Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]
Somos uma família católica, abençoada com seis filhos na Terra e um no Céu. Procuramos viver a fé com simplicidade e generosidade. Queremos partilhar com outras famílias a alegria de sermos Igreja Doméstica na grande família da Igreja Católica.
Entre os 124 mártires coreanos que o Papa Francisco acaba de beatificar, apenas um era sacerdote chinês. Os restantes 123 eram, portanto, leigos coreanos! O Papa Francisco não se cansou de exaltar a beleza, a dignidade e a grandeza desta vocação no seio da Igreja. Na verdade, foram os leigos que introduziram o cristianismo na Coreia e que permitiram o seu crescimento até hoje! Já várias vezes antes o Papa Francisco se referira ao papel dos leigos na Igreja:
"Mas os leigos têm uma potencialidade nem sempre bem aproveitada. Basta pensar que o Batismo pode ser suficiente para ir ao encontro das pessoas. Faz-me lembrar aquelas comunidades cristãs do Japão que ficaram sem sacerdotes durante mais de 200 anos. Quando os missionários voltaram, encontraram todos os fiéis batizados, catequizados, validamente casados pela Igreja. Além disso, vieram a saber que todos os que tinham morrido tiveram um funeral católico. A fé tinha permanecido intacta pelos dons da graça que alegraram a vida dos leigos, que só tinham recebido o Batismo e viveram a sua missão apostólica." (Papa Francisco - Conversas com Jorge Bergoglio, ed. Paulinas)
Como sei que a História é conduzida por Deus, não me surpreendo nada com a crise actual das vocações sacerdotais. Sei que nunca nos faltarão sacerdotes, pois Jesus prometeu estar connosco até ao fim dos tempos, e sem sacerdotes não há Eucaristia, ou seja, Jesus entre nós; mas sei também que, se não fosse a escassez de sacerdotes, os leigos não teriam arregaçado as mangas e lançado a mão ao arado!
Faz este mês sete anos que deixámos os arredores de Aveiro para virmos morar em Mogofores. Nessa altura andávamos cansados - O Tomás morrera há um ano, o David era bebé, a minha profissão de professora fazia-me cirandar de escola em escola. Antes de irmos pela primeira vez à missa aqui em Mogofores, o Niall sugeriu-me:
- Teresa, acho que estamos a precisar de umas "férias paroquiais", ou seja, acho que não nos devemos envolver já nesta nova paróquia. Por favor, não te ofereças já para trabalho nenhum! Vamo-nos dar um tempo e ganhar algumas raízes aqui primeiro, OK?
Prometi-lhe que sim.
No final da missa, dirigi-me ao sacerdote para lhe apresentar a minha família.
- Bem-vindos! - Respondeu-me o padre José Fernandes. - Vejo que têm três filhos... E vão frequentar a catequese?
- Sim, senhor padre. O Francisco acaba de fazer a primeira comunhão!
- Ah, que bom! O que nós precisávamos mesmo era de catequistas. Por acaso não estão interessados...?
- ... Bem... Acho que não...
- Que pena! É sempre assim. Quem pode não sabe, quem sabe não pode...
Respirei fundo:
- Está bem, senhor padre, seremos catequistas se assim deseja!
- Ótimo. Para a semana teremos a nossa primeira reunião. E por acaso sabem tocar algum instrumento, cantar...? O nosso coro está tão fraquinho!
Respirei fundo novamente, e nem me atrevi a olhar para o Niall:
- Bem, senhor padre, eu estou habituada a conduzir coros infantis... Toco guitarra, canto, isso tudo!
- Fantástico! Então domingo conto já consigo aqui na condução do coro e da assembleia!
Quando saí da igreja olhei pela primeira vez para o Niall. Ele abanava a cabeça, mas tinha um sorriso nos lábios:
- Tu nunca ouves nada do que te digo, pois não?
E cá estamos hoje ainda, na catequese, no coro, no trabalho com as famílias, no grupo de oração, onde for necessário!
"Fazei tudo o que Ele vos disser" (Jo 2, 5) disse Maria aos serventes, nas Bodas de Caná...