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Somos uma família católica, abençoada com seis filhos na Terra e um no Céu. Procuramos viver a fé com simplicidade e generosidade. Queremos partilhar com outras famílias a alegria de sermos Igreja Doméstica na grande família da Igreja Católica.
Na sexta-feira à noite, como tinhamos aqui anunciado, fomos participar no Painel da Vida Consagrada, em Aveiro, a convite do senhor bispo.
O Painel era às nove horas da noite, pelo que foi preciso sair de casa pouco depois das oito horas. O Francisco e a Clarinha ficaram encarregues de deitar os irmãos e fazer as tarefas rotineiras do nosso serão - tratar dos cães e dos gatos, fechar as portadas da casa, etc. Estávamos a chegar a Aveiro quando recebemos um sms da Clarinha: "Os manos pequeninos já estão a dormir. O David, o Francisco e eu estamos a rezar o terço. Adoramo-vos. Bjs." Suspirei, e entreguei-os de novo a Deus, numa breve oração. Também o Niall e eu rezáramos o terço durante a nossa viagem, unidos de coração à família que ficara em casa.
No Salão da Sé de Aveiro esperava-nos uma assembleia de irmãs, a grande maioria já de bastante idade. Olhavam para nós um pouco surpresas: que teria um casal a dizer sobre os votos de pobreza, obediência e castidade? Que percebíamos nós desse assunto? Suspirei novamente... Mas de repente, quatro caras conhecidas: a Lena, a Vera e o casal Menício - quatro belos membros de Famílias de Caná. Não estávamos sós! Logo depois, chegou o senhor bispo. Agora sim, sentimo-nos em casa!
O encontro começou. Os consagrados deram o seu testemunho, que muito nos impressionou, especialmente a história da vocação de uma irmã jovem, da Aliança de Santa Maria, congregação também jovem e bem portuguesa. Que palavras inspiradoras! Tive pena que o Francisco e a Clarinha não pudessem escutar o seu testemunho.
Por fim, tivemos a palavra. Tal como planeáramos, falámos à vez, partilhando a nossa vivência dos conselhos evangélicos de pobreza, castidade e obediência, ajudados pelos slides com fotografias da nossa família, para que não houvesse qualquer dúvida da escola que frequentamos: uma família católica.
Podem as famílias viver a sua vida como uma consagração total ao Senhor, seguindo os conselhos evangélicos de pobreza, obediência e castidade? Claro! Todos, sem exceção, somos chamados a seguir Jesus deixando tudo para trás - pai, mãe, marido, esposa, filhos, terras, bens, emprego... Deixar tudo para trás? Sim: centrar em Deus o nosso coração. E como Ele prometeu, receberemos a cem por um - receberemos de volta o pai, a mãe, o marido, a esposa, os filhos, as terras, os bens, o emprego... Complicado? S. João Batista, cuja festa hoje celebramos, deixou-nos um lema de vida:
"É preciso que eu diminua para que Ele cresça" (Jo 3, 30)
Por isso celebramos o seu nascimento no solstício do verão, quando os dias começam a diminuir - e o nascimento de Jesus no solstício do inverno, quando os dias começam a crescer...
No domingo dia 26 à noite, ao chegarmos do grupo de oração, encontrámos o Niall sentado diante do televisor, muito feliz. Ele costuma ficar em casa a cuidar dos mais pequeninos, enquanto o Francisco, a Clarinha e eu vamos rezar.
- Venham ver! Está a dar um programa de celebração dos 60 anos do Festival da Eurovisão!
- Do quê? - Perguntaram eles.
O Niall e eu trocámos um olhar cúmplice. Somos do tempo em que a televisão congregava as famílias em torno de um único programa, e em que o país inteiro parava para assistir em direto ao Festival da Eurovisão da Canção.
- Lembras-te do Johnny Logan? - Perguntou-me o Niall. - Ganhou por duas vezes. Era irlandês!
- Claro que me lembro! "Hold me now!" Cantámos esta música até à exaustão, no recreio da escola! E pensar que um dia havia de casar com um irlandês! Lembras-te da música do Carlos Paião: "Hei, Playback"? Nós adorámos aquela música, Portugal inteiro a cantava, mas ficou em último lugar. Foi cá um choque coletivo!
- Lembro-me, claro. Nós na Irlanda rimos à gargalhada da vossa música! Achámos muito divertida, mas um pouco tonta.
- Ora!
De repente, calámo-nos, de olhos fixos no televisor. Em palco entrava Nicole, trinta e três anos mais velha que a jovenzinha de dezoito anos, daquele longínquo serão de 1982. Visivelmente emocionada, cantou "A Little Peace", a segunda canção mais bem sucedida de todos os anos do Festival da Eurovisão. Enquanto o Niall e eu cantarolávamos a canção, acompanhando Nicole, o Francisco e a Clarinha olhavam espantados para nós.
- Quem não se lembra de "A Little Peace"? A Europa inteira cantava esta canção. - Explicou o Niall.
- E eu até a tocava na guitarra... Estou aqui a pensar, Niall, que naquela noite de 1982, tu e eu estávamos à mesma hora a escutar a mesma canção. É um bocadinho romântico, não te parece?
Rimo-nos todos. Mas a verdade nua e crua é mesmo essa...
Dizia o nosso pároco aos jovens crismados, no final da Eucaristia:
- Há três formas de encarar a vida: uma sucessão de acasos; o destino, onde tudo está pre-definido; ou então - e esta é a única forma digna de um cristão - como um chamamento, isto é, uma vocação.
Gosto de dizer aos meus filhos que o marido ou mulher que Deus sonhou para cada um deles - se os chamar ao matrimónio - já deve andar por aí a correr, a brincar, a ir à escola, a rezar... Na verdade, o acaso não existe, e ninguém tem o destino marcado, porque Deus nos fez livres.
Podemos enganar-nos? Claro! E se nos enganarmos, não estamos condenados à infelicidade. Pensemos no GPS que temos no carro: ele vai-nos indicando o caminho, mas se decidirmos ir por outra estrada, imediatamente refaz os seus cálculos e sugere nova rota que nos conduz ao mesmo destino. Também a voz de Deus dentro de nós nos vai conduzindo pelos caminhos que vamos escolhendo, para nos fazer chegar ao Céu. Nunca baixemos os braços perante um engano evidente no caminho: a Deus, nada é impossível!
Todos os dias rezamos em família para que os nossos filhos sejam capazes de reconhecer a voz do Senhor, quando Ele os chamar a um caminho específico, a uma vocação concreta. Rezamos para que tenham a audácia de responder "sim", por difícil que pareça, como difícil nos pareceu a nós construir uma família a partir da Irlanda e de Portugal. Disse Jesus:
"Aquele que entra pela porta é o pastor das ovelhas. A esse o porteiro abre e as ovelhas escutam a sua voz. E ele chama as suas ovelhas uma a uma pelos seus nomes e fá-las sair. Depois de tirar todas as que são suas, vai à frente delas, e as ovelhas seguem-no, porque reconhecem a sua voz." (Jo 10, 2-4)
E agora... Para os que foram jovens quando nós fomos - se quiserem recordar A Little Peace, aqui fica:
A catequista do David veio ter comigo no fim da missa de domingo passado:
- Viste o caderno do teu filho, no final da catequese?
- Não - confessei - Sábados não costumo ter tempo para espreitar cadernos... Mas porquê?
- Na catequese falámos de Maria. Falámos da generosidade de Maria, capaz de dizer "sim" ao Senhor sem reservas.
"Maria disse então: 'Eis a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua Palavra.' E o anjo deixou-a." (Lc 1, 38)
E a catequista continuou:
- Seguimos a evangelização que propuseste nos Mistérios da Fé (volume 3) sobre a Anunciação. Assim, fiz com eles a actividade que sugeres: tomar nota de três ocasiões em que cada um se sente chamado a dizer "sim". As respostas foram semelhantes: obediência aos pais ou ao professor, ir à catequese, ajudar os outros... Bem, agora espreita o caderno do teu filho.
Fui espreitar. Fiz o scanner da página para vos mostrar:
No dia 30 de Novembro, o Santo Padre inaugurou o Ano da Vida Consagrada. A entrega total a Deus, na vida religiosa ou no sacerdócio, não está fora de moda, pelo contrário! Nalguns países desenvolvidos no mundo, a tendência é exactamente para o crescimento desta resposta radical a Deus. A insatisfação crescente causada por tanto consumismo, a escravidão da moda e o relativismo moderno faz com que muitos se questionem sobre uma entrega maior da sua vida.
Num retiro que fiz no ano passado em Fátima, quando Vassula visitou Portugal (já falei de True Life in God aqui várias vezes), escutei um testemunho apaixonante de um jovem polaco. Não recordo o seu nome, mas nunca conseguirei esquecer a sua história!
Dizia ele que, a partir da adolescência, e durante toda a sua vida estudantil, descera cada vez mais baixo, praticando todos os pecados que puderem imaginar, consumindo drogas, etc. Um dia, na véspera de um exame, atordoado com a droga e completamente esgotado, fez uma coisa que não fazia há muito tempo: rezou. A sua oração foi apenas isto: "Ó Deus, se Tu existes, ajuda-me a passar neste exame." Depois ligou o computador, e sem saber como nem porquê, viu diante dele aberta uma mensagem lindíssima sobre o amor de Jesus por cada um de nós, no site True Life in God. Começou a ler, e começou a chorar, e decidiu explorar todo o site. Continuou a ler, e continuou a chorar, e quando chegou a madrugada, ainda estava a ler e a chorar. Deitou-se já de manhã, faltando ao exame, e adormeceu por algumas horas. Quando acordou, uma sensação diferente percorria o seu corpo: estava limpo de todas as drogas! Nessa tarde, voltou à universidade, mas não para fazer o exame: decidira mudar de curso e estudar teologia, para descobrir quem era Aquele que o libertara. Quando nos deu o seu testemunho, este jovem estava a um mês de ser ordenado sacerdote.
Só o Senhor chama, e quem somos nós para Lhe dizer onde e como chamar? Mas se Ele quiser vir à nossa casa buscar um sacerdote, tenhamos a porta aberta. À radicalidade da sua entrega por nós só podemos responder com radicalidade também! Ámen.
Há algum tempo atrás, o David falou-me no seu desejo de ser acólito. Disse-lhe que, quando quisesse, me informasse, para tratarmos disso.
E assim foi: no último domingo, durante a Festa da Palavra, o David segredou-me ao ouvido:
- Acho que no próximo domingo já posso ser acólito.
- Tens a certeza? - Perguntei-lhe, também ao ouvido.
- Tenho. Podes dizer ao senhor padre.
- No fim da missa, tu próprio lhe dizes - Respondi.
E no fim da missa, o David fez o seu pedido ao senhor padre. Poderia ele ser acólito?
- Claro, David! - Foi a resposta entusiástica. - Vamos já procurar uma túnica para ti... Acho que são todas muito grandes, mas talvez se dê um jeito! Entretanto, vamos ali falar com a Lena.
A Lena, mãe de uma Família de Caná, é catequista e é também responsável pela formação dos acólitos, fazendo com eles um trabalho excelente.
- Que alegria, David! Vamos já tratar de tudo - Sorriu a Lena.
Ontem, o David acordou muito feliz.
- É hoje que vou ser acólito, mãe?
- Sim, David. Estás preparado?
- Estou - Respondeu com simplicidade.
Ao chegarmos ao santuário, entreguei-o à Lena e aos outros acólitos. A Lena tratou logo de lhe arranjar uma "madrinha" para o orientar nos primeiros passos: a Beatriz, a filha mais velha da Isabel, de quem vos falei no sábado. O David conhece a Beatriz desde que nasceu, e com ela está à vontade!
Foi a Beatriz que lhe vestiu a túnica e que o ensinou a beijar o crucifixo:
Durante toda a eucaristia, o David esteve muito compenetrado no seu novo serviço:
Enquanto o observava, tão pequenino e tão sério, tão traquina e tão compenetrado, recordava-me do pequeno Samuel, que a sua mãe consagrara ao Senhor e que entregara no Santuário de Silo, para poder servir a Deus:
"O pequeno Samuel, cingido com uma faixa votiva de linho, exercia o seu ministério diante do Senhor. Sua mãe tecia-lhe uma túnica que lhe levava todos os anos, quando ia com seu marido oferecer o sacrifício anual." (1Sm 2, 18-19)
O David serviu como acólito pela primeira vez no Dia dos Seminários. Que à semelhança de Ana e de Elcana, pais de Samuel, também as famílias cristãs se alegrem com a oferta dos seus filhos ao Senhor!
E Tu, Senhor, digna-Te visitar a nossa casa e conceder-nos a honra de chamar os nossos filhos para Te seguirem! Ámen.
Entre os 124 mártires coreanos que o Papa Francisco acaba de beatificar, apenas um era sacerdote chinês. Os restantes 123 eram, portanto, leigos coreanos! O Papa Francisco não se cansou de exaltar a beleza, a dignidade e a grandeza desta vocação no seio da Igreja. Na verdade, foram os leigos que introduziram o cristianismo na Coreia e que permitiram o seu crescimento até hoje! Já várias vezes antes o Papa Francisco se referira ao papel dos leigos na Igreja:
"Mas os leigos têm uma potencialidade nem sempre bem aproveitada. Basta pensar que o Batismo pode ser suficiente para ir ao encontro das pessoas. Faz-me lembrar aquelas comunidades cristãs do Japão que ficaram sem sacerdotes durante mais de 200 anos. Quando os missionários voltaram, encontraram todos os fiéis batizados, catequizados, validamente casados pela Igreja. Além disso, vieram a saber que todos os que tinham morrido tiveram um funeral católico. A fé tinha permanecido intacta pelos dons da graça que alegraram a vida dos leigos, que só tinham recebido o Batismo e viveram a sua missão apostólica." (Papa Francisco - Conversas com Jorge Bergoglio, ed. Paulinas)
Como sei que a História é conduzida por Deus, não me surpreendo nada com a crise actual das vocações sacerdotais. Sei que nunca nos faltarão sacerdotes, pois Jesus prometeu estar connosco até ao fim dos tempos, e sem sacerdotes não há Eucaristia, ou seja, Jesus entre nós; mas sei também que, se não fosse a escassez de sacerdotes, os leigos não teriam arregaçado as mangas e lançado a mão ao arado!
Faz este mês sete anos que deixámos os arredores de Aveiro para virmos morar em Mogofores. Nessa altura andávamos cansados - O Tomás morrera há um ano, o David era bebé, a minha profissão de professora fazia-me cirandar de escola em escola. Antes de irmos pela primeira vez à missa aqui em Mogofores, o Niall sugeriu-me:
- Teresa, acho que estamos a precisar de umas "férias paroquiais", ou seja, acho que não nos devemos envolver já nesta nova paróquia. Por favor, não te ofereças já para trabalho nenhum! Vamo-nos dar um tempo e ganhar algumas raízes aqui primeiro, OK?
Prometi-lhe que sim.
No final da missa, dirigi-me ao sacerdote para lhe apresentar a minha família.
- Bem-vindos! - Respondeu-me o padre José Fernandes. - Vejo que têm três filhos... E vão frequentar a catequese?
- Sim, senhor padre. O Francisco acaba de fazer a primeira comunhão!
- Ah, que bom! O que nós precisávamos mesmo era de catequistas. Por acaso não estão interessados...?
- ... Bem... Acho que não...
- Que pena! É sempre assim. Quem pode não sabe, quem sabe não pode...
Respirei fundo:
- Está bem, senhor padre, seremos catequistas se assim deseja!
- Ótimo. Para a semana teremos a nossa primeira reunião. E por acaso sabem tocar algum instrumento, cantar...? O nosso coro está tão fraquinho!
Respirei fundo novamente, e nem me atrevi a olhar para o Niall:
- Bem, senhor padre, eu estou habituada a conduzir coros infantis... Toco guitarra, canto, isso tudo!
- Fantástico! Então domingo conto já consigo aqui na condução do coro e da assembleia!
Quando saí da igreja olhei pela primeira vez para o Niall. Ele abanava a cabeça, mas tinha um sorriso nos lábios:
- Tu nunca ouves nada do que te digo, pois não?
E cá estamos hoje ainda, na catequese, no coro, no trabalho com as famílias, no grupo de oração, onde for necessário!
"Fazei tudo o que Ele vos disser" (Jo 2, 5) disse Maria aos serventes, nas Bodas de Caná...
Há alguns tempos atrás, uma leitora deste blogue contactou-nos no sentido de poder proporcionar um encontro entre a nossa família e um grupo de jovens minhotos em caminhada vocacional. Aceitámos o desafio e, no domingo, descobrimos o Monte Horeb.
A experiência Monte Horeb foi introduzida em Portugal pelos Irmãos de La Salle, em Barcelos. Durante um ano, os jovens adultos participantes são acompanhados de forma muito especial na descoberta da sua vocação. Para além de encontros mensais, fazem experiências de retiro e contactam com pessoas de diversas vocações, para melhor as conhecerem. Este ano, são sete os jovens em caminhada, e através da Paula, professora no Colégio de La Salle, tivémos o prazer de os conhecer.
Que grupo tão bonito! A sua alegria, simplicidade e verdade foram verdadeiramente contagiantes. Juntos, participámos na eucaristia paroquial, às 10h. A minha experiência de retiros tem-me ensinado que as pessoas mais pontuais são os que vêm de mais longe, e este domingo não foi excepção. Os nossos novos amigos minhotos chegaram à Eucaristia a tempo do ensaio de cânticos!
Depois, encontrámo-nos no parque das merendas para um alegre convívio, onde demos testemunho da nossa vocação familiar e partilhámos o ideal das Famílias de Caná. O Francisco e a Clarinha também deram o seu testemunho de adolescentes cristãos, expressando a sua alegria e a sua fé. Para mim, mãe, foi bonito escutá-los a responder com tanta simplicidade às perguntas dos jovens!
Naturalmente que não faltou uma curta sessão de ilusionismo, que nos fez a todos rir até às lágrimas. No retiro, está desde já prometida uma sessão mais longa!
Por fim, terminámos o nosso encontro rezando juntos no Santuário. Cantámos, dançámos, louvámos o Senhor em voz alta, meditámos o terço. E Deus, que faz maravilhas quando Lhe abrimos o coração e lhe oferecemos o nosso tempo, recompensou-nos generosamente com a sua alegria e a sua paz!
Quando nos propusémos a escrever este blogue, deixámos registada a nossa vontade de partilhar com outros cristãos a alegria da fé e do amor de Jesus. E na verdade, tem sido muito bonito ver como Deus actua através deste nosso blogue para aproximar os seus filhos uns dos outros em oração sincera. Só Ele tem poder para agir assim nos corações!
Que este dia de oração e partilha dê frutos abundantes nestes jovens e seja também, para muitos outros jovens que nos lêem, um desafio à escuta sincera da voz do Senhor. Aliás, como Elias no monte Horeb, para onde o Senhor o desafiara a caminhar:
"Tendo chegado ao Horeb, Elias passou a noite numa caverna. (...) O Senhor disse-lhe então: «Sai e mantem-te neste monte; eis que o Senhor vai passar!» Nesse momento, passou por ali um vento impetuoso e violento, que fendia as montanhas e quebrava os rochedos; mas o Senhor não estava no vento. Depois do vento, tremeu a terra. Passou o tremor de terra e ateou-se um fogo; mas nem no fogo se encontrava o Senhor. Depois ouviu-se o murmúrio de uma brisa suave. Ao ouvi-lo, Elias cobriu o rosto com um manto, saiu e pôs-se à entrada da caverna." (1Rs 19, 9-13)
Que as palavras trocadas e os laços nascidos através deste blogue possam ser como o murmúrio de uma brisa suave, ecoando a voz do Senhor...
Ontem à tarde, a Lúcia e a Sara brincavam no jardim, muito amigas. A certa altura, a Lúcia trouxe-me a Sara pela mão:
- Mamã, a Sara fez cocó! Eu vi que tem a fralda suja!
- Já a vou mudar, Lúcia. Deixa-me só pôr este frango ao lume - respondi, continuando a cozinhar.
Passados uns dois minutos, dirigi-me para o meu quarto, mesmo a tempo de evitar o pior: a Lúcia deitara a Sara sobre a minha cama - o que não é difícil, diga-se de passagem, pois sempre que pode, a Sara sobe para a minha cama - e, munida de toalhetes, preparava-se para lhe mudar a fralda sozinha! Os pais e as mães aí desse lado devem imaginar o que se ia seguir, não é verdade?
Elogiei a Lúcia e fiz de conta que ela me estava mesmo a ajudar. Entretanto, fomos conversando.
- Sabes, mamã, eu tenho muita prática! - Disse-me ela.
- Ai sim?
- Mudo todos os dias a fralda ao nenuco!
Depois de mudar a fralda da Sara, foram de novo brincar. A Lúcia sentou a Sara no baloiço e empurrou-a alegremente durante bastante tempo, cheia de alegria:
Neste domingo, escutamos no Evangelho:
"Eu sou o Bom Pastor. O Bom Pastor dá a sua vida pelas ovelhas." (Jo 10, 11)
E ainda:
"Ele chama as suas ovelhas uma a uma pelos seus nomes e fá-las sair." (Jo 10, 3)
No Domingo do Bom Pastor, celebramos o Dia de Oração pelas Vocações. Na verdade, o Bom Pastor quer que cada uma das suas "ovelhas" seja também pastora dos seus irmãos mais pequeninos, respondendo ao chamamento de Deus nas mais variadas vocações cristãs. E ninguém está dispensado desta tarefa! Ninguém é demasiado novo ou demasiado velho para ser pastor do seu irmão, conduzindo-o com jeitinho ao único Pastor, Jesus.
Quanto mais cedo aprendermos a cuidar do outro - do mano mais novo, do avô doente, do amigo diferente - mais cedo descobrimos a beleza dos prados verdes onde Jesus nos quer levar. Jesus deu a vida por nós, para que também nós pudéssemos descobrir a imensa alegria de dar a vida pelos nossos irmãos, cuidando dos pormenores das suas vidas com delicadeza e atenção.
Na sua mensagem para o dia de hoje, o Papa Francisco disse assim:
"A vocação é um fruto que amadurece no terreno bem cultivado do amor uns aos outros. Nenhuma vocação vive para si. (...) A vocação germina na terra boa do povo fiel, na experiência do amor fraterno."
Hoje é um bom dia para rezar pelos nossos filhos. Possam eles, pequenas ovelhinhas de Deus, reconhecer a voz do Pastor, quando Ele os chamar pelo nome e os enviar, numa vocação familiar, religiosa ou sacerdotal, missionária ou contemplativa. Nesse dia, Jesus fá-los-á sair pela Porta para os prados verdes do amor. Ámen!
E já agora... É hoje que se vão inscrever no retiro de famílias?...
- A minha casa do céu está quase pronta. Tenho feito tantas coisas boas!
- Bem, David, acho que tens colocado muitos tijolinhos na tua casa, mas espero que demore ainda bastante tempo a ficar pronta!
- Achas?
- Acho. Tens uma vida inteira para preparar a tua casinha. Tens ainda de descobrir o que Deus quer que tu faças para evangelizar. Se vais ser um pai, como o Dad, ou se vais ser padre, por exemplo. Seria giro se fosses padre!
- Padre como o senhor padre? Se calhar vou ser. Mas também é perigoso.
- Perigoso? Porquê?
- Porque os padres podem tornar-se papas, e eu não quero ser assim tão famoso!
(David cowboy)
O David até tem razão: com a falta de vocações, se ele se tornar padre tem grandes probabilidades de chegar a papa!...
Na nossa casa, conversamos abertamente sobre as diferentes vocações. E procuramos abrir portas para todas elas, para que os nossos filhos se sintam livres para escolher. Sobretudo, é preciso que eles aprendam a escutar, em oração, a voz de Deus, que nos chama com amor. Eles sabem que um dia, Deus falará, e um dia, eles terão mesmo de escolher. Como pais, teremos o maior prazer em oferecer a Deus os filhos que Ele quiser para o seu serviço. Que honra, se Deus quiser escolher na nossa casa um sacerdote! Que honra, se vier buscar uma religiosa! Disse Jesus:
"Todo aquele que tiver deixado casas, irmãos, irmãs, pai, mãe, filhos ou campos por causa do meu nome, receberá cem vezes mais e terá por herança a vida eterna." (Mt 19, 29)
Quem não deseja tamanha felicidade para os seus filhos? Não tenhamos medo: Deus nunca Se deixa vencer em generosidade! Se Ele quiser e vier buscar vocações de consagração a nossa casa, seja bendito. Se não quiser, seja bendito também...