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Um por todos e todos por um

por Teresa Power, em 18.03.15

- Hoje foi mesmo mau. Os meninos portaram-se mal, e por causa deles não pude ir brincar lá para fora. E o solinho brilhava tão bonito!

- É assim, António. Na escola, por causa de um, pagam todos. Comigo também costuma acontecer! Farto-me de ouvir sermões. E não sou eu que falo!

- E eu também, David!

- Espera lá, Lúcia - Interrompi - Tu costumas falar um bocadinho, não é verdade?

- Não!

Continuei a conduzir, e a escutar.

- É mesmo injusto! Perder um intervalo por causa dos outros! Tu fazes injustiças dessas, mamã?

- Faço, David. E fico sempre cheia de pena dos meninos que se portam bem, como tu. Mas às vezes tem de ser! O Francisco e a Clarinha já sofreram muitos castigos coletivos sem qualquer culpa, e estão aqui. Não pensem mais nisso! Estamos quase a chegar a casa e podem ir todos brincar no jardim.

- Ah, que bom ser primavera!

Enquanto os meninos saíam do carro em grande alegria para correr e brincar na relva, fiquei a pensar...

DSC01200.JPG

 "Por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, pelo que todos pecaram.

Se pelo pecado de um morreram todos, muito mais a graça de Deus, e o dom pela graça, que é de um só Homem, Jesus Cristo, abundou sobre muitos.

Pela desobediência de um só homem, muitos foram feitos pecadores; assim, pela obediência de um, muitos serão feitos justos.

Onde abundou o pecado, superabundou a graça." (Rm 5, 12-20)

 

A nossa consciência individualista moderna quer-nos fazer acreditar que o nosso pecado apenas a nós diz respeito. Esquecemo-nos de que o pecado, como o amor, é uma pedra lançada na água, provocando circulos concêntricos cada vez mais vastos... Não há pecado inocente; e sim, por um, todos pagam! A guerra que rebenta lá longe, o tsunami que mata nos confins da terra, a crise económica ao nosso lado, o sofrimento dos pobres e de tantos infelizes conhecidos e desconhecidos é nossa culpa também. Jesus não morreu na cruz apenas pelos grandes pecadores: morreu por mim, e a coroa de espinhos que carregou, e as feridas que empaparam de sangue a terra, foram causadas também por mim.

 

Mas se o pecado de um só causa tanto sofrimento no mundo, a santidade de um só também é capaz de santificar o mundo. Jesus, o Santo de Deus, já nos amou até ao fim. Unamos a Ele os nossos gestos de amor, para que ninguém tenha de "ficar de castigo" por nossa causa, mas antes, por nossa causa, todos sejam salvos, em Jesus Cristo, Nosso Senhor. Ámen!

 

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publicado às 06:23


9 comentários

De Anónimo a 18.03.2015 às 10:11

Hum... Os outros exemplos eu compreendo, mas o tsunami? Que tem o tsunami haver com o pecado e como pode ser "nossa" culpa?

De Teresa Power a 18.03.2015 às 10:58

Esta questão é muito interessante! Tanto no Génesis como em S. Paulo se fala na relação íntima entre a Criação e o ser humano. S. Paulo diz inclusive: "Toda a Criação geme as dores de parto, aguardando a manifestação dos filhos de Deus" (Rm 8, 22). Não tenhamos dúvidas: o nosso pecado e o nosso amor tocam as estrelas... É um mistério imenso, na verdade! Para quem acredita na mensagem de Nossa Senhora em Medjugorje: "A vossa oração e o vosso jejum têm o poder de fazer parar as guerras e inclusive impedir as catástrofes naturais." Eu acredito que sim!

De Anónimo a 18.03.2015 às 11:15

Mas se eu acreditar que os tsunamis, os tremores de terra, os acidentes de todo o tipo, as doenças são culpa do nosso pecado, então passo a ter de acreditar num Deus vingativo que castiga pelo mal que se faz. Esse é o Deus das pragas do Egipto, não é o Deus da misericórdia e o Deus que mandou o maná. Nós, aos nosso filhos, quando eles fazem mal não os castigamos com doenças. Pelo contrário, quantos pais e mães de criminosos, de drogados, mesmo que tenham culpa da sua doença não os apoiam? Eu acho que pais a sério procuram apoiar os filhos. Deus não é pior Pai do que os pais humanos. Não compreendo, Teresa.

De Teresa Power a 18.03.2015 às 12:12

Oh, não, nunca falei em castigo!!! Claro que não se trata de castigo, apenas de consequências naturais. A ecologia e os problemas ecológicos mostram-nos isso de uma forma muito concreta, não é? E do mal, Deus sempre tira o bem, diz também S. Paulo aos romanos, pelo que até o tsunami pode acontecer, em última instância, para glória de Deus. Não falemos em termos de castigo, porque isso não é Deus! A palavra castigo utilizada no post surge na linguagem escolar e infantil, e a adaptação que eu lhe fiz vai muito para além de tudo isso, daí as aspas. Desculpem se não fui clara!

De Anónimo a 18.03.2015 às 22:20

Obrigado. Agora percebi a sua ideia. Na minha opinião, o post não estava claro, como também se viu pelo anónimo das 10:11 que, tal como eu, não compreendeu. É uma questão que eu acho vital porque a ideia do Deus castigador e vingativo foi e, em parte, ainda é corrente. Mas Deus é Misericórdia. Não quer isto dizer que se abuse da paciência dEle, mas a natureza de Deus é amor.

De Teresa Power a 19.03.2015 às 10:40

A ideia da pedrinha atirada à água fazendo círculos concêntricos pretendia exatamente mostrar como não é Deus quem nos "castiga", somos nós uns aos outros. Nunca me passaria pela cabeça atribuir a Deus outros sentimentos que não o amor! Ainda bem que clarificámos este ponto então! Ab

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