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Somos uma família católica, abençoada com seis filhos na Terra e um no Céu. Procuramos viver a fé com simplicidade e generosidade. Queremos partilhar com outras famílias a alegria de sermos Igreja Doméstica na grande família da Igreja Católica.
João Paulo II declarou um dia que a Árvore de Zaqueu da Igreja é o sacramento da Confissão. O papa Francisco deu na semana passada o exemplo, durante uma celebração penitencial: levantando-se da Presidência, dirigiu-se a um confessionário e, de joelhos, confessou-se. Depois entrou noutro confessionário e preparou-se para oferecer aos irmãos o perdão de Jesus.
Empoleirados na nossa oliveira o melhor que pudémos, cantámos um cântico sobre Zaqueu (Lc 19, 1-10) e várias outras personagens dos evangelhos, que escrevi há algum tempo e que gostamos de cantar na nossa paróquia. Aqui fica o vídeo com a primeira estrofe e o refrão. Deixo também a letra do cântico completo, para poderem aprender e cantar connosco!
CONVERSÃO
Lá Ré Mi Lá Ré
DESCE DEPRESSA! HOJE VOU FICAR EM TUA CASA!
Mi Lá
TAMBÉM PARA TI CHEGOU A SALVAÇÃO! (Lc 19, 5.9)
Lá Ré Mi Lá
1 – Eu ouvi dizer que ias passar
Ré Mi Lá
E fui a correr p’ra ver-Te chegar
Fá#m Sim Mi
Pensava esconder-me no meio da multidão
Lá Fá#m Sim Mi
Mas Tu me chamaste, tocaste o meu coração! (Lc 19, 1-10)
2 – Vieste chamar quem é pecador
Vem pois ao meu lar falar-me de amor.
No Reino de Deus também eu quero entrar!
Dá-me o Teu perdão, ajuda-me a não pecar! (Lc 5, 29-32)
3 – Queria Te ver e encontrei-Te aqui
O meu coração tem sede de Ti
Eu quero chorar o meu pecado, Senhor!
Teus pés vou lavar com lágrimas de amor! (Lc 7, 36-50)
4 – Lembra-Te de mim, ó meu bom Jesus
Quando regressares na glória e na luz
Do mais fundo abismo, Senhor, peço perdão!
E na Tua cruz encontro a salvação! (Lc 23, 40-43)
Há uns meses, um aluno meu teve um gesto muito feio: aproveitando um momento de distracção, em que me dirigi à porta da sala para falar com um pai de uma aluna, foi discretamente à minha secretária e retirou o teste por corrigir de um colega de turma, do cimo da pilha de testes que lá encontrou, rasgou-o e voltou para o seu lugar. Nem o meu pânico ao julgar ter perdido um teste, nem o pânico do colega que ficou sem ele, foram suficientes para que se acusasse. Uma semana mais tarde, depois de alguma investigação, este meu aluno foi desmascarado e castigado. Como ele nunca me pediu desculpa e o castigo lhe foi atribuído pela directora de turma, nunca falei com ele sobre o assunto. E a frieza instalou-se entre nós.
Os meses foram passando. Este aluno, que já era mau estudante, tornou-se péssimo. Deixou de ter caderno diário e de prestar atenção às aulas e mostrava abertamente que não tinha qualquer interesse na disciplina. Preocupada, procurei soluções, em vão. Mas um dia em que me preparava para me confessar, ocorreu-me o óbvio: apesar de já ter o perdoado há muito tempo, nunca lho dissera! Adiei a minha confissão - não posso ir ter com Deus sem antes fazer as pazes com o irmão, disse Jesus (Mt 6, 14-15; 18, 35; 5, 23-24) - e, no dia seguinte, chamei o menino. Ele sentou-se na cadeira à minha frente e olhou-me com medo. Comecei:
- Tens pensado naquilo que fizeste?
- Desculpe, professora! - Foi a sua resposta imediata, quase ao mesmo tempo que eu formulava a pergunta.
- Já te desculpei há muito tempo - Disse-lhe, o mais carinhosamente que pude. - Que tal se agora começasses a trabalhar e a esforçar-te?
Ele sorriu, um sorriso aberto como eu não via há meses.
- Vou esforçar-me! - Prometeu.
E nesse mesmo dia, a sua atitude mudou. De repente, o meu aluno mostrou-se atento nas aulas, começou a fazer os trabalhos de casa e até apresentou trabalhos que não pedi. Os colegas admiraram-se com tanta mudança, mas eu entendi: o perdão abriu as portas fechadas do seu coração e da sua mente. O perdão ofereceu-lhe uma nova oportunidade para ser bom, para ser feliz.
Foi assim com Zaqueu (Lc 19, 1-10). Empoleirado naquela árvore, Zaqueu estava imobilizado pelo seu passado de pecado. De repente, veio Jesus, chamou-o pelo nome e fez-Se convidado para sua casa. Que alegria! O perdão de Jesus ofereceu a Zaqueu uma nova oportunidade para ser bom, para ser feliz. E naquele mesmo dia, a sua vida mudou.
Quando perdoamos os outros, abrimos-lhes portas para a felicidade.
Quando nos vamos confessar, nomeando um a um os nossos pecados, Deus abre-nos portas para a felicidade!
Eu perdoara ao meu aluno, mas não lho dissera. Enquanto ele não escutou as palavras de perdão da minha boca, o meu perdão não fez caminho nele.
Confessarmo-nos é darmos a Deus a oportunidade de nos dizer: "Sim, já te perdoei há muito tempo! Sim, já derramei por ti todo o meu sangue! Sim, desde o início do mundo que espero por ti!"
Enquanto não me disponho a escutar as palavras do sacerdote - "Vai em paz, os teus pecados estão perdoados!" - o perdão de Deus não faz caminho em mim...