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Somos uma família católica, abençoada com seis filhos na Terra e um no Céu. Procuramos viver a fé com simplicidade e generosidade. Queremos partilhar com outras famílias a alegria de sermos Igreja Doméstica na grande família da Igreja Católica.
Todos os verões, e com excepção dos curtos quinze dias de férias do Niall, faço praia sozinha com as crianças. Saímos de manhã cedo, percorremos trinta quilómetros de carro, e regressamos pela hora do almoço. Nalguns anos, estava grávida de fim de tempo, e portanto arrastava-me pelo areal com uma barriga bem redonda; noutros, levava no "pano" o bebé da barriga do ano anterior, pelo que continuava a arrastar-me pelo areal com uma "barriga" bem redonda. Assim, os outros meus filhos têm de colaborar, transportando as mochilas com as toalhas, o lanche, os brinquedos, o guarda-sol, as pranchas e, se necessário, levando um irmão às cavalitas. Eles nunca se queixaram, mas concordo que a "procissão" a atravessar o areal é sempre bastante caricata, sobretudo no regresso, quando os mais pequenos já fazem birra de sono e se recusam a caminhar. Foi certamente depois de um desses dias, no ano passado, que a minha mãe, bem longe da praia, escutou o seguinte comentário:
- Coitados dos seus netos! Contaram-me que todos os dias têm de atravessar o areal da Costa Nova bem carregados... E ainda têm de tomar conta dos irmãos! Coitados!
Quando soube disto, dei uma boa gargalhada: coitados? Porque têm uma mãe que, com ou sem "barriga", quase todos os dias de férias os leva até à praia? Coitados porque, durante os dez minutos que leva a "montar o acampamento" e outros dez a "levantar o acampamento" e os cinco minutos que demora a percorrer o areal, precisam de ajudar? O Francisco e a Clarinha acharam imensa graça a este comentário e aproveitam-se bastante dele, na brincadeira, quando lhes peço para fazer alguma coisa:
- Coitados de nós, mãe!
O psicólogo italiano Andrea Fiorenza disse um dia numa entrevista (tenho um recorte de jornal com a entrevista mas não tenho a referência donde a tirei, peço desculpa):
"Atravessar dificuldades estimula a criança e ajuda-a a crescer. Oxalá o teu filho tenha alguma dificuldade em cada dia para enfrentar! E se a não tem, oferece-lhe tu uma diariamente."
Celebrámos no domingo a festa de S. Pedro e de S. Paulo, as duas colunas da Igreja. E que colunas! S. Paulo, o grande aventureiro de Deus, percorreu trinta mil quilómetros a pé, de cavalo, de carroça, de barco; foi assaltado, preso, chicoteado, perseguido. Tantas dificuldades! Leiam o capítulo 11 da segunda carta aos Coríntios, 23-28. Escreveu ele:
"De mil maneiras somos atribulados, mas não esmagados; confundidos, mas não desesperados; perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não derrotados. Trazemos sempre no nosso corpo a morte de Jesus, para que também a vida de Jesus seja manifesta no nosso corpo."(2Cor 4, 8-10)
Para um cristão, educar é formar santos. E os santos, meus senhores, precisam de uma forte coluna vertebral...