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Somos uma família católica, abençoada com seis filhos na Terra e um no Céu. Procuramos viver a fé com simplicidade e generosidade. Queremos partilhar com outras famílias a alegria de sermos Igreja Doméstica na grande família da Igreja Católica.
Escrevi sobre a nossa visita às casas dos pastorinhos no post Via-Sacra com piquenique II. Aqui fica a continuação do nosso dia de retiro familiar.
Entrámos em Fátima pela Rotunda Sul, para podermos estacionar nos enormes parques por detrás da Igreja da Santíssima Trindade. A primavera também já chegara ali, e os meninos divertiram-se a brincar na relva, antes ainda de nos irmos confessar. E depois ficaram com fome... Assim, eram dez e meia da manhã, e os meus filhos já tinham comido quase todo o piquenique!
O único problema com esta fome toda foi termos sido forçados a uma visita a "Fátima City", isto é, aos cafés e às lojas que rodeiam o Santuário, à procura de comida. Os mais pequenos, naturalmente, não descansaram enquanto não lhes comprámos uns pequenos brinquedos. Até aí tudo bem. Mas a vendedora lembrou-se de ser simpática com tão numerosa família e ofereceu a cada um dos nossos filhos um postal musical, que entoava o Avé de Fátima sempre que se abria. Os mais velhos cederam os seus postais aos quatro mais novos, que ficaram assim com seis só para eles. Enfim, a simpatia da vendedora transformou a nossa viagem de regresso numa autêntica tortura musical...
Ao longo do dia, foram muitas as árvores onde subiram, rindo e desafiando-se uns aos outros:
Perto da casa dos pastorinhos está esta enorme árvore, onde muito provavelmente também eles gostavam de brincar! O Francisco subiu pelo tronco onde o David está a "fazer cavalinho" e empoleirou-se mesmo lá em cima.
- Acho que o Francisco, o pastorinho, também devia gostar de subir aqui - disse.
- Mas há cem anos, esta árvore devia ser muito pequenina! - Contestou o David.
Depois de mais um piquenique, lá pelas duas da tarde, começámos então a Via-Sacra. Na Rotunda Sul, ela está assinalada como "Caminho dos pastorinhos", pois foi recortada no caminho que todos os dias a Lúcia, a Jacinta e o Francisco faziam de suas casas até à Cova da Iria, onde Nossa Senhora apareceu. É um caminho pedestre, uma verdadeira explosão de cor e de luz na primavera.
- Nossa Senhora tem bom gosto - comentou o Niall - Ela sabe escolher os locais das suas aparições!
Trouxémos patins para o David e a Lúcia, uma bicicleta para o António e a cadeirinha de passeio para a Sara. Foi uma óptima ideia, pois evitou-nos ter de levar crianças ao colo ao fim de duas estações!
Escolhemos, para a nossa meditação, a Via-Sacra feita a partir das meditações de A Verdadeira Vida em Deus. Esta obra é um conjunto de revelações de Jesus a uma mística ortodoxa dos nossos tempos. Embora a Igreja ainda não se tenha pronunciado sobre estas revelações (que escapam ao âmbito católico, pois Vassula é ortodoxa), deu autorização aos fiéis católicos para as lerem se assim o desejarem. Nós aprendemos a escutar a voz de Jesus, que ressoa em toda a Bíblia, a partir destas meditações. Por isso, decidimos levá-las connosco.
- É chocante escutar Jesus a falar da sua Paixão e Morte - disse o Francisco, quando chegámos ao final.
- Nunca tinha pensado em todos estes pormenores - continuou a Clarinha. - Jesus diz-nos que nos ama tanto. E que sofreria de novo a paixão, se fosse preciso, por cada um de nós! Incrível!
Os nossos dois filhos mais velhos estiveram sempre muito pensativos...
A Via-Sacra termina na chamada Capela Húngara. Um final glorioso para um caminho tão belo!
No regresso, entre risos e canções, houve corridas nos campos e apanha de flores. Mas também algum cansaço e a necessária entreajuda entre irmãos, que isto de ser família não é só para os momentos fáceis!
- Voltamos outra vez? - Querem todos saber, quando acabamos a Via-Sacra e regressamos ao carro.
- Claro que sim!
Vamos voltar. A paz que se recebe em Fátima é naturalmente dom de Deus. A primavera, as flores, o sol, os caminhos bem cuidados, o asseio de todo o Santuário, as tonalidades claras, o branco e o azul celeste, a beleza das construções, a simplicidade e a pureza dos locais das aparições e dos vestígios do passado religioso, tudo nos prepara para acolher o dom de Deus.
Mas se o coração não estiver disponível, o dom não nos tocará. Se não nos tornarmos recipiente, Deus não será Torrente em nós. Assim dizia Jesus a Santa Catarina de Sena (uma mística católica que recebeu muitas revelações de Jesus na Idade Média):
"Faz-te recipiente, e Eu far-Me-ei torrente!"
É o trabalho da quaresma...
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