte variados :) no dia do nosso 18ºaniversário de casamento)