Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]



Tempos livres IV - A Clarinha e a ginástica

por Teresa Power, em 28.01.16

A Clarinha tem catorze anos e frequenta o nono ano. Desde pequenina que a Clarinha manifestava um talento especial para ginástica. Com cinco anos, e sem qualquer treino específico, a Clarinha fazia rodas, pinos, espargatas e muito mais. Depois, quando no segundo ciclo teve acesso ao desporto escolar, a Clarinha começou a ocupar as tardes livres de quarta-feira (e só as tardes livres de quarta-feira), no colégio, com ginástica artística. Desafiando-se e superando-se a si mesma continuamente, a Clarinha aprendeu a fazer coisas que, a mim, nem em sonhos me ocorriam. Fazer ginástica assim, sem qualquer outro objetivo senão o superar-se a si mesma e o divertir-se, aproveitando ao máximo as possibilidades que o seu corpo treinado lhe permitia, era para a Clarinha uma fonte de alegria e de força interiores.

Para terem uma ideia das coisas que ela aprendeu a fazer, (re)vejam estes doze segundos de flicks, durante um piquenique na Irlanda, há dois anos atrás:

 

Entretanto, o professor de ginástica da Clarinha saiu do colégio. A Clarinha ficou desolada, pois mais nenhum professor, no colégio, tinha conhecimentos para a fazer evoluir. 

Por outro lado, com o seu tablet a Clarinha tinha descoberto um outro tipo de ginástica que a encantava e a fazia sonhar: a rítmica. Na rítmica não se fazem mortais, nem flicks, nem barras, nem traves, mas dança-se com bolas, fitas, arcos, cordas, e fazem-se espargatas bem mais abertas que na artística.

Foi mais ou menos por esta altura que eu esbarrei com aquele cartaz, à entrada da minha escola: a dez minutos da nossa casa, iam pela primeira vez abrir aulas de ginástica rítmica. A Clarinha  podia concretizar o seu sonho. Peguei num papel e num lápis e rabisquei um número de telefone, e ali mesmo, antes de entrar para a minha aula, fiz o telefonema que lançou a Clarinha na ginástica rítmica.

Quando cheguei a casa, não consegui conter a minha alegria:

- Clarinha, acabo de te inscrever... Clarinha, vão abrir aulas de ginástica no velódromo! Vais poder concretizar o teu sonho!

A Clarinha saltou de alegria. Depois parou:

- Mas, mãe, como vais fazer para me levar e buscar? Tu sempre disseste que as nossas atividades devem ser na escola ou perto de casa, para estarmos independentes... Tens os manos para tomar conta... Vais conseguir?

A Clarinha conhecia as nossas prioridades. Sabia que a sua ginástica iria perturbar o nosso ritmo de vida e nos iria obrigar a algumas acrobacias de logística e tempo. Mas nesse dia, a Clarinha também ficou a saber que, para nós, cada filho é único, cada filho tem as suas características e necessidades próprias, e em nome da sua felicidade pessoal, podemos fazer cedências, abrir exceções, dar algumas cambalhotas e, talvez, fazer alguns mortais.

Durante os dois anos seguintes, a Clarinha teve treinos duas ou três vezes por semana, ao fim do dia, e obrigou-nos a vários ajustes no nosso tempo de família, sobretudo por causa da oração familiar. Como costume, contámos com a colaboração dos amigos, partilhando boleias para os treinos. E tudo se fez.

A dada altura, a treinadora pediu a nossa autorização para a Clarinha entrar em competição, juntamente com várias outras meninas. Depois de me certificar que não iria ter mais do que três treinos de hora e meia por semana, nem ocupar mais do que cinco sábados por ano, aceitei.

Mal sabia eu que, assinando a entrada da Clarinha para o mundo da competição - em que, descobri mais tarde, o objetivo número um deixa de ser a alegria do desporto, para ser o pódio - eu estava a assinar o fim do seu amor pela ginástica. Mas isso fica para amanhã... Por hoje, deixo-vos com o vídeo da sua penúltima competição, em Dezembro:

 

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 06:00


1 comentário

De Bruxa Mimi a 28.01.2016 às 08:15

Oh! Espero que o amor pela ginástica retorne, quando a mágoa criada pela competição se for...

Estava aqui a pensar em como gosto muito mais de ver os vídeos da Clarinha a fazer ginástica em casa, em família (adorei aquele em que está com a Lúcia, esta imitando-a), do que os das competições. Até como espetadora sinto a diferença!

Comentar post




subscrever feeds


livros escritos pela mãe

Os Mistérios da Fé
NOVO - Volume III

Volumes I e II



Pesquisa

Pesquisar no Blog  


Arquivos

  1. 2016
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2015
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2014
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2013
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D