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Tempo de família em época de natal

por Teresa Power, em 10.12.14

Cá em casa, a partir do início de Dezembro há uma actividade que é proibida: ir às compras em família. Acabaram-se as idas dos mais novos ao Continente no sábado de manhã, para ajudar o pai a encher o carrinho de arroz, massa, leite, iogurtes e carne: a partir de Dezembro, o pai faz isso sozinho.

Os nossos filhos vêem pouquíssima televisão - o Francisco e a Clarinha gostam de ver vídeos do seu interesse no computador, relacionados com os seus hobbies: magia, ginástica, música, ciência; os mais novos vêem meia hora de televisão ao sábado, depois do banho, quando passa o Jake e os Piratas. E é tudo! Assim, a única outra fonte de exposição que os Power junior têm ao consumismo desta época é o Continente. Mas mesmo essa me parece excessiva, quando procuramos preparar o Natal.

Não podemos falar de um Jesus pobre, humilde, sem lugar na hospedaria, quando à nossa volta reluzem as últimas novidades no universo dos brinquedos. E é complicado educar para a renúncia diante de tanta oferta! Para mim, adulta, uma simples ida às compras para encher a despensa cá de casa nesta época festiva é suficiente para perturbar o espírito de oração e de contemplação que tento cultivar. O que não fará às crianças!

Tenho uma amiga em Aveiro que me falou das filas intermináveis, no domingo passado, na variante, por causa dos acessos às grandes superfícies na zona industrial. Eu dei uma gargalhada: ah, o nosso domingo foi tão tranquilo, tão cheio dos louvores do Senhor!

O dia estava lindo, portanto, o Francisco, a Clarinha e o David foram de bicicleta, e nós fomos de carro, transportando as bicicletas dos mais novos. O destino era a Curia, que dista uns dois quilómetros da nossa casa:

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Na serenidade da floresta encontrámos um tapete vermelho outonal lindíssimo a cobrir o chão, junto do lago. Foi aí que fizemos o nosso piquenique. Tinhamos levado connosco uma caixa com deliciosas broinhas de Natal, que uma amiga muito querida nos oferecera na véspera. Ah, souberam tão bem!

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O Francisco desapareceu logo depois do lanche, montado na sua bicicleta. Encontrámo-lo mais tarde, empoleirado numa árvore...

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... e depois noutra...

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 ... e depois noutra e ainda noutra...

Os mais novos brincaram no parque e fizeram castelos de folhas de outono:

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O Livro de Neemias conta uma história magnífica: Neemias sentiu o chamamento do Senhor a regressar a Jerusalém e a reconstruir as muralhas da cidade, para que todo o povo pudesse regressar do longo exílio na Babilónia e voltar a viver de acordo com a sua fé. Diz Neemias:

 

"Estais a ver a triste situação em que nos encontramos: Jerusalém está em ruínas e as suas portas foram devoradas pelo fogo. Vamos! Temos que reconstruir as muralhas de Jerusalém!" (Nee 2, 17)

 

Dito e feito: as muralhas foram reconstruídas, e os belíssimos rituais judaicos renasceram no seu interior.

Hoje, muitas famílias cristãs estão numa situação muito semelhante à de Jerusalém antiga:  as muralhas sólidas dos grandes valores cristãos caíram por terra, e o inimigo atacou a cidade. É urgente reconstruir as muralhas, trabalhando os valores, recriando rituais, indo buscar o cimento aos sacramentos. Não permitamos que o inimigo se infiltre através das brechas do nosso instinto consumista, nesta época em que todo o nosso pensamento e todo o nosso coração se deveriam centrar apenas no Amor...

 

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publicado às 06:24


15 comentários

De Olívia a 10.12.2014 às 08:49

E tens toda a razão!
Cá em casa elas deixam de ir comigo ao supermercado no meio de Novembro... não é que andem sempre a pedir, mas acabam por só pensar em prendas, prendas, prendas... esta é uma boa técnica pois nos últimos dias estiveram a fazer a lista de presentes que gostavam de receber (3 ou 4 coisas) e estavam cheias de dificuldade, pois não se lembravam de muitas coisas que queriam ou precisavam, graças a Deus!
Existem tantas coisas belas gratuitas... tanto por onde passear, tantas tarefas importantes para fazermos nesta altura que as compras são mesmo a última coisa em que pensar...
Mas que é complicado lá isso é, contra mim falo já que tenho uma loja!
beijinhos

De Sónia a 10.12.2014 às 09:32

Os seus posts fazem-me sempre bem, fazem-me reflectir... obrigada!

Beijinhos

De gralha a 10.12.2014 às 10:18

A propósito deste post, posso encomendar um à Teresa? Acerca da dificuldade de viver o Advento com a avalanche comercial e mediática nesta altura. Não é um problema só das crianças, o ruído é tal que mesmo os adultos têm dificuldade em encontrar a paz para "preparar o Caminho". Só tenho vontade de esconder-me, fechar-me, maldizer este carnaval todo, o que acaba por ser contrário ao sentido do Advento.

De Adélia a 10.12.2014 às 10:38


Não posso estar mais de acordo do que estou com a Teresa e com a Gralha. Já gostei do Natal, mas agora não gosto nada. Já não tem nada a ver com o Menino Jesus de Belém e com o Jesus de Nazaré. Ah, não é bem assim, as pessoas quando compram e se juntam estão a celebrar o Natal que é o nascimento de Jesus e a celebração cristã é uma celebração universal, foi uma dádiva dos cristãos ao mundo. Universal pode ser, cristã não senhor e valores cristão poucos vejo. As famílias juntam-se, sim senhor e quantas zangas há no dia seguinte, às vezes, no próprio dia? São as preocupações com as prendas, com as ementas da Consoada e do dia de Natal, com as distribuições das crianças pelas famílias em que há divórcios, os ódios das sogras e dos genros, das noras e das sogras. Ah, porque a tua mãe prefere a mulher do teu irmão, eu sou sempre prejudicada, diz uma, mas ele diz tu é que não suportas a minha mãe. Não é que se viva isto directamente em nossa casa, mas as famílias cristãs vivem no meio do mundo e é aí que devem viver. Na família próxima, nos amigos, há divórcios, ódios de estimação, etc. etc. O Natal só piora isto tudo. Onde é que fica o amor do Natal? O Natal foi capturado pelo consumismo, pelo mundanismo, por valores pagãos, por tudo quanto é o oposto do que devia ser. Mesmo na minha família, em que, graças a Deus não há problemas de divórcios nem têm que se dividir as crianças pelas novas famílias, estou como a Gralha, só queria desaparecer e não ter de tratar das compras de Natal. Ah, mas vocês são contra isso. Mas, se não compramos, os cunhados e as cunhadas, ficam ofendidos, etc. E a comparação entre o preço das prendas? Ah, porque eu fartei-me de gastar dinheiro e eles deram uma mixuruquice. Teresa, onde fica o Natal?

De Teresa Power a 10.12.2014 às 11:03

Estou a ver que são muitos a pensar como eu... irei continuar a desenvolver esta ideia noutros posts então! Bj

De Alexandrina Andrade a 10.12.2014 às 13:53

Concordo com tudo o que diz. Eu só compro prendas para as minhas filhas e para um afilhado. Os tempos estão difíceis e há uns anos atrás, todos os meus irmãos, cunhados e cunhadas, combinámos não dar nada "material" a ninguém. Melhor mesmo é darmo-nos, que é bem mais difícil.

De Adélia a 10.12.2014 às 17:44

Também quisemos que as prendas fossem só para os mais pequenos, mas não conseguimos. Ficamos a braços com a dificuldade de que fala a Catarina Silva, mas com diferente resultado. Desistimos nós. Para não arranjarmos problemas na família, mais vale comprarmos as prendas e gastarmos dinheiro em coisas que até muitas vezes nem servem para nada e que fazia falta para outras coisas. O Natal que o comércio e o mundanismo arranjou só arranja problemas.

De Alexandrina Andrade a 11.12.2014 às 10:56

Eu sei que é muito difícil. Na minha família foi tudo pacífico, mas na do meu marido, sobretudo a mãe, torceu um pouco o nariz. Quando era criança não havia presentes e mesmo assim eu recordo esses natais com muita alegria.

De Adélia a 11.12.2014 às 14:16

Eu também recordo os meus Natais de criança com muita alegria e as poucas prendas eram muito mais apreciadas do que hoje. Tinham muito mais valor para todos, para quem dava e para quem recebia. Nós cedemos, como disse, afinal a harmonia familiar é mais importante do que teimar neste aspecto. O valor da harmonia familiar existe, mas o Natal em si mesmo é que deixou de corresponder, em grande medida, a valores cristãos.

De Alexandrina Andrade a 11.12.2014 às 14:38

É verdade, Adélia. Tenho uma colega de trabalho que também acha um desperdício as prendas, sobretudo porque às vezes não servem para nada e ficam arrumadas a um canto. Na família dela, os seus pais, irmã e cunhado (à exceção dos filhos e sobrinhos, claro) cada um só leva uma prenda que colocam num saco, fazem uns papelinhos que colocam noutro saco. Depois retiram uma prenda do saco e um papelinho do outro saco. É uma forma engraçada de dar presentes e unir a família e ao mesmo tempo de evitar o consumismo. Já na parte da família do marido, ela por mais que tentasse não conseguiu implantar esta ideia.

De Isabel silva a 10.12.2014 às 12:19

A propósito do tema, se tiver um tempinho dê uma espreitadela ao vídeo que lhe envio...

https://m.youtube.com/watch?v=uzjFEMmM0Xs

Isabel Silva

De Teresa Power a 10.12.2014 às 13:11

É realmente um vídeo muito bonito e directo ao essencial! Feito por uma igreja Mormon, é interessante... A unidade que só Jesus consegue criar! Bjs

De Catarina Silva a 10.12.2014 às 17:30

Ai Teresa, o tema que foi abordar...
Não imagina a minha dificuldade. Para as pessoas não católicas o Natal passa tão somente pelas prendas (muitas) e pelo farto manjar!
Como também não gostam de ter trabalho em juntar a família (sobretudo as crianças que desarrumam), ofereci-me eu para juntar a família , mas já que eu me voluntariava então o Natal teria de ser " á minha maneira". Quando lhes disse que não haveria presentes (somente para as crianças e poucos) e que queria iria à missa à meia noite, ficaram a olhar para mim como se tivesse enlouquecido . Quando os incentivei a acompanharem-me, tive receio que me quisessem internar.
Mas como, ou era assim ou então só faria o Natal para os meus filhos e marido, lá aceitaram (que remédio!) :)

De Olívia a 10.12.2014 às 22:01

Grande mulher!
Um abraço!
Olívia

De Teresa Power a 10.12.2014 às 22:24

Ora nem mais! Assim tenhamos todos coragem para anunciar ao mundo o verdadeiro sentido do Natal! bjs

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