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Somos uma família católica, abençoada com seis filhos na Terra e um no Céu. Procuramos viver a fé com simplicidade e generosidade. Queremos partilhar com outras famílias a alegria de sermos Igreja Doméstica na grande família da Igreja Católica.
A chuva cai desalmadamente do céu, como tem acontecido quase ininterruptamente nas duas últimas semanas. No jardim, apenas as galinhas esgravatam, felizes. Já pensámos até em vestir os fatos-de-banho para fazer natação no jardim, pois não sabemos de que outra forma podemos aproveitar o "lindo" relvado...
Mas é o último dia de Natal, e há que festejar! À mesa, acendemos as cinco velas da nossa "Coroa de Advento" e cantamos cânticos natalícios.
Durante a tarde, ao desmanchar e arrumar o Presépio e a Árvore de Jessé, recordamos as férias de Natal.
- Lembras-te do passeio de bicicleta que fizemos?
- Sim, David, e aquele jogo de bola?
- Ah, a mãe fez um castelo de legos comigo!
- E o pai levou-nos ao parque...
- Estava tanto sol!
Sorrio, enquanto escuto os meus filhos a conversar sobre tanta brincadeira. Férias significa muita coisa. E uma das mais importantes é, sem dúvida alguma, a brincadeira. Em férias, temos tempo para brincar juntos, pais e filhos, sem pressas, sem horários. Ah, com que sofreguidão nós aproveitámos aqueles dias bonitos de sol! Mal sabíamos que seriam os últimos durante longas semanas!
Brincámos na praia...
Brincámos no parque da Mealhada...
Brincámos no parque da Curia...
Brincámos no dia do Retiro, brincámos ao acordar e brincámos ao deitar. Quando chegou a chuva, brincámos em casa, pois então...
E não pensem que só brincamos com os mais novos! Vejam como o Niall e o Francisco têm passado os seus serões, desde que o Natal trouxe este lindo presente ao Francisco...
- Teresa, já reparaste no tempo que passamos a brincar? - Pergunta-me o Niall, feliz, depois de todos os enfeites de Natal arrumados e da sala aspirada. - Há quarenta e poucos anos que, mais do que tudo, brincamos... Brincámos em crianças, brincámos em jovens, os filhos vieram pouco depois e retomámos a brincadeira. E como ainda não deixámos de ter crianças em casa, ainda não deixámos de brincar!
- Tens razão!
- Para muitas pessoas, brincar é uma memória do passado, uma memória da sua infância ou da infância do seu filho, que entretanto cresceu. Há dezassete anos que temos crianças pequeninas... Ainda vai faltar algum tempo para que brincar com elas seja uma memória!
- Bem, o mais provável é que, ao deixarmos de brincar com os filhos, comecemos sem intervalo a brincar com os netos...
Retomamos a conversa já depois dos filhos estarem todos a dormir.
- Sabes, Niall, para brincar com os filhos, como tu dizes, é preciso algum esforço. A brincadeira de que tu falas não é a brincadeira infantilizada de muitos adultos, que ocupam os seus tempos livres à volta de si mesmos, deixando a família sentada diante do televisor. Tu falas de uma brincadeira diferente, a brincadeira de quem se esquece de si mesmo para dar alegria ao outro...
- Sim, claro que sim. A partir do momento em que temos uma família ao nosso cuidado, a nossa felicidade passa sempre por ela. Brincar com os filhos, ou proporcionar aos filhos momentos divertidos, é bem mais interessante do que deixar os filhos em casa para satisfazer os nossos interesses pessoais!
- Nem todos acham isso...
- Porque nunca experimentaram verdadeiramente esquecer-se de si. Como fez Maria, correndo a visitar Isabel.
- Sabes o que descobri outro dia? Descobri que o Antigo Testamento termina com uma frase muito sugestiva.
- Ai sim? E que frase é essa?
- Ora escuta:
"Fará com que o coração dos pais se aproxime dos filhos, e o coração dos filhos se aproxime dos seus pais..." (Ml 3, 24)
- E assim somos lançados no Novo Testamento, com Jesus. Não é bonito? Só Jesus pode fazer com que os corações dos pais e dos filhos se aproximem. Porque só Jesus pode dar sentido à nossa renúncia, à capacidade de nos esquecermos de nós para que o outro, o filho, se sinta amado.
- E o paradoxal é que é precisamente nesse esquecimento que encontramos a felicidade... Não te sentes plenamente feliz com tanta brincadeira, mesmo que com isso não tenhas tanto tempo para os teus hobbies pessoais?
- Se queres que seja sincera, nunca reparei numa contradição entre uma coisa e outra... Os meus hobbies pessoais passam cada vez mais pelo tempo de qualidade que passamos juntos. Acho que faz sentido: quando Deus repara no nosso esforço em renunciar ao nosso tempo livre para o dar à família, Ele também aumenta o prazer que encontramos neste tempo familiar, ao mesmo tempo que nos faz perder o interesse nos prazeres também bons, mas mais egoístas.
- Oh, de que maneira! Deus nunca Se deixa vencer em generosidade...
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