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Somos uma família católica, abençoada com seis filhos na Terra e um no Céu. Procuramos viver a fé com simplicidade e generosidade. Queremos partilhar com outras famílias a alegria de sermos Igreja Doméstica na grande família da Igreja Católica.
Esta semana recebi uma notícia triste: uma família amiga teve de deixar a casa onde sempre viveu, a casa que construiu ao longo de décadas com amor e suor, porque o banco os expulsou de lá. É difícil imaginar a raiva, a revolta, a tristeza e a saudade. Mas os bancos são implacáveis e não sabem perdoar. Quem não paga tem de sair. Lei é lei.
Penso em quantos milhões de pessoas, neste exacto momento, vivem longe das suas casas, da sua terra e da sua família, porque não podiam pagar, porque a guerra os expulsou, porque precisam de trabalhar, porque precisam de viver.
Penso em Abraão. Às vezes, ao lermos a Bíblia, não damos o devido valor ao sentido das palavras. Este homem que olhava para o céu e contemplava as estrelas não teve uma vida encantada! A grande aventura da nossa fé judaico-cristã começou quando um homem já idoso partiu da sua casa, da sua terra e de tudo o que lhe oferecia segurança, em direcção ao desconhecido, guiado por uma voz que só ele ouvia. Que loucura! E que fé...
Ao ouvirmos o que aconteceu aos nossos amigos, o Niall e eu conversámos.
- Já pensaste que dentro de alguns anos, vá lá, no máximo cinquenta anos, teremos também de deixar esta nossa casinha?
- Não teremos de andar mais de gatas a apanhar peças de lego debaixo dos sofás!
- Nem teremos de nos ajoelhar na lama do galinheiro para apanhar os ovos que as galinhas insistem em pôr debaixo da casota!
- Nem teremos de pôr a funcionar duas máquinas da louça e duas máquinas da roupa por dia!
- Nem teremos de nos preocupar com a humidade das paredes, o jardim inundado, as fechaduras partidas, a relva estragada!
Começámos a rir. É libertador pensar que a nossa casa definitiva não é aqui na terra! É libertador encontrar alguma esperança na tristeza dos nossos amigos e de tantos outros sem casa pelo mundo inteiro. Porque S. Paulo escreveu assim:
"Sabemos que, ao se desfazer a tenda que habitamos - a nossa casa terrestre - teremos nos céus uma casa preparada por Deus e não por mãos humanas, uma casa eterna." (2Cor 5, 1)
A nossa "casa" no céu tem uma grande vantagem: ela foi preparada por Deus para cada um de nós, e foi-nos oferecida de graça! Nós nunca teremos "dinheiro" suficiente para a comprar, mas Deus não é um banqueiro implacável, que nos retira os bens se não pagarmos. E porquê? Porque Jesus já pagou a nossa dívida! S. Paulo escreveu longamente sobre a diferença entre lei e graça, entre os "banqueiros implacáveis" e o Deus de amor. Leiam a Carta aos Romanos, essa magnífica obra de arte cristã! A cruz conquistou-nos o céu. A nossa "casa" está paga antes ainda de nela habitarmos! Jesus prometeu aos seus amigos:
"Na casa de meu Pai há muitas moradas. Quando Eu tiver ido e vos tiver preparado um lugar, voltarei novamente e levar-vos-ei Comigo." (Jo 14, 2-3)
Graças ao sangue de Jesus, todo o nosso sofrimento presente ganha sentido. Há um final feliz para a vida de cada um de nós! Trabalhemos então para embelezar a nossa casinha do céu (já falei dela também aqui), muito mais segura e importante que a nossa casinha da terra...