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Ternura e disciplina q.b.

por Teresa Power, em 11.09.14

Cá em casa vemos muito pouca televisão, como já referi diversas vezes. O televisor está sempre desligado, pois já temos ruído que chegue na vida de todos os dias, e liga-se quando desejamos ver algum programa. Foi o que aconteceu nestas férias, no dia em que chegou a nossa encomenda da Amazon: para além de uma colecção de livros sobre os sacramentos, de Scott Hahn, que há muito desejava ter e que a todos recomendo vivamente, mandámos vir uma colecção de filmes das nossas memórias de adolescentes. É engraçado como os filmes que marcaram o Niall, na longínqua Irlanda, marcaram também a minha geração portuguesa!

Começámos por Home Alone (Sozinho em Casa). Lembrei-me várias vezes deste filme durante a nossa viagem apressada para a Irlanda, pois passei o tempo a contar os meus filhos. Apercebendo-se do meu gesto ao entrar no avião, uma hospedeira de ar sorriu-me e murmurou divertida: "Home Alone!" Foi quando decidimos encomendar o filme.

O Niall e eu divertimo-nos imenso não tanto com o filme, mas com as gargalhadas hilariantes do David, da Clarinha e do Francisco (os mais novos já estavam deitados) perante as diabruras do pequeno Kevin. Um serão delicioso!

No dia seguinte, ocorreu-me a ideia: que foi feito de Macaulay Culkin, o pequeno actor? Era na altura uma criança cheia de talento, viva, divertida, bonita, enfim, continha em si uma promessa de futuro... Não me recordo de ver o seu nome em nenhum outro filme! Uma rápida pesquisa no Google trouxe-me a resposta: Macaulay tornou-se milionário aos doze anos, aos quinze já era senhor do seu próprio dinheiro porque os pais se divorciaram e, depois de lutarem em tribunal pelo dinheiro do filho, perderam; alguns anos mais tarde, Macaulay encontrou refúgio no mundo da droga. Hoje, aos 34 anos, as imagens de Macaulay são reveladoras de uma vida desperdiçada...

 

Terá sido o dinheiro a causa da infelicidade de Macaulay? O divórcio dos pais? Nem um, nem outro conduzem fatalmente à morte da alma. Há gente muito rica que é profundamente feliz, e filhos de pais divorciados plenamente realizados. O que correu mal então para Macaulay? Na sua biografia, não se diz em ponto algum que os pais, ao se divorciarem, lutaram pelo filho; o que está escrito é que ambos lutaram pela fortuna do filho; e diz-se também que, a partir desse dia, o pai deixou de ver o filho...Aos quinze anos, Macaulay recebeu nas mãos uma fortuna, ao mesmo tempo que lhe roubavam brutalmente o bem a que ele tinha direito: o amor.

Um dos ingredientes do amor é a ternura, que Macaulay não teve; outro, é a disciplina, que também lhe faltou, pois só disciplinamos quem amamos. Quem não ama não se dá ao trabalho (porque a disciplina é muito trabalhosa), substituindo antes disciplina por violência ou negligência. Sem disciplina, nenhum adolescente aprende a gerir o seu dinheiro, os seus talentos e, por fim, a sua vida! Cabe-nos a nós, pais, orientar as suas escolhas, colocando setas no caminho, sinais de proibição, sinais de obrigatoriedade, sinais de velocidade aconselhada, sinais luminosos. Um dia, ser-nos-ão pedidas contas da forma como disciplinámos os nossos filhos e os orientámos na vida...

 

No início de mais um ano lectivo, penso muitas vezes se estou oa dar aos meus filhos aquilo a que eles têm direito: muito amor, com doses extra de ternura; e disciplina q.b., para que o caminho que vão trilhar seja caminho de felicidade. O resto virá por acréscimo...

 

Continuando a citar S. Paulo, que leio sempre com muito agrado:

 

"Filhos, obedecei a vossos pais, no Senhor, pois é isso que é justo. Honra teu pai e tua mãe, tal é o mandamento, com uma promessa: para que sejas feliz e gozes de longa vida sobre a terra. E vós, pais, não exaspereis os vossos filhos, mas criai-os com a educação e correcção que vêm do Senhor." (Ef 6, 1-4)

 

 

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publicado às 06:47


2 comentários

De Olívia a 11.09.2014 às 10:12

O que aqui escreves hoje toca-me profundamente, em primeiro lugar porque também já tinha ido ver o que aconteceu a alguns dos actores dos filmes da minha juventude e, vi tal como tu, que o abandono dos pais pode ter condicionado o futuro deste miúdo que tantas gargalhadas nos fez dar... em segundo porque o relatório sobre as crianças e jovens institucionalizados do ano passado mostra-nos um país onde a maioria das crianças que entraram em instituições têm mais de 14 anos o que é preocupante. A idade da adolescência é mesmo muito volátil, ao mínimo descuido dos pais tudo pode acontecer, e tens muita razão quando falas do amor que devemos dar, mas tens ainda mais razão na parte das regras e orientações de que nos cabe a nós pais dar aos nossos filhos e acima de tudo o facto de que nunca devemos desistir deles, da sua educação e da sua vida!
Olívia

De sara a 11.09.2014 às 19:37

Olá Teresa!
Hoje sublinho particularmente a frase: "Quem não ama não se dá ao trabalho (porque a disciplina é muito trabalhosa), substituindo antes disciplina por violência ou negligência."
Esta frase aplica-se tanto à nossa vida, a todas as nossas relações, a todos os nossos objetivos para os quais é tantas vezes precisa essa disciplina e até ao nosso trabalho- no amor que pomos naquilo que fazemos: quantas vezes não ouvimos as nossas colegas dizer: "É preciso fazer isso tudo, tu não tens mais nada que fazer?" quando damos por nós a preparar algo com um pouco mais de esmero...e quantas vezes quando os nossos filhos nos procuram por algum motivo e nós temos vontade de dizer "Agora não tenho tempo", mesmo sabendo que os perdemos um pouco de cada vez que dizemos isso...quem ama não é negligente, não é violento...quem ama dá-se ao trabalho.
Obrigado Teresa por me lembrar. Muito agradecida e que Deus vos abençoe.

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