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Somos uma família católica, abençoada com seis filhos na Terra e um no Céu. Procuramos viver a fé com simplicidade e generosidade. Queremos partilhar com outras famílias a alegria de sermos Igreja Doméstica na grande família da Igreja Católica.
Um dia destes tive uma experiência de oração muito peculiar. Encontrava-me eu num dos locais onde costumo fazer oração, quando a meu lado se sentou uma senhora bastante irritante. Interrompia continuamente a minha oração com expressões de vaidade, chamando a atenção para o seu papel na sua paróquia, e repetindo uma das expressões que mais me incomodam, e que pelos vistos incomodam também o Papa Francisco (ver A Alegria do Evangelho, número 33): "Aqui fez-se sempre assim." "Vamos fazer assim porque é costume", etc.
Depois de algum tempo, comecei a sentir-me realmente irritada. Afinal, eu queria rezar, queria concentrar-me totalmente em Deus. E em vez disso, tinha de aguentar a presença e os comentários de quem me acompanhava, sem ter sido convidada. A minha oração corria o risco, achava eu, de perder o seu valor e a sua riqueza.
Foi então que me ocorreu... A presença daquela senhora era uma imensa graça que Deus me concedia! Nela, o Senhor oferecia-me uma oportunidade de rezar verdadeiramente, com uma oração feita de renúncia ao meu prazer e aos meus direitos, ou seja, uma oração feita de amor.
Decidi assim deixar de lutar para conseguir a união com Deus que desejava. Em vez disso, concentrei-me em lutar por O conseguir amar, no concreto da irmã que tanto me incomodava. E em vez de oferecer a Deus uma meditação profunda dos mistérios da minha fé, ofereci-lhe um ato profundo de amor. A minha oração foi mais ou menos assim:
- Jesus, ajuda-me a amar esta minha irmã, como Tu a amas. Jesus, ajuda-me a sorrir. Jesus, agora aceita a irritação que a sua voz causa em mim. Jesus, este comentário parece-me tão estúpido... Toma, ofereço-Te este pensamento indelicado que acabo de ter. Perdoa-me... Jesus, eu quero amar...
Saí dali com a certeza de que a minha oração tinha sido atendida, não pela sua riqueza, mas exatamente pela sua pobreza.
Eu gostaria de rezar sempre nas condições ideais... Gostaria ainda mais de trabalhar sempre nas condições ideais, de ter os alunos ideais e de ser para eles a professora ideal. Gostaria que os meus filhos frequentassem a escola ideal, e que nunca fossem injustiçados pelos professores ou prejudicados pelos colegas, e que só aprendessem o que lhes interessa. Gostaria de viver no sítio ideal e de ter vizinhos ideais. Gostaria de ser sempre saúde e de nunca me sentir esgotada. Gostaria de ter os filhos ideais e o marido ideal, e gostaria que os meus filhos e o meu marido tivessem em mim a mãe e a mulher ideal. Gostaria...
E que bem me traria tanto ideal, a mim ou aos meus? As Bem Aventuranças, esse programa de felicidade que Jesus nos ofereceu, parecem sugerir precisamente o contrário:
"Bem-aventurados os que têm um coração pobre, porque deles é o Reino dos Céus!
Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados!
Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a terra!
Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados!
Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia!
Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus!
Bem-aventurados os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus!
Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos Céus!
(Mt 5, 1-10)
É preciso aprender a encontrar a paz, o bem, a alegria, a esperança e a perfeição no meio do lamaçal...